Desafios da liberdade de imprensa em 2010 moldados pela tecnologia

por Dana Liebelson
Oct 30, 2018 em Jornalismo básico

Regimes autoritários continuaram reprimindo jornalistas em 2010, e cada vez mais esses governos viraram a sua atenção para a restrição das mídias sociais e outras formas novas de censura destinadas à era digital.

De acordo com o relatório da Freedom House divulgado na segunda-feira, apenas uma em seis pessoas no mundo tinha acesso no ano passado a uma imprensa livre e independente, o nível mais baixo na última década.

O aumento por parte dos governos sobre as novas mídias se deve parcialmente aos baixos níveis de liberdade de imprensa em 2010. Outros foram atores não estatais - como o crime organizado estabelecido na América Latina- regulamentações restritivas por parte dos governos, violência e a falta de uma diversidade midiática.

“Novas tecnologias não deveriam significar novas formas de censura. Infelizmente isso é o que estamos vendo,” disse Frank LaRue, que trabalha em assuntos de liberdade de imprensa para a Organização das Nações Unidas na Guatemala.

LaRue falou como integrante de um painel de defensores da liberdade de imprensa discutindo a atuação da mídia digital em promover uma imprensa livre, na segunda feira no Newseum em Washington, D.C., como parte dos eventos do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Apesar dos ataques contra a liberdade de imprensa, os autores do relatório da Freedom House também apontaram os movimentos de protestos no norte da África e no Oriente Médio como um sinal de que a tecnologia pode mudar o ambiente midiático para melhor.

“A Internet fornece um espaço livre em ambientes de opressão,” disse Karine Karlekar, uma das autoras do relatório.

Os panelistas sublinharam inúmeras vezes que a proteção à liberdade de imprensa possui a mesma importância fundamental tanto na imprensa digital quanto na chamada imprensa antiga – e que governos que reprimem nas redes sociais e blogs devem ser igualmente responsabilizados.

Apesar do tema do evento ser a era digital, ênfase também foi dada no apoio a liberdade à imprensa tradicional em países que ainda não há acesso as novas tecnologias.

“O acesso ao computador ainda é elitista e ilusório em grande parte da África e a imprensa escrita cresce. Não podemos promover o novo à custa do antigo,” disse Gwen Lister do Media Institute of South Africa.

Outros argumentaram que os relatórios sobre liberdade de imprensa devem se adequar à nova realidade criada pela mídia digital.

Eric Newton do John S. and James L. Knight Foundation disse que os relatórios de liberdade de imprensa no futuro deveriam levar à capacidade digital em consideração, assim como a quantidade de telefones celulares em cada país.

“Se a caneta é mais poderosa do que a espada, imaginem o que o telefone celular pode fazer,” disse Newton.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) organiza as comemorações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa para celebrar os princípios fundamentais da liberdade de imprensa; defender a imprensa dos ataques à sua independência e pagar tributo aos jornalistas que perderam suas vidas no cumprimento do dever. Para maiores informações sobre a conferência global de 2011 do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Washington, D.C., acesse www.wpfd2011.org (em inglês).