Com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio programados para 2015, a comunidade de desenvolvimento internacional está pensando no que vem a seguir.
Os líderes mundiais decidiram sobre oito objetivos como parte de uma iniciativa das Nações Unidas em 2000. Os líderes concordaram que seus países iriam se esforçar para erradicar a pobreza extrema, melhorar a igualdade de gênero, garantir sustentabilidade ambiental e muito mais, mas apoiar a mídia livre e independente não estava na ordem do dia.
Entretando, desta vez, quando os líderes se reunirem para definir o quadro de desenvolvimento pós-2015, os defensores da boa governança estão pressionando para fazer o papel da mídia uma parte da equação.
O Relatório do Painel de Alto Nível das Nações Unidas propôs 12 novas metas universais, incluindo "assegurar uma boa governação e instituições eficazes". Propõe que a mídia livre ajude a alcançar esse objetivo, garantindo que "as pessoas gozem da liberdade de expressão, de associação, protesto pacífico e acesso aos meios de comunicação independentes e informação", bem como garantindo "o direito do público à informação e acesso aos dados do governo", escreveu James Deane em um recente [artigo no BBC Media Action.
A mídia independente é essencial para o desenvolvimento em lugares como o Sudão do Sul, onde os líderes espalham mensagens de divisão nas ondas do rádio, disse Nancy Lindborg, administradora assistente do Departamento para a Democracia, Conflito e Assistência Humanitária (DCHA, em inglês) da USAID.
A potencial inclusão de uma meta de mídia tem seus detratores. Alguns países, incluindo o Brasil, China e Índia, "veem o objetivo 'governança' distraindo a atenção das preocupações de desenvolvimento básico e suspeitam que o Ocidente queira impor condições para a ajuda ao desenvolvimento", escreveu Deane.
Outros adversários notam que os indicadores para medir o acesso a meios de comunicação independentes são difíceis de se formar. Além do mais, os países que não possuem liberdade de expressão ou que têm uma imprensa altamente partidária dão aos veículos de comunicação uma má reputação na mente de alguns interessados. Mas Deane argumenta que isto oferece ainda mais razões para pressionar por meios independentes trabalhando no interesse público.
Ele cita David Hallam do Departamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional, que argumentou que os cidadãos estão ansiosos para a melhoria da prestação de contas do governo que os observadores da mídia podem trazer.
Hallam apontou para a enquente My World, uma pesquisa global dando às pessoas a chance de votar nas questões que acham que devem ser incluídas entre as metas pós-2015. Cerca de 1,6 milhões de pessoas votaram e as quatro questões principais foram educação, saúde, emprego, e governo honesto e responsável.
"Um governo honesto e responsável vem acima da segurança alimentar, a água, mudanças climáticas, questões ambientais -- e eu não estou dizendo que qualquer um desses problemas não é importante-- mas consistentemente em todo o mundo, a quarta questão se refere a um governo honesto e responsável; e a mídia tem um papel central na sua promoção", Hallam disse.
Via BBC Media Action.
Margaret Looney, assistente editorial da IJNet, escreve sobre as últimas tendências de mídia, ferramentas de reportagem e recursos de jornalismo.
Imagem sob licença CC no Flickr via Dietmar Temps