"Se você fosse um criminoso, como você lavaria o dinheiro de drogas?"
Talvez não seja uma maneira tradicional de iniciar um workshop, mas foi a pergunta que Paul Radu do Projeto de Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, em inglês) e Carlos Eduardo Huertas do Connectas fizeram a um grupo de jornalistas investigativos durante um workshop sobre forense financeira como parte da Iniciativa de Reportagem Investigativa para as Américas. Radu e Huertas encorajaram os jornalistas a se colocarem no lugar de grupos criminosos e se perguntarem que medidas tomariam para evitar que sua hipotética atividade ilícita fosse descoberta.
"Os repórteres investigativos podem igualar e superar a criatividade dos corruptos se entenderem como os criminosos constroem sua infraestrutura criminal", disse Radu. "Uma grande parte dessa infraestrutura está em empresas, contas bancárias e esquemas de negócios complexos que podem ser expostos se os jornalistas usarem estratégias avançadas de "seguir o dinheiro "e tecnologias de reconhecimento de padrões.
Como no caso do “Panama Papers”, e num mundo cada vez mais globalizado, seguir o dinheiro tornou-se crítico na descoberta de grupos criminosos e conflitos de interesses ocultos. Aqui estão as três dicas principais que este workshop forneceu.
Investigue o dono
O uso de testas de ferro na área de negócios é comum e legal. Em muitos casos, o testa de ferro pode sequer perceber que funciona como tal, deixando uma rede complicada de informações para os jornalistas de investigação peneirarem. Os grupos criminosos podem colocar membros da família ou indivíduos não envolvidos na cabeça de seus negócios, o que significa que jornalistas devem ser minuciosos e diligentes sobre essa peça do quebra-cabeça.
Use várias fontes e reveja-as regularmente
Casos judiciais, informações de contas bancárias publicamente disponíveis e relatórios da polícia são todos recursos que jornalistas de investigação devem utilizar regularmente. Esses documentos podem conter pistas e conexões valiosas para contas bancárias no exterior e bancos menores, sem filiais, que são frequentemente usados para esconder fundos.
Pense globalmente, não localmente
A criminalidade muitas vezes se estende além das fronteiras, especialmente para países com leis e regulamentações negligentes, o que significa que os jornalistas de investigação muitas vezes precisam usar recursos em outros países para descobrir a ilegalidade em seus próprios. Mesmo com informações públicas proibidas ou com custos limitados, os jornalistas podem encontrar relacionamentos mais complexos e expansivos do que inicialmente imaginaram.
Imagem sob licença CC no KriKri01