O artigo seguir foi extraído do relatório “Lies, Damn Lies and Viral Content: How News Websites Spread (and Debunk) Online Rumors, Unverified Claims and Misinformation", escrito por Craig Silverman, bolsista do Centro Tow para Jornalismo Digital na Universidade de Columbia. Faça o download do relatório completo aqui (em inglês).
Pedi a jornalistas e céticos por conselhos sobre como os jornalistas podem ser mais eficazes em expor uma desinformação. Abaixo está um resumo do que eles falaram, organizado por temas-chave.
Desmascare uma ideia, não a pessoa
"Muitas pessoas são propensas a usar o sarcasmo ou humor para fazer pouco de crenças ou crentes, mas eu acho que há boas evidências de que isso pode ser contraproducente. Eu acho que é importante que as pessoas saibam que não tem problema estar errado, todo mundo está errado de vez em quando. Também é importante explicar como algo que parece ser verdadeiro, na verdade, é falso, e não só dizer: "Isso é errado". Tim Farley, analista de segurança de computador, desenvolvedor de software e autor do blog Skeptical Software Tools.
Olhe antes de se juntar à onda
"O maior erro que as pessoas podem fazer quando cobrem este tipo de [história viral] é que veículos de notícias online muitas vezes embarcam na onda de uma notícia extremamente viral quando não está claro para todos os envolvidos se a notícia é de fato verdadeira ou não. O ambiente econômico incentiva esse comportamento. Cada vez que uma notícia viral, muito quente e atrativa chega na minha mesa, meu editor sempre pergunta: 'Você tem certeza que isso é verdade?' Nós realmente tentamos questionar e ser muito cínicos e céticos sobre histórias virais" --Caitlin Dewey, repórter do The Intersect do Washington Post.
"Quando você suspeita que uma história é falsa, olhe para os fatos. Algum nome foi mencionado? Tem fotos da cena ou pessoas envolvidas? Existe algum lugar ou tempo específico citado? Se houver, pesquise. Se não houver, é provavelmente falso. Se encontrar um nome em uma história que você suspeita ser falsa, sempre [tente] entrar em contato com a pessoa" --Jack Werner, editor da mídia social do Metro Sweden.
Lembre-se dos desafios cognitivos
"Cuidado com o efeito 'tiro pela culatra'. Conheça seus leitores e tente enquadrar a informação de uma forma que não fique em conflito com a identidade ou autoimagem deles (seja política, religiosa, cultural, etc)" -- Tim Farley.
"Infelizmente, eu acho que um apelo ao lado emocional é mais eficaz do que uma explicação racional fria. Nós evoluímos em sistemas mentais fortemente emocionais para discernir a verdade e estes são mais facilmente seduzidos pelo poderoso testemunho pessoal do que por tabelas, gráficos, esboços, prazos ou qualquer uma das ferramentas baseadas na razão que usamos quando tentamos apelar para a inteligência de um leitor" -- Blake Smith, apresentador do podcast MonsterTalk, um produto da Skeptics Society.
Seja realista sobre o impacto
"Farsas e mitos não podem ser inteiramente desmascarados; não busque o triunfo total sobre qualquer falsidade única ou você vai ficar atolado na desmistificação de nicho repetitiva e recursiva. Publique uma página única ou tabela de fato, completamente citada; em seguida, faça um link a ela e siga em frente. Reconheça que, às vezes, um mito persistente é apenas parte integrante de uma cultura" -- Paulo Ordoverza, criador do @PicPedant, uma conta noTwitter que desmascara imagens falsas.
Pense sobre a apresentação e promoção
"[Os jornalistas têm que] considerar as suas próprias táticas virais. Você tem que combater fogo com fogo aqui " -- Alexis Madrigal, chefe de escritório de Silicon Valley e produtor-executivo do Fusion.
"Conte a história de uma forma transparente e extensa, sempre explicando como você descobriu a história, por que suspeita que não é verdade e quais métodos usou para apurar os fatos. Tente fazer com que a leitura seja fácil e capte o interesse do leitor" -- Jack Werner.
Esteja atento e faça uso de recursos de céticos
"Sempre busque o comentário cético de profissionais céticos publicados, experientes e conhecedores. Reconheça que há um conjunto significativo de literatura cética disponível para praticamente qualquer tópico 'inexplicável' ou pseudocientífico. Você apenas tem que pesquisar. As melhores fontes são o Committee for Skeptical Inquiry, a Fundação Educacional James Randi e a Skeptics Society" -- Benjamin Radford, vice-editor da revista Skeptical Inquirer.
Craig Silverman é o fundador do Emergent.info, um rastreador de boatos em tempo real, e um dos maiores especialistas em erros de mídia, precisão e verificação. Craig é o fundador e editor de Regret the Error, um blog sobre a precisão da mídia e a disciplina de verificação. Ele faz parte do Instituto Poynter para Estudos de Mídia, onde atua como docente adjunto. Craig editou o Verification Handbook a partir do Centro Europeu de Jornalismo, e ajudou a lançar OpenFile, uma startup de notícias locais canadense.
Imagem de hertzen no Flickr sob licença Creative Commons