A Associated Press mudou seu manual de estilo para mencionar as pessoas que rejeitam o aquecimento global como um fato, citando que os repórteres devem usar "questionadores das mudanças climáticas ou aqueles que rejeitam a ciência convencional do clima" em vez de "céticos ou negadores".
Esta posição sobre a verdade é necessária a repórteres ambientais e de ciência, disse Elissa Yancey, uma jornalista ambiental veterana e atualmente diretora de mídia e comunicações da Universidade de Cincinnati.
"Cabe a nós como jornalistas nos firmarmos na legitimidade", disse Elissa em uma oficina na conferência Online News Association, em Los Angeles. "Às vezes a verdade é apenas a verdade. Se tudo que fazemos como jornalistas é sermos papagaios, então não estamos fazendo nosso trabalho. Cabe a nós encarar esse grande campo de informação, traduzi-lo, fazer a curadoria e apresentar o melhor e apenas o melhor para os nossos leitores."
Elissa deu muitas outras dicas para jornalistas que cobrem uma editoria científica. Aqui estão os tópicos principais:
Pense além da ciência
Ao cobrir o jornalismo ambiental, os repórteres não devem apenas pensar sobre a ciência.
Religião, política e outras disciplinas desempenham um grande papel na forma como um leitor vai interpretar uma história e o tipo de impacto que terá sobre ele.
"Há uma conexão muito real entre o que as pessoas foram levadas a acreditar e como processam a informação", disse Elissa. "Pode haver vários tipos de estímulos que não sabemos que predispõem [nossos leitores] a duvidarem e serem céticos."
Faça sua matéria relevante ao seu leitor
Em uma pesquisa da Gallup de 2014 sobre o interesse dos americanos em tópicos de notícias nacionais, a qualidade do ambiente e as mudanças climáticas foram o antepenúltimo e penúltimo lugar na lista, respectivamente.
"Você pode se entusiasmar com a ciência... mas depois se esquece de ligar os pontos para a consequência na vida do seu leitor", disse Elissa. "Como você conecta isso com algo que tem relevância e significado?"
Como faz essas histórias importantes para os leitores? Conte histórias que são relevantes para a comunidade -- histórias do governo local, leis de zoneamento em novos bairros, esforços de conservação no distrito escolar local, etc. "Quanto mais você chegar a esse nível pessoal, melhor", disse ela.
Sempre busque a fonte do estudo
Mergulhe fundo no histórico e na intenção de sua fonte, pois estudos científicos têm que ser financiados por alguma pessoa ou empresa que poderia ter um interesse nos resultados.
"Para cada história e estudo científico que você está tentando explicar ao público... fique ciente de outras pessoas e tipos de interesse motivados para lançar dúvidas sobre essas conclusões", disse Elissa. "Todo mundo tem um motivo para falar com a gente."
E com o pouco financiamento federal para estudos científicos disponíveis, mais pesquisadores estão recebendo financiamento de diferentes tipos de indústria que podem levar diferentes ângulos de notícia, dependendo do canal e público, Elissa explicou.
Elissa listou algumas perguntas, que ela cobre em seu curso sobre reportagem ambiental na NewsU, para fazer a seus especialistas e fontes quando escrever sobre resultados de um estudo:
- Quem fez o estudo?
- Quem financiou o estudo?
- Quem financia a revista em que o estudo foi publicado e quem revisou o artigo?
- Que controlou o estudo?
- Quão grande foi o tamanho da amostra e quem fez a recrutação?
- As descobertas foram ajustadas para que outras variáveis? Por quê?
- O estudo confirmou ou negou as suas hipóteses. Como e por quê?
- Que conclusões as pessoas podem tirar do trabalho?
- Os pesquisadores se surpreenderam com os resultados? Existe outra evidência que suporte os resultados do estudo? É o primeiro estudo desse tipo?
Se você se deparar com uma organização sem fins lucrativos apresentando informações relacionadas ao seu estudo, primeiro verifque de onde sai o seu financiamento. Este pode ser um grupo de fachada para uma indústria. Verifique formulários de impostos acessíveis ao público que listam financiadores, como os formulários 990 para organizações sem fins lucrativos nos Estados Unidos.
Você também pode evitar o uso de fontes erradas construindo relações desde cedo com pesquisadores e grupos que tenham sido verificados e em quem você pode confiar.
Imagem sob licença CC no Flickr via Horia Varlan