Reportagens são mais convincentes se incluem análises e dados. Ao mesmo tempo, uma forma eficaz de envolver o público ao apresentar dados digitais complexos é incluir histórias da vida real e histórias pessoais. Um grupo de especialistas de narrativas de dados discutiu esses dois conceitos durante a conferência "Data on Purpose" ("Dados de Propósito"), organizada pela Social Innovation Review na Universidade de Stanford.
Os palestrantes destacaram o fato de que há sempre uma história significativa escondida dentro dos dados e que uma narrativa poderosa vai muito além de infográficos e visualizações.
"Nós temos mais informações do que nunca e a abundância de dados que podem ser minados, entendidos e aproveitados é enorme", disse Jake Porway, fundador e diretor executivo da DataKind uma empresa que visa ligar os cientistas de dados com organizações de mudança social.
"Às vezes, a ferramenta (de visualização) não conta toda a história", disse ele. "É importante utilizar estatísticas seguras, o que significa saber o contexto em que os dados foram coletados e como analisá-los."
Aqui estão as principais lições do evento, segundo a IJNet:
Fazendo matérias de números
Com um maior acesso a documentos e bancos de dados, o desafio de fazer matérias de números se baseia também em fortes princípios narrativos: enredo, viradas e fim. De acordo com Cole Nussbaumer, fundadora do Storytelling With Data, as matérias que ressoam com a gente "contam histórias que uma simples planilha não consegue."
"Os princípios se baseiam em identificar quem é o seu público, o que você precisa que eles saibam ou façam e como os dados podem ajudar a sustentar o seu ponto", disse ela. Duas coisas que Cole recomenda como boas práticas em visualização de dados são escolher um visual apropriado, "mesmo que seja um texto simples", e eliminar a desordem, "livrar-se de gráficos ineficazes que não estão adicionando qualquer coisa para a matéria."
Cientistas descobriram que, da mesma forma que o pensamento primitivo rápido é impulsionado pela emoção, os indivíduos interagem de forma muito diferente em relação a uma tabela ou um gráfico; tendem a hierarquizar as informações de acordo com as cores, contraste e proximidade; e estão à procura de elementos visuais que são escaneáveis.
Para os jornalistas de dados e repórteres investigativos, estarem cientes dessas escolhas ajuda a tornar as narrativas mais coesas e legíveis.
Verificando documentos e dados
"Nós temos que questionar os dados da mesma maneira que entrevistamos uma pessoa", disse Cheryl Phillips, jornalista investigativa de dados e profissional Hearst em residência no Departamento de Comunicação da Stanford.
"Uma das coisas fundamentais para saber é que cada conjunto de dados tem seus problemas, quer se trate de uma fonte de governo ou sem fins lucrativos", disse ela. "Portanto, uma das primeiras tarefas a fazer é lidar com (esses problemas) e limpar os dados, antes de realmente começar a usá-los."
De acordo com Cheryl, os repórteres precisam "confiar na fonte, entender como recolhem os dados e descobrir se ajuda a refletir a precisão da história que estamos contando."
Ferramentas para reunir dados
Repórteres que somente usam motores de busca podem perder informações de banco de dados, conteúdo por trás de firewalls e telas de registro, bem como páginas dinâmicas geradas. Os especialistas recomendam pesquisar diretamente os conjuntos de dados em sites governamentais ou sites construídos por especialistas de dados ou outros jornalistas. Aqui estão alguns recursos úteis para mineração de dados:
Data Miner: Data Miner é uma extensão do Google Chrome que extrai dados de páginas da web diretamente para planilhas. Os recursos incluem a raspagem de dados a partir dos resultados paginados e download de todo um site com todas as imagens para o seu desktop.
The Right to Know Network: É um repositório para questões ambientais. Os bancos de dados incluem informação de estados e cidades sobre derrames de produtos químicos tóxicos, tratamento de resíduos, mineração e eliminação industrial de substâncias extremamente perigosas.
Digital Impact: Um novo recurso lançado pelo Digital Society Lab na Stanford, Digital Impact tem como objetivo reunir todos os dados que organizações da sociedade civil recolhem com base em três princípios: consentimento, privacidade e abertura.
"Nosso objetivo é usar os dados públicos para benefício público", disse Lucy Bernholz, pesquisadora sênior do Lab. "Seguindo os princípios da boa governação na recolha de dados, estamos falando para nossas organizações parceiras não recolherem o que não podem proteger". Embora o site ainda esteja em desenvolvimento, existem recursos úteis sobre licenças de bancos de dados e as práticas éticas de utilização de dados.
Entre recursos americanos para mineração de dados estão GAO Reports, auditorias federais e Guidestar.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via World Bank Photo Collection
Imagem secundária por Jenny Manrique