3 lições do relatório do CIMA sobre segurança digital para jornalistas

por Samantha Berkhead
Oct 30, 2018 em Segurança Digital e Física

Quando se trata de segurança online, muitos jornalistas no mundo todo não estão se protegendo bem como deveriam, revelou um novo relatório do Center for International Media Assistance (CIMA). Muitas vezes, os jornalistas simplesmente não sabem sobre as ferramentas de segurança disponíveis.

O relatório, de autoria do ex-bolsista Knight do ICFJ Javier Garza Ramos, descobriu que enquanto mais da metade dos jornalistas entrevistados -- cerca de 60 por cento -- usam ferramentas de segurança digital para proteger a sua segurança, ainda há muito o que melhorar, particularmente sobre as ferramentas de segurança que usam.

"A necessidade de ferramentas de segurança que os jornalistas de todo o mundo têm é vasta e diversificada", Garza Ramos escreveu. "Os jornalistas tornaram-se mais vulneráveis ​​não só em trabalho em lugares perigosos, mas também em suas rotinas diárias, em casa, na redação ou na rua, com o aumento da vigilância digital."

Sabendo disso, o que organizações de mídia e desenvolvedores de aplicativos podem fazer para tornar suas ferramentas de segurança de jornalismo mais amplamente disseminadas? Aqui estão as lições principais do relatório segundo a IJNet:

Ferramentas de comunicação

Dos 154 jornalistas entrevistados para o relatório, 70 por cento disse que não usa ferramentas digitais para proteger suas comunicações, como e-mails, telefonemas e mensagens de texto. Ainda assim, as ferramentas que protegem comunicações digitais tiveram uma das maiores taxas de resposta positiva da pesquisa, uma tendência atribuída ao aumento da consciência em relação à vigilância do governo e hackers.

Algumas ferramentas de comunicação mencionadas incluem Riseup e Hushmail; criptografia de e-mail PGP; serviços de mensagens criptografadas como Peerio e Chatsecure; bem como Jitsi e Adium, que não são para dispositivos móveis. Alguns entrevistados também se comunicam com colegas através de uma Rede Privada Virtual (VPN, em inglês) ou usam o navegador TOR para esconder a sua localização durante o trabalho.

No entanto, outros respondentes comentaram que usam ferramentas que acham que são seguras, mas não são -- um indicador de que mais jornalistas precisam ser treinados para distinguir entre as ferramentas seguras e não seguras.

Compartilhamento de arquivos seguro

Quando se trata de ferramentas digitais que ajudam o jornalistas a armazenar e compartilhar arquivos com seus colegas, cerca de 30 por cento dos entrevistados disseram que usam essas ferramentas. Muito parecido com as ferramentas de comunicações seguras, os jornalistas procuram programas de compartilhamento de arquivos seguros para se protegerem de possíveis vigilância do governo, particularmente na Europa e Estados Unidos. A ferramenta mais mencionado pelos entrevistados, TrueCrypt, é o mesmo sistema de criptografia que Edward Snowden, o delator do NSA, usa. Outras ferramentas populares incluem SpideroakTresorit e OnionShare, bem como VPN. Alguns entrevistados mencionaram SecureReporter, uma ferramenta baseada na web desenvolvida pelo ICFJ.

Mais uma vez, muitos dos entrevistados relataram o uso de ferramentas de compartilhamento de arquivos que achavam que eram criptografadas ou seguras, mas na verdade não são, revelou o relatório. Por exemplo, alguns jornalistas disseram que usam o Google Drive ou Dropbox como "ferramentas criptografadas", sendo que nenhuma das duas são ferramentas criptografadas de armazenamento de arquivos.

Avançando

A adoção de outras ferramentas de segurança digital -- como avaliação de risco, a criptografia do dispositivo ou geotracking dos jornalistas -- permaneceu mínima, segundo o relatório. Isso não quer dizer que essas ferramentas não existam; os jornalistas simplesmente não sabem como encontrá-las.

Dada a adoção limitada de ferramentas de segurança digital, o relatório reconhece que não há uma solução única; as diferenças entre as necessidades de segurança dos jornalistas variam amplamente entre regiões diferentes.

No entanto, existem alguns passos que podem ser tomados. Um ponto de partida crucial para expandir a consciência dos jornalistas está na educação, seja na forma de um plano de segurança da redação ou de iniciativas de educação de organizações de desenvolvimento de mídia, afirmou o relatório. Além disso, os jornalistas que utilizam essas ferramentas devem ser encorajados a discuti-las com seus colegas, incluindo as utilizações, benefícios e deficiências das ferramentas.

Para ler o relatório completo (em inglês), clique aqui.

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