RedeComCiência lança vídeos para ajudar na cobertura de ciência

Автор Daniel Dieb
Apr 19, 2021 в Reportagem sobre COVID-19
Print do canal da RedeComCiência no YouTube diz RedeComCiência apresenta jornalismo científico em 5 minutos

A Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência) lançou a série de vídeo “Jornalismo Científico em 5 Minutos”, uma iniciativa para contribuir com a formação de jornalistas que cobrem — ou querem cobrir — ciência.

A ideia surgiu em conversas da associação para realizar projetos educativos em jornalismo e divulgação científica. A jornalista Mariana Lenharo é responsável por organizar a produção, que é feita de forma colaborativa pelos membros da RedeComCiência.

O projeto saiu do papel durante a pandemia, num contexto em que a ciência e a saúde ganharam espaço na cobertura jornalística. “A ideia é que, depois de 5 minutos, esse jornalista saia com ferramentas que ele possa aplicar diretamente em seu trabalho”, diz Lenharo.

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Os vídeos serão publicados a cada duas semanas no canal RedeComCiência no YouTube. O de estreia, lançado em 29 de março, fala sobre como encontrar fontes de ciência e foi feito pela Amanda Milléo, jornalista que cobre ciência na Gazeta do Povo. O segundo saiu em 12 de abril e traz dicas sobre como encontrar pautas de ciência.

Para alcançar o objetivo, a série pretende rearticular a transmissão de conhecimento entre jornalistas. Parte do público-alvo são jornalistas com experiência mas não habituados a cobrir ciência e que de repente se veem nessa função sem ter muita base no assunto. Lenharo fala que dicas práticas como as dos vídeos eram passadas do repórter experiente para o mais novo — fluxo que está cada vez mais raro com as redações enxutas.

 

Infográfico: O Jornalismo Científico na formação do jornalista nas Universidades Federais e Estaduais. Crédito:
Infográfico: O Jornalismo Científico na formação do jornalista nas Universidades Federais e Estaduais. Crédito: Graciele Almeida para o blog Ciência de Fato.

 

A outra parte é formada por estudantes de jornalismo, que têm pouca oferta de disciplinas sobre ciência na graduação. Um levantamento de 2020 do Ciência de Fato, que faz parte dos Blogs de Ciência da Unicamp, mostra que três dos 64 cursos de jornalismo em universidades federais e estaduais têm jornalismo científico como disciplina obrigatória.

Outro estudo, de 2005 e coordenado pela pesquisadora e jornalista Graça Caldas, mostra que, dos 205 cursos de graduação em jornalismo no Brasil em faculdades públicas e privadas, 36 tinham alguma atividade exclusivamente relacionada ao jornalismo científico.

Embora não tenham a extensão de uma disciplina de graduação, os vídeos querem contribuir à formação jornalística de modo prático. Os próximos episódios falarão sobre como abordar controvérsias científicas, ler artigos e pesquisas de forma crítica e fazer matérias sobre temas específicos dentro da ciência, como o câncer.

Essa rearticulação da transmissão de conhecimento passa necessariamente pela criação do conteúdo. As produções foram feitas com a participação voluntária e colaborativa de jornalistas da RedeComCiência. Sem isso, o projeto não teria saído do papel.

“Tem sido muito legal ver tantos profissionais tirando um tempo de sua rotina para se dedicar a passar um pouco de sua experiência para melhorar a qualidade do jornalismo científico no Brasil”, diz Lenharo.

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Milléo, que fez o vídeo de estreia, dá dicas a quem participar do projeto. O ideal é escrever um rascunho de roteiro sobre o que for falar. “Eu sabia que talvez me esqueceria de algum detalhe durante a gravação, então deixei no meu computador ao lado com algumas palavras-chave destacadas com aquela função marca-texto”, conta.

Segundo ela, o treinamento ajuda a modular a velocidade da fala. Não pode ir muito devagar, porque o tempo é extrapolado e o vídeo fica monótono, e nem tão rápido, porque pode dificultar o entendimento de quem assiste. Milléo ainda fala do posicionamento da câmera, para que o enquadramento não corte parte do rosto de quem fala.

Os vídeos estão sob licença Creative Commons, o que permite que eles sejam usados, compartilhados e reproduzidos em outros canais desde que dados os devidos créditos. Quem tiver interesse, pode solicitar o link para download por meio do e-mail redecomciencia@gmail.com. 

É também por esse endereço que a RedeComCiência recebe sugestões e colaborações para o projeto. O caminho é enviar um e-mail com o título “Sugestão - 5 minutos”. A mensagem deve constar uma breve explicação da relevância do tema proposto e uma mini-bio do proponente. Os vídeos estão em licença livre e podem ser usados em outros canais desde que devidamente creditados.


Daniel Dieb é jornalista com foco em ciência, saúde e tecnologia. Trabalha para o Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês) no Fórum de Reportagem sobre a Crise Global de Saúde e colabora com a Folha de S.Paulo. É membro da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência).

Imagem principal: print do canal da RedeComCiência no YouTube