Quando a emissora alemã Deutsche Welle anunciou que estava abrindo seu escritório para a China em Taipé, jornalistas e observadores da China receberam a notícia com entusiasmo.
A decisão de se estabelecer em Taiwan em vez de Hong Kong é significativa: lugar favorito de editoras asiáticas, o status de Hong Kong como centro do jornalismo está enfrentando um futuro incerto depois de expulsar seu primeiro jornalista estrangeiro, o editor de notícias do Financial Times Asia Victor Mallet.
A escolha da Deutsche Welle também é uma indicação de que Taiwan, há muito ofuscado por sua relação com a China, pode finalmente ter mais reconhecimento internacional.
Os veículos de comunicação estrangeiros estão lentamente expandindo sua presença em uma das únicas democracias liberais da Ásia.
Os cortes 'foram longe demais'
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse que seis jornalistas se juntaram a sua lista oficial de mídia estrangeira registrada no ano passado, elevando o total para 88. Uma adição notável é Kathrin Hille, correspondente do Financial Times na Grande China, que se mudou recentemente para Taiwan.
Samson Ellis, um jornalista estrangeiro com uma década de experiência trabalhando em Taiwan, diz que a cobertura nos últimos 10 a 15 anos ficou especialmente limitada, uma vez que os veículos de comunicação se depararam com a queda das receitas publicitárias em toda a indústria e demissões de repórteres.
"Acho que os cortes em Taiwan foram longe demais", diz ele. "As pessoas presumiram: 'Ah, Taiwan, você pode cobrir de Hong Kong e da China', mas descobriram que você não pode --ou se pode, cobre mal."
A eleição do presidente Tsai Ing-wen, que afastou Taiwan de Pequim, juntamente com os protestos estudantis de 2014 e seu status como o primeiro país na Ásia a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ajudou a renovar o interesse internacional no país.
"O que é interessante agora é que finalmente vemos uma mudança na forma como a mídia estrangeira está falando sobre Taiwan ou adotando uma postura menos centrada na China em relação a como se refere a ela", diz Ellis.
Ainda 'menos que um país'
Na mídia social, comentários sobre Taiwan frequentemente focam em como contrasta com outras partes do mundo chinês, particularmente Hong Kong, onde muitos observadores notam que as liberdades legais e políticas estão diminuindo antes do princípio "Um País, Dois Sistemas" expirar em 2047.
Muitas agências noticiosas, no entanto, ainda se recusam a se referir a Taiwan como um "país", já que a ONU não o reconhece como tal e Pequim o reivindica como uma província sob a política de Uma China.
O Economist, censurado na China, é uma notável exceção na mídia inglesa.
Mais veículos de mídia podem se juntar?
Cédric Alviani, diretor do departamento do Repórteres Sem Fronteiras em Taipé, que escolheu Taipé como sede do seu primeiro escritório na Ásia no ano passado, disse que os meios de comunicação podem encontrar outras razões para mudar para Taiwan, que vão de acessibilidade a previsibilidade política.
Também é relativamente fácil registrar-se como meio de comunicação ou correspondente estrangeiro em Taiwan, diz ele. “Algumas mídias podem não entender que as coisas mudaram; Taiwan é tão competitiva quanto Hong Kong.”
Alviani acredita que a transferência de agências de notícias para Taiwan a partir de outros lugares da Ásia vai se tornar uma "tendência muito forte".
Você pode ver que mesmo em Hong Kong não é tão fácil para a mídia internacional fazer cobertura livre das notícias ”, diz ele. "Eu não ficaria surpreso se outros mudarem para Taipé."
Este post foi publicado originalmente no Splice e reproduzido na IJNet com permissão.