"Entrevistar é a base do jornalismo. No entanto, pouquíssimos jornalistas recebem educação ou formação nesta habilidade crítica", escreveu Chip Scanlan, um repórter, escritor e romancista premiado. "Para a maioria dos jornalistas, a única maneira de aprender é no trabalho, principalmente através da dolorosa tentativa e erro."
Durante um chat no Poynter Online, Scanlan compartilhou seus conselhos aos jornalistas que querem fazer entrevistas melhores. Aqui estão três de suas dicas:
Seja esperto
Se você quiser se dar mal como entrevistador, não se prepare. Com muita frequência, os jornalistas começam uma entrevista armados apenas com um punhado de perguntas rabiscadas em seus cadernos. Tire um tempo, porém curto, para aprender o básico sobre o assunto ou o tema que vai ser discutido. Quando Mirta Ojito, ex-repórter do New York Times, entrevista especialistas, "Eu tento saber quase tanto quanto eles sobre o assunto, de modo que parece que estamos 'batendo um papo'", ela disse por e-mail. A.J. Liebling, um lendário escritor da New Yorker, conseguiu uma entrevista com o jockey Willie Shoemaker, notório por falar pouco. Ele começou com uma única pergunta: Por que você anda com um estribo maior do que o outro? Impressionado com o conhecimento de Liebling, Shoemaker se abriu.
Elabore suas perguntas
As melhores perguntas são de respostas abertas. Começam com "Como?" "O quê?" "Onde?" "Quando?" "Por quê?" Funcionam para iniciar conversas e incentivar respostas expansivas que produzem uma grande quantidade de informação necessária para produzir uma matéria completa e precisa.
Perguntas fechadas são mais limitadas, mas têm um propósito importante. Faça essas perguntas quando precisar de uma resposta direta: Você desvia dinheiro da empresa? Questões fechadas oficializam o que as pessoas têm a dizer.
O pior são perguntas que restringem a conversa, como duas (até três) interrogações. "Por que a polícia do campus usou spray de pimenta na manifestação de estudantes? Você deu a ordem?" Perguntas duplas dão ao entrevistado a oportunidade de evitar a pergunta que desejam ignorar e escolher a pergunta menos difícil.
Elabore perguntas com antecedência para garantir que irá começar com perguntas que promovem, em vez de abafarem, conversas. Atenha-se ao roteiro e sempre faça uma pergunta de cada vez. Não tenha medo de editar a si mesmo. Mais de uma vez, eu parei no meio de uma pergunta dupla e disse: "Essa é uma pergunta terrível. Deixa eu fazer a pergunta de outro jeito."
Estabeleça regras básicas
Você acabou de terminar uma grande entrevista -- com um policial, um vizinho, um advogado - e de repente a fonte diz: "Ah, mas tudo isso é 'off the record'."
Essa é a hora de apontar que não existe off retroativo. Certifique-se de que a pessoa que você está entrevistando sabe imediatamente como funcionam as regras.
Quando uma fonte quer falar em off, pare e pergunte: "O que você quer dizer?" Muitas vezes, uma fonte não sabe, especialmente se é a sua primeira entrevista. Bill Marimow, que ganhou dois prêmios Pulitzer expondo abusos policiais na Filadélfia, lê os comentários em off de volta a sua fonte. Várias vezes, ele constatou que muitas fontes mudaram de ideia, depois de ouvir como estavam sendo citados.
Leia o post completo de Scanlan no Poynter (em inglês) aqui.
Este artigo foi resumido com permissão do Poynter Online, parceiro da IJNet e site do Poynter Institute, é uma escola que serve o jornalismo e a democracia há mais de 35 anos. O Poynter oferece notícias e treinamento para qualquer agenda, com orientação individual, seminários presenciais, cursos online, webinários e muito mais.
Foto por James Fahn para Internews Europe, compartilhada no Flickr através da licenca Creative Commons