Não é de hoje que jornalistas trabalham em ambientes de alta pressão com prazos apertados e demanda de hiperconectividade. Diante do aumento crescente da hostilidade política, cortes de financiamento e mudanças rápidas no setor de mídia, profissionais da área no mundo todo estão lutando contra o estresse e o burnout em taxas alarmantes.
De acordo com o The Self-Investigation, 60% dos profissionais de mídia relataram sofrer com níveis altos de ansiedade e 20% revelaram ter depressão. Ao mesmo tempo, 50% dos jornalistas consideraram largar o trabalho no último ano e 38% experimentaram um declínio em sua saúde mental, de acordo com o relatório State of Work-Life Balance in Journalism lançado em 2025 pelo Muck Rack.
Eu compilei as dicas abaixo para jornalistas que desejam cuidar de sua saúde mental para que possam continuar contando as histórias que o mundo mais precisa ouvir.
(1) Crie — ou junte-se a — uma rede de apoio com os seus colegas
Jornalistas que estão em busca de apoio para além dos limites da terapia tradicional podem considerar a criação de uma lista de email ou grupo de WhatsApp com colegas que enfrentam problemas semelhantes. Se coordenar um grupo de apoio com colegas parece assustador, considere então fazer parte de uma rede de apoio de jornalistas já existente.
Criar ou participar de redes menores dá aos jornalistas a oportunidade de se abrir sobre suas experiências em um ambiente mais privado. Elas podem servir como um canal de apoio para que os membros compartilhem entre si os altos e baixos da saúde mental e o estresse contínuo de quem trabalha na mídia. Grupos de apoio eficazes oferecem aos jornalistas um espaço para discutir fatores de estresse no trabalho sobre os quais eles não podem conversar com a família e amigos, além da possibilidade de identificar problemas e soluções comuns, permitindo que os membros se sintam menos sozinhos no enfrentamento de suas preocupações com saúde mental.
De acordo com a organização Change Mental Health, o apoio entre colegas pode ser parte empoderadora de uma abordagem holística ao cuidado com a saúde mental, devido às conversas frequentes com quem está, de maneira semelhante, lutando contra o estresse, burnout e outros desafios de saúde mental. Esse cuidado comunitário também pode encorajar os jornalistas a buscarem apoio profissional quando necessário.
(2) Pratique a atenção plena
A atenção plena, por exemplo, por meio da meditação, pode ser uma abordagem empoderadora para reduzir o estresse. "A meditação baseada na atenção plena oferece uma ajuda promissora para ajudar jornalistas a serem resilientes ao estresse pós-traumático", diz um estudo de 2019 do Centre for Social and Cultural Research da Universidade Griffith.
Um relatório de 2020 da CompareCamp descobriu que esse tipo de meditação reduz o transtorno do estresse pós-traumático em até 70%, aumenta a produtividade de funcionários em 120% e reduz faltas no trabalho em 85%.
Técnicas simples como focar na sua respiração podem te ajudar a centrar-se diante do estresse. Sites como o Mindful.org têm guias abrangentes tanto para iniciantes quanto especialistas.
(3) Procure atingir um equilíbrio saudável entre vida pessoal e trabalho
Este conselho é mais fácil na teoria do que na prática. Pode parecer quase impossível fugir das notificações de notícias e das mensagens do trabalho, mas estabelecer limites saudáveis — tanto internos quanto externos — é importante para manter o bem-estar e, em contrapartida, a carreira.
Comece com limites internos. Defina seu horário de trabalho pessoal e cumpra-o! Isso pode significar não acessar telas quando estiver na cama, não assistir telejornais depois de uma certa hora e não acessar os emails depois do trabalho. Avalie como você ultrapassa os limites que estabeleceu para si mesmo e como isso te leva a um quadro de burnout.
Definir limites externos com os colegas e superiores pode ser mais fácil quando você tem mais clareza sobre o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e os limites que você pretende manter. Uma vez que você os estabelecer, você pode informar as pessoas que, por exemplo, não estará disponível nas noites de sexta, mas vai responder todos os emails na segunda, às 9h da manhã em ponto.
"Quase todos os jornalistas, 96%, dizem que têm dificuldade para se desligar do trabalho pelo menos em parte do tempo", de acordo com o Muck Rack. Esse é um problema generalizado no setor e do qual colegas e empregadores poderiam ter ciência, uma vez que aprendamos como nos desligarmos.
(4) Busque ajuda profissional
Contar somente com o apoio de uma comunidade e da meditação pode fazer com que um gama de problemas de saúde mental fique sem diagnóstico e sem tratamento. Não importa quais das dicas acima você vai seguir, buscar apoio profissional para a saúde mental não deve ser um último recurso. Encarar os problemas de saúde mental de frente pode permitir que jornalistas restaurem o entusiasmo com a profissão, melhorem seu moral e mantenham seu bem-estar.
Profissionais de saúde mental vão desde orientadores a psicólogos e psiquiatras. Mesmo se a saúde mental não parece ser uma questão emergencial e você simplesmente precisa de alguém com quem conversar, agende um horário com um orientador e deixe-o assumir o controle. O profissional vai se certificar de fazer sugestões com base nas necessidades e preocupações que surgirem na conversa.
O custo de se fazer terapia também pode assustar, fazendo com que muitas pessoas evitem procurar esse tipo de serviço. Redes como a Journalist Trauma Support Network têm diretórios de terapeutas capacitados para trabalhar com profissionais de mídia. Além disso, jornalistas que atendam a determinados critérios podem fazer terapia gratuita durante sessões práticas de formação realizadas pela rede.
A rede ainda fornece contatos de terapeutas que cobram taxas mais baixas, bem como terapeutas queer e transafirmativos, cobrindo uma gama ampla de preocupações.
Foto por Tara Winstead via Pexels.