No clima do jornalismo de hoje, ser especialista em mídia social pode ser tão importante quanto a redação tradicional e conhecimento de reportagem -- se não mais ainda.
Mas com a natureza digital em constante evolução, os métodos de reportagem que mantinham leitores engajados mesmo dois anos atrás podem não funcionar mais, ou seja, os jornalistas devem sempre estar ligados na arena social.
Numa conferência de jornalismo organizada pelo GW Hatchet, três jornalistas que trabalham na mídia social e digital examinaram alguns dos principais temas e desafios que os repórteres de hoje enfrentam.
Use as redes sociais para storytelling
Um equívoco comum entre os jornalistas é que é impossível dar uma notícia completa através da mídia social. Embora o limite de 140 caracteres do Twitter possa parecer uma restrição impraticável, há vários jornalistas que mostraram que é possível que narrativas floresçam neste formato.
Um exemplo disso é a história de Jonathan O'Connell sobre a linha de metrô em Washington para o jornal Washington Post no início do ano. A história usou 24 tuites de passageiros de ônibus para tecer uma narrativa que "pintou um belo retrato da cidade e de seu povo", disse Wright Bryan da editoria de mídia social do NPR.
"Quando você olha para o Twitter, apenas parece que não há nada lá, porque é tão louco e espalhado", disse Bryan. "Mas esse cara realmente reuniu tudo e contou uma história incrível."
Libby Nelson, repórter de educação do Vox.com, concordou, dizendo que as restrições intimidantes no Twitter podem realmente promover a criatividade.
"Há limitações, mas em alguns aspectos as restrições são boas", disse ela. "Podem torná-lo mais criativo; podem fazer você pensar em maneiras de usar o que tem ou reorganizar o que tem. É o que você faz dentro dessas restrições."
Treine para um trabalho que não existe ainda
Como a mídia social e o jornalismo tornam-se cada vez mais interligados, o mundo dos papéis tradicionais na redação está sendo completamente transformado. O Vox, por exemplo, deu manchete no mês passado por criar posições de edição e produção com Snapchat, algo que teria sido inédito um ano atrás. O Vox em si nem mesmo tem dois anos de fundação.
Sabendo disso, como jornalistas aspirantes podem treinar para empregos que podem nem existir?
Nelson disse que, enquanto não há nenhuma maneira real para fazê-lo, a aprendizagem e a compreensão dos conceitos centrais de jornalismo de pensamento crítico, precisão e reportagem ética irão prepará-lo para qualquer trabalho.
"As habilidades básicas de realmente saber ler e analisar informações, ligar para alguém e fazer uma pergunta, dar sentido a informações que você recolheu de documentos e digeri-lo em algo que as pessoas querem ler -- isso não muda", ela disse.
Supere a ansiedade da platforma
Com a notícia continuando a migrar para plataformas sociais como Facebook e Twitter, muitos veículos têm experimentado a sensação de "ansiedade de plataforma", ou a sensação de ser inerentemente problemático a entrega do controle do conteúdo para essas plataformas sociais.
Para os jornalistas de vídeo como Brad Horn do Washington Post, há um sentimento de medo sobre o upload de vídeos diretamente no Facebook, porque o Facebook, em seguida, controla o conteúdo, ele explicou. A publicação de conteúdo no Facebook torna mais difícil para as organizações de notícias preservarem suas identidades essenciais, mas é muitas vezes a melhor saída para certificar-se de que o conteúdo consiga o público necessário para a organização sobreviver.
"Nós entendemos que é a melhor ferramenta de divulgar seu trabalho", disse ele. "Se você não colocar algo no Facebook, realmente não é visto, mas se você colocá-lo no Facebook, recebe centenas de milhares de pontos de vista automaticamente. Então cria ansiedade não apenas para o lado do negócio da organização, mas também para as pessoas na redação que querem que seu trabalho seja visto ou ouvido."
Não importa a forma do seu jornalismo, em última análise, Bryan disse que é essencial mostrar que você traz algo novo para a mesa com o seu trabalho -- especialmente se for em mídia social.
"Deixe mostrar na mídia social que você se preocupa com alguma coisa, quer seja saúde, cultura ou política", disse ele. "Seja aditivo para a conversa. Seja capaz de compreender a história, chegue à parte que importa e entregue de volta para essa conversa. Eu acho que o espaço social permite projetar quem você é e pode ser realmente útil quando você seguir em frente e buscar uma carreira."
Imagem sob licença CC no Flickr via magicatwork