Como ter sucesso como jornalista freelancer

Jun 1, 2021 em Freelance
pessoa usando um computador

Melissa Noel é uma jornalista independente e premiada que cobre questões raciais, cultura e viagens nos Estados Unidos e no Caribe. Com mais de 10 anos de experiência escrevendo para publicações que vão de Huffington Post à NBC News, ela tem familiaridade com a construção de uma carreira freelance no jornalismo.

Recentemente, Melissa comandou o webinar do ICFJ "Como começar e ter sucesso com o jornalismo freelance", no qual ela compartilhou conselhos valiosos tanto para freelances experientes quanto para aqueles em início de carreira.

Descubra o seu "porquê"

Para freelances em início de carreira, saber por que você quer ser um jornalista é fundamental, diz Melissa. "Pra mim, era realmente sobre abrir caminho para a cobertura sobre a região do Caribe e a diáspora caribenha nos meios de comunicação dos Estados Unidos, uma vez que eu queria ver mais cobertura [da região] além de furacões e desastres naturais."

Com esse "porquê" em mente, Melissa certificou-se de sempre sugerir pautas focadas em tópicos com os quais ela estava familiarizada e voltadas para os assuntos nos quais ela queria investir — no caso, pautas sobre o Caribe. Isso incluiu sugerir pautas para veículos nacionais e internacionais e também para publicações comunitárias locais.

"Não importava o que era, mesmo se não fosse de um veículo grande, eu poderia fazer o trabalho. Se fosse uma matéria internacional, eu poderia localizá-la. Se fosse uma matéria local, qual era o viés internacional ou conexão com a comunidade?", ela conta.

Ao focar no seu "porquê" mesmo quando escrevia para pequenos veículos, Melissa pôde mostrar para veículos maiores que ela era capaz de trabalhar ao mesmo tempo em que ressaltava a experiência que tinha na sua área de foco. 

 

[Leia mais: Como viver do jornalismo freelance]

 

Pense em você como um negócio

À medida que um jornalista freelance progride na carreira, os aspectos financeiros de ganhar a vida com o jornalismo se tornam tão importantes quanto conseguir uma matéria assinada ou escrever para a sua publicação preferida. Para se manter financeiramente sustentável, Melissa sugere que os jornalistas pensem em si mesmos e em suas habilidades tanto como indivíduos quanto como um negócio.

Uma maneira de fazer isso como negócio é ver como você pode aplicar suas habilidades jornalísticas a funções adjacentes ao jornalismo. No caso de Melissa, isso foi desde dar aulas e cursos a prestar consultoria para o setor de viagem. "Isso me permitiu ter uma renda estável com a qual eu pudesse contar a cada quinze dias", diz. Assim ela garantiu a estabilidade financeira para se dedicar ao jornalismo.

"O que eu aprendi ao longo do caminho é que você precisa trabalhar de maneira inteligente, sentar e pensar sobre o quanto você quer ganhar, como você quer fazer isso e como quer atingir seus objetivos", ela acrescenta. Isso significou não só computar custos iniciais e com equipamentos, mas também pensar em como "escalar" os ganhos ao longo do tempo em direção a um nível desejado de renda.

Para Melissa, pensar e operar como um negócio também envolveu manter um calendário com datas comemorativas, eleições e outros eventos sobre os quais ela poderia garantidamente sugerir pautas. Isso permite a ela antecipar um certo número de reportagens publicadas dentro de um período de tempo.

Ao mesmo tempo, Melissa recomenda que jornalistas mais experientes considerem contratar um contador que possa ajudar a monitorar despesas e orientar sobre potenciais deduções de impostos.

Por fim, além de se candidatar para bolsas e subsídios para ter apoio em projetos jornalísticos de maior fôlego, Melissa criou sua própria empresa. Isso permitiu não só que ela se organizasse melhor, mas também que se candidatasse para financiamentos específicos para pessoas jurídicas.

 

[Leia mais: O desafio de cobrir temas raciais: uma conversa com John Eligon]

 

Reduzir a escala, mudar de rumo ou expandir?

Um jornalista freelance "precisa sempre estar melhorando e evoluindo", diz Melissa, através de workshops e cursos online, muitos dos quais foram disponibilizados gratuitamente ou com preços reduzidos durante a pandemia. Freelances também devem atualizar regularmente seus perfis em redes sociais e sites pessoais, certificando-se de enfatizar suas áreas de foco. "No meu caso, é 'raça, cultura e Caribe', então eu tenho bastante retorno [nas redes sociais]", afirma Melissa. "Promova o seu trabalho — faça isso frequentemente."

Saber quando reduzir a carga de trabalho é igualmente importante, como a pandemia da COVID-19 provou para muitos jornalistas, incluindo Melissa. "Se o ano passado me ensinou alguma coisa, foi que eu tive que aprender a dar uma guinada e usar minhas outras habilidades", conta. Com contratos cancelados por todas as partes devido à COVID, Melissa se voltou para outros trabalhos adjacentes ao jornalismo, como treinamentos, aulas e apresentação de eventos virtuais.

Ao investir em outros tipos de trabalho, jornalistas ainda podem aperfeiçoar suas habilidades e aprender sobre novos tópicos: uma forma de se prepararem para quando estiverem prontos para o jornalismo novamente. Isso pode significar encontrar um agente para sugerir pautas, um representante legal ou mesmo contratar alguém para ajudar no seu trabalho.

Tenha disciplina no trabalho e no autocuidado

Ao mesmo tempo, é importante estar consciente do burnout, que pode ser uma barreira real na carreira de um freelance. Pode ser fácil perder a paixão pelo trabalho — como aconteceu com muitos durante a pandemia de COVID-19. Melissa sugere algumas soluções simples, como separar seu local de trabalho do local onde você dorme ou configurar alarmes para te lembrar de sair do computador durante o trabalho.

Mesmo com essas técnicas, no entanto, o burnout pode atingir os jornalistas mais disciplinados. Para recuperar sua paixão pelo jornalismo durante a pandemia, Melissa disse que precisou redescobrir o seu "porquê". Ela conseguiu isso ensinando jornalismo para estudantes do Ensino Médio. "Eu me lembrei de porque estou fazendo isso acima de tudo, porque estou fazendo esse tipo de cobertura sobre o Caribe, [e] porque eu escolhi esse tipo de jornada", diz.

Como um último conselho, Melissa lembra aos freelances de manterem o ano que passou em perspectiva. "O que aconteceu com a indústria durante a pandemia foi sem precedentes. Dê a si mesmo misericórdia e tempo — é importante ser gentil consigo mesmo e dar um passo para trás", ela diz. "Lembre-se a si mesmo do seu "porquê" fazendo coisas que te fazem sentir bem. Pra mim, é trabalhar com os meus alunos do Ensino Médio, e pra você pode ser algo completamente diferente. Então volte-se para isso."


Devin Windelspecht é um jornalista freelance da Carolina do Norte. Seu trabalho vai desde coberturas sobre resolução de conflitos na Irlanda do Norte até hooliganismo no futebol da Sérvia, com foco em assuntos internacionais, movimentos sociais e mudança climática.

Foto por Vlada Karpovich no Pexels


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Devin Windelspecht

Devin Windelspecht é editor da Rede de Jornalistas Internacionais (IJNet). Antes de trabalhar na IJNet, ele era jornalista freelancer e cobria preservação e direitos humanos.