Como organizações de notícias podem manter o público móvel engajado

por Ingrid Cobben
Oct 30, 2018 em Diversos

Os dispositivos móveis se tornaram a plataforma digital No. 1, mas não é bem notícia que está sendo consumida. No entanto, as organizações de notícias precisam urgentemente de investir na tecnologia móvel porque é a plataforma preferida da próxima geração, segundo Paula Poindexter, professora de jornalismo na Universidade do Texas.

Os consumidores usam seus smartphones o tempo todo para tudo; de ouvir música a jogar jogos a tirar fotos e assim por diante. Competindo com todas essas outras funcionalidades, a notícia é realmente uma prioridade baixa, Paula disse: "Um editor não tem a atenção exclusiva de um consumidor a quem está tentando chegar."

Apesar do baixo interesse por notícias, é absolutamente crucial para as organizações de notícias investirem em móvel, porque é onde está a maior geração viva, Paula disse: "Smartphones são como uma extensão de sua mão."

Seu novo livro "News for a Mobile-First Consumer" (em tradução livre, "Notícia para o Consumidor Móvel-Primeiro"), que será lançado em breve, é baseado em duas pesquisas americanas e identifica três tipos de consumidores móveis: consumidores móveis-primeiro, que usam seus dispositivos móveis para tudo; especialistas móveis, que usam seus dispositivos móveis para um recurso específico, como a mídia social (19 por cento), pesquisa na internet (18 por cento), jogos (12 por cento), entretenimento (9 por cento), notícias (8 por cento) ou ecléticos (incluindo outros) (33 por cento); e retardatários móveis, que realmente usam seus dispositivos móveis para comunicação, sua finalidade original. Eles são mais propensos a se sentar e assistir as notícias na TV em um horário definido ou ler um jornal impresso.

Os retardatários móveis são, de longe, o maior grupo, mas o foco para organizações de notícias deve estar em usuários móveis-primeiro, de acordo com Paula. Os retardatários geralmente pertencem à geração mais velha, que vai diminuir.

Especialistas móveis buscando notícias são viciados em notícias e vão encontrar uma maneira de acessar a sua publicação de qualquer maneira. Mas os usuários móveis-primeiro, mesmo que sejam um grupo muito menor no momento, estão crescendo significativamente nos últimos anos, e essa tendência não deve mudar: estes são os futuros consumidores de notícias.

Categorizar os tipos de usuários permite que as organizações de notícias reconheçam que nem todos os usuários móveis são iguais, para pesquisá-los ainda mais, mas também para adaptar a narrativa móvel de acordo. "Você precisa criar várias versões de qualquer matéria, porque você está falando com públicos diferentes", disse Paula, que recomenda dar opções aos usuários: ler apenas as manchetes, um resumo, versões mais curtas ou mais longas.

Como alcançar usuários móveis-primeiro

Composta na maior parte pela geração do milênio, o grupo de móvel-primeiro adotou a tecnologia móvel virtualmente do dia para a noite e agora as organizações de notícias estão sofrendo para correr atrás, disse Paula.

"Em um momento em que as redes sociais estavam chegando até a geração do milênio, as organizações de notícias se desligaram dela, zombando dela, não incluindo-a na cobertura e criando estereótipos", disse ela.

Sentir-se excluída é uma das razões do desengajamento da geração do milênio, a geração mais diversa racialmente e etnicamente, Paula disse, comparando com a baixa participação no jornalismo de mulheres e minorias étnicas.

A geração do milênio é significativamente menos propensa a procurar ativamente notícias do que as gerações mais velhas; até cinco vezes mais propensa a estar nas redes sociais; e certamente não faz assinaturas digitais porque muitos acreditam que as notícias na internet devem ser gratuitas.

"Houve um pouco de arrogância ao pensar que, quando a geração ficar mais velha, vão se inscrever automaticamente para [acessar] um jornal, mas isso não está acontecendo", disse Paula.

O desafio é voltar a envolvê-los e antecipar a geração que vem em seguida. Paula experimentou se tornar móvel-primeiro ela mesma em primeira mão.

"Somente se você se transforma em alguém que só acessa a notícia no celular, realmente vai ser capaz de compreender", disse ela.

Igualmente importante, as organizações de notícias devem incluir a geração do milênio em sua cobertura de notícias sem reforçar estereótipos e incentivá-los a engajar ativamente com a notícia. Paula e sua filha da geração do milênio criaram uma página no Facebook com notícias com curadoria de fontes confiáveis ​​sobre o que a geração do milênio deve saber e o que é de interesse para eles ou sobre eles.

Uma das coisas que ela descobriu é que a geração do milênio presta muito mais atenção à notícia em períodos eleitorais. "Isso seria uma boa oportunidade para alcançá-los e se certificar de que estão incluídos na cobertura", disse ela.

Paula aborda várias outras maneiras de chegar aos consumidores móveis-primeiro em seu livro.

Explicando a apuração e produção de notícias para a geração do milênio

Como a presidente da Associação para a Educação em Jornalismo e Comunicação de Massa (AEJMC, em inglês) em 2013 a 2014, Paula também se engaja na literacia jornalística, explicando para a geração mais jovem como as notícias são produzidas e reportadas. Ela disse que faz sentido ir às escolas e aos seus pais para passar isso.

"É preciso reafirmar continuamente a importância de ser informado", disse ela.

Este post apareceu originalmente no blog do World Editors Forum e é republicado na IJNet com permissão. Ingrid Cobben e editora de mídia da World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-IFRA).

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Claudio Alvarado Solari