Em seus quatro anos como jornalista, a nigeriana Hannah Ojo ganhou inúmeros prêmios e bolsas de estudo e produziu matérias premiadas, incluindo uma investigação sobre a água de saquinho vendida na região de Lagos que levou ao fechamento das fábricas que a produziam.
Para realizar a matéria, Ojo recebeu financiamento do impactAFRICA do Code for Africa (C4A) e trabalhou com a equipe do C4A para incluir elementos multimídia e infográficos para aprimorar a história e torná-la mais compartilhável. Através dessa matéria e outras, ela mostrou que não só pode liderar uma equipe, mas também contar histórias de formas inovadoras.
Agora, como bolsista TruthBuzz do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), ela colocará essas habilidades em prática em um novo papel que visa combater a desinformação e espalhar verificações para novos públicos. Ela, como muitos outros jornalistas, tem pensado muito sobre a crise da informação e sobre como pode afetar a percepção do público sobre as notícias e as próximas eleições na Nigéria.
"Eu acho que é algo patriótico nacional para mim", disse ela, "um sentimento patriótico de tentar combater a desinformação em meu país."
De acordo com Ojo, a desinformação se espalha online através do Facebook e WhatsApp. Em alguns casos, as pessoas compartilharam imagens de lugares enfrentando crises --sob o pretexto de que isso está acontecendo na Nigéria-- levando à violência.
“Mais pessoas estão recebendo notícias de blogs ou de aplicativos de mensagens fechadas. Não é como na época que sua única fonte de notícias era a mídia tradicional”, disse Ojo. “Agora, o sistema de notícias está aberto, o que está levando a uma sobrecarga de informações. As pessoas seguem o que vai com a emoção delas --mesmo que não seja credível-- e compartilham.”
Ojo quer que repórteres na Nigéria abordem a disseminação da desinformação no espaço digital. Não apenas os jornalistas precisam ser treinados para produzir verificações de fatos; eles precisam ser treinados sobre a melhor maneira de apresentá-las. Ela adverte contra a publicação de verificações impressas ou outras formas tradicionais, já que o espaço digital é um meio melhor para compartilhar verificações --e a maioria dos leitores está online de qualquer maneira.
Para sua bolsa, ela está trabalhando com a AfricaCheck, uma organização de verificação de fatos online, e o Daily Trust, uma redação híbrida, para ampliar seu trabalho de verificação. Ambos estão usando infográficos, visualizações de dados e recursos visuais de mídia social para compartilhar as reportagens.
"A realidade é que, no sistema de mídia nigeriano, é difícil vender notícias se não estão sangrando", disse Ojo. “Se não é sensacionalista, se não é sobre sexo, é difícil vender. Mas uma coisa que eu notei é que, se você apresentar uma informação de uma forma que seja única, de uma forma que seja interessante, muitas pessoas vão se conectar.”
Com base em seu trabalho preliminar como bolsista TruthBuzz, além de experiências anteriores, ela percebeu que usar métodos inovadores para compartilhar informações realmente funciona.
Um dos principais desafios é “colocar os jornalistas em algo novo”, disse Ojo. Muitos jornalistas estão presos às formas tradicionais de reportagem, mas Ojo espera que seu compromisso de combater a desinformação e produzir verificações inovadoras de fatos ajude a mudar o interesse dos parceiros de mídia que não estão focados nesse desafio.
Ojo também acha que a literacia midiática e o maior envolvimento de gigantes da tecnologia como o Facebook serão uma parte crítica na luta contra a desinformação no futuro.
Sua principal prioridade nos próximos meses será a verificação da informação eleitoral. “Checar [afirmações falsas], desmascarar e extinguir. Isso é muito importante”, disse Ojo. "Se as pessoas não tiverem informações confiáveis, elas não poderão tomar uma decisão sensata sobre quem devem votar.”
Saiba mais sobre Ojo e o programa Truthbuzz no site do ICFJ. Acompanhe também o trabalho dela e o trabalho de outros colegas ao redor do mundo no Twitter usando a hashtag #Truthbuzz.