A mídia e organizações de verificação de fatos da Nigéria estão se preparando para combater a desinformação às vésperas da eleição presidencial no país, em 25 de fevereiro.
A Dubawa, uma das principais organizações de checagem de fatos do país, e com sedes em Gana, Serra Leoa e Libéria, na África Ocidental, está liderando essa tarefa.
Eu conversei com o editor da Dubawa, Kemi Busari, sobre os esforços de verificação de fatos do veículo e a colaboração com outras organizações que combatem a desinformação diante da eleição nacional no horizonte.
As eleições gerais da Nigéria estão se aproximando. Quais são os seus planos para lutar contra a desinformação em torno delas?
Busari: O trabalho da Dubawa com as eleições começou bem antes do período eleitoral. Nós dedicamos recursos para atividades antes, durante e após o dia das eleições para desmascarar informação falsa. Além do trabalho habitual de checagem de fatos antes das eleições, estamos produzindo muitas matérias de letramento de mídia e conteúdo explicativo, em diferentes línguas e formatos, para ajudar as pessoas a entender o processo eleitoral.
Nós treinamos mais de 100 jornalistas em verificação de fatos para as eleições e continuamos a dar apoio a redações por meio do nosso programa de bolsas.
Como vocês estão colaborando com a rede e as redações da Dubawa em Gana, Serra Leoa e Libéria?
Todas as equipes estão mobilizadas para a eleição. Nossos colegas dos países da África Ocidental já se juntaram ao processo. Com a proximidade das eleições na Libéria, Serra Leoa e Gana no ano que vem, eles vão tirar lições da Nigéria.
Nós não imaginamos que vá haver um corte da internet; caso isso aconteça, eles vão estar à disposição na rua para ajudar de alguma forma.
Como vocês vão usar as redes sociais no trabalho durante as eleições?
Quanto antes alguém desmentir algo, melhor para reduzir a disseminação de informação falsa. Nossa abordagem para os debates e o dia da eleição sempre foi fazer verificação de fatos ao vivo; isso não vai mudar dessa vez.
Estamos trabalhando com alguns parceiros e contamos com cerca de 100 observadores em campo para fornecer informação precisa e desmentir informações quando necessário. Tudo o que fizermos vai ser publicado em todas as nossas plataformas de redes sociais imediatamente.
Vocês planejam trabalhar com outras organizações de verificação de fatos da Nigéria?
Sim. Na verdade, estamos colaborando há cerca de um ano. Em 2022, as principais organizações de verificação de fatos da Nigéria se juntaram para formar a Coalizão de Verificadores de Fatos da Nigéria. Entendendo que todos nós lutamos contra o mesmo inimigo, a missão da coalizão é reunir recursos para combater informação falsa sobre as eleições.
Até o momento, os 12 membros da coalizão colaboraram para fazer a checagem de fatos ao vivo de todos os debates presidenciais feitos antes da eleição e de alguns debates de governadores. Planejamos montar duas estações de trabalho, uma em Lagos e outra em Abuja.
Se um partido político ou candidato publicar informação potencialmente enganosa nas redes sociais durante a eleição, quais medidas vocês vão tomar para verificar e, se necessário, desmentir a informação?
Em primeiro lugar, usamos os recursos disponíveis para determinar os fatos; depois entramos em contato com quem fez a afirmação e em seguida divulgamos o desmentido. Dependendo do tipo de mentira, os passos que damos para verificar podem incluir o contato com um juiz eleitoral se a informação falsa for sobre o processo eleitoral, contato com nossos observadores de campo se a alegação for sobre uma ocorrência ou apenas pesquisa documental se for conteúdo reciclado.
Muitas vezes, políticos e seus apoiadores não atendem aos apelos dos verificadores de fatos, então normalmente nós tentamos escalar a disseminação das nossas verificações para alcançar o maior número de pessoas possível. Por exemplo, ainda temos no Twitter algumas mentiras espalhadas por políticos nas eleições de 2019.
Quais desafios vocês enfrentaram durante as eleições ou desmentindo desinformação política nos últimos anos?
Normalmente, é difícil chegar até as partes interessadas nas eleições, por exemplo a Comissão Eleitoral Nacional Independente, a polícia ou o exército, mas desta vez eles nos garantiram que estarão disponíveis.
Também temos o problema constante de alcance. As pessoas consomem informações sobre as eleições com sentimentos, por isso é difícil fazer com que aceitem quando uma informação é desmentida. Esse é um dos motivos pelos quais a Coalizão de Verificadores de Fatos da Nigéria foi criada.
Qual seu conselho para outros verificadores de fatos nessas eleições?
A eleição de 2023 é muito crucial para o país, considerando a grande quantidade de desafios e peculiaridades dos candidatos. Especificamente, eu aconselharia os verificadores de fatos a não se deixarem ser usados como ferramentas nas mãos dos políticos; faça o trabalho minuciosamente e seja mais crítico do que nunca.
Foto por Salem Ochidi via Unsplash.