Emojis, memes e gifs: você deve usá-los em mensagens diariamente, mas sabia que você também pode usá-los nas suas reportagens para melhorar o engajamento?
Essas novas formas de jornalismo visual podem ajudar a amplificar a verdade e alcançar audiências maiores em um ecossistema de mídia atual em que a informação falsa se prolifera muito facilmente.
"É muito fácil não dar importância a linguagens visuais se você não sabe muito sobre elas, porque olhando de fora elas parecem ser rasas. Na verdade, há muita complexidade, riqueza e criatividade", diz Paul Bradshaw, jornalista e blogueiro que comanda o programa de mestrado em jornalismo de dados da Universidade da Cidade de Birmingham.
Em uma sessão da Conferência Global Empowering the Truth do ICFJ, Bradshaw discutiu novas formas de os jornalistas usarem elementos visuais em suas reportagens e apresentou dicas e técnicas para aprimorá-las a fim de engajar os leitores. A seguir estão alguns dos pontos principais:
Emojis
Muitas pessoas usam emojis para se comunicar rapidamente ou quando palavras apenas não são tão efetivas. Eles podem ser usados literalmente ou para transmitir emoção, como avaliações – por exemplo, o "💯" – ou como um chamado para ação, como emojis de setas apontando para um link.
Por exemplo, o HuffPost UK usa emojis nas redes sociais e em notificações para indicar a natureza de uma matéria ou a emoção por trás delas, seja ela feliz ou triste. Essa tática permite que os leitores saibam de antemão sobre o que é a matéria e pode ajudar a atraí-los. Uma matéria sobre um filhotinho de cachorro, por exemplo, pode se beneficiar do emoji de um filhote ao ser promovida.
Bradshaw destacou o projeto de reportagem colaborativa Viral Facts Africa, que usa emojis e outras técnicas novas de jornalismo visual para combater a desinformação sobre a COVID-19 nas redes sociais.
Para melhorar a acessibilidade, considere usar apenas um ou dois emojis por vez. Isso porque leitores de tela (ferramenta que permite que pessoas com deficiência visual leiam textos online) leem a descrição de emoji por emoji quando identificam um. Consequentemente, é importante não sobrecarregar a mensagem com muitos deles de uma vez só. Garanta também que a descrição de leitura pré-configurada dos emojis corresponda à mensagem pretendida.
GIFs
GIFs, clipes curtos animados, são outra técnica viral de narrativa que pode turbinar o engajamento e lutar contra a desinformação online. Um estudo interno conduzido pelo Twitter identificou que tweets com GIFs recebem 55% mais engajamento do que aqueles sem o recurso.
Parecidos com as imagens em movimento nos jornais do universo de Harry Potter, Bradshaw observou que os GIFs podem ser usados nas redes sociais, reportagens, artigos de listas, dentre outros formatos. Para uma matéria interativa em formato de narrativa com rolagem de página sobre os exercícios militares da China próximo a Taiwan, o jornal local Birmingham Eastside, do Reino Unido, transformou uma série de capturas de tela de um mapa em um GIF para engajar de forma mais estratégica os usuários no Twitter.
Uma ferramenta gratuita de visualização de dados e narrativa disponível para jornalistas é a Flourish. Ela tem templates prontos para criar GIFs, como uma corrida de gráfico de barras que anima a mudança dos valores ao longo do tempo. A Flourish também tem uma opção para "criar uma história" ou um slideshow de gráficos. Eles podem ser gravados na tela e transformados em GIFs.
Memes
Memes, termo cunhado nos anos 1970, originalmente se referiam a ideias que se tornam difundidas ou populares. Hoje, eles geralmente se referem a fragmentos de conteúdo, muitas vezes visual, que são compartilhados e se espalham rapidamente online.
Os memes empregam tipicamente estruturas narrativas e têm sua própria gramática e regras. Bradshaw explicou: "quando você começa a entender isso, você pode começar a usar para contar histórias de um jeito muito contundente, sucinto e distinto."
Pessoas mal-intencionadas frequentemente usam memes para disseminar desinformação. Verificadores de fatos podem combater essas narrativas falsas usando as mesmas táticas, disse Bradshaw. A organização espanhola de verificação de fatos Maldito Bulo usou memes na cobertura das eleições regionais da Catalunha em 2017 no formato de checagens postadas diretamente nas redes sociais.
Hoje há uma variedade de catálogos e geradores de memes online. Por exemplo, usuários podem fazer memes ou pesquisar memes existentes no Cheezburger Meme Generator para ver quais são populares ou usados com frequência.
Conversão de texto em elemento visual
Transformar textos em visuais é outra tática que jornalistas podem usar para engajar melhor os leitores. Fazer isso pode converter elementos de uma matéria em conteúdo compartilhável que atrai uma audiência maior. Afinal, leitores processam elementos visuais mais rapidamente do que textos, observou Bradshaw.
Tornar aspas e dados importantes em conteúdo visual adequado para as redes sociais pode engajar os leitores que normalmente não acessam o site de um jornal. "Muitas dessas técnicas de narrativa visual provavelmente só existem nas redes sociais", disse Bradshaw, acrescentando que o Canva é uma ferramenta especialmente útil que muitos jornalistas usam.
Considere usar ilustrações também. A série da PBS “Blank on Blank” criou um conteúdo em vídeo adicionando ilustrações ao áudio de suas entrevistas. "É um exemplo do princípio de que se você tem um pouco de áudio, pode transformar isso em uma série de imagens", disse Bradshaw.
Disarming Disinformation é um projeto do ICFJ com financiamento da Scripps Howard Foundation, organização afiliada ao Scripps Howard Fund, que apoia os esforços beneficentes da The E.W. Scripps Company. O projeto de três anos vai empoderar jornalistas e estudantes de jornalismo para combater a desinformação no jornalismo.
Foto por Markus Winkler via Unsplash.