O jornal Sowetan da África do Sul informou em março que 28 por cento das meninas nas escolas do país testaram positivo para o HIV. A Associação Sul-Africana de Imprensa, em seguida, divulgou os dados alarmantes, comunicando que "quase um terço das estudantes têm o HIV". Em pouco tempo, a história apareceu em publicações em todo o mundo, do Independent da Inglaterra à Al Jazeera de Qatar.
Mas o jornal tinha os fatos certos?
À medida que a história se espalhou, o jornalista investigativo e autor Julian Rademeyer, que lidera investigações de verificação de fatos no site Africa Check da África do Sul, buscou confirmar a estatística chocante. A pesquisa revelou que o ministro da Saúde citado no Sowetan se referiu a uma "pequena amostra de algumas escolas do Natal Midlands", quando ele falou dos 28 por cento. A taxa nacional de verdade, encontrada pela Africa Check, era de 12,7 por cento.
O site verifica "coisas simples", fatos que são cada vez mais reescritos e espalhados por meio de notícia a meio de notícias devido ao ciclo de notícias de hoje em tempo real e à diminuição das equipes jornalísticas, Rademeyer disse ao wsite Journalism.co.za.
"Houve uma queda no número de jornalistas especializados em jornais e as redações são menores e muitas pessoas trabalham em muitas funções diferentes, produzindo um grande número de matérias em prazos corridos", disse ele.
A Africa Check é um dos 20 vencedores do concurso African News Innovation Challenge (ANIC) de 2012, destinado a incentivar a experimentação em tecnologias digitais e apoiar as melhores inovações destinadas a reforçar organizações de notícias africanas. O concurso, inspirado no Desafio Jornalístico Knight, foi lançado pela Ifrican Media Initiative sob a liderança do bolsista do Knight International Journalism Fellowship, Justin Arenstein.
"A mídia da África enfrenta alguns desafios sérios e cada um dos nossos vencedores tenta resolver um problema do mundo real que os jornalistas estão enfrentando. Isso inclui a crescente preocupação do público sobre a manipulação e a precisão do conteúdo online, além de preocupações em torno da segurança das comunicações e dos autores de denúncias ou fontes jornalísticas", Arenstein disse ao anunciar os vencedores.
A Africa Check é financiada por doações, com o apoio adicional da Fundação AFP e do Departamento de Jornalismo da Universidade de Witwatersrand .
A Africa Check, que foi lançada em setembro, examina alegações públicas de políticos, líderes da sociedade civil, órgãos governamentais e jornalistas. O site verifica os fatos em relação a evidências extraídas de leitores, fontes públicas, ferramentas online e especialistas e, em seguida, publica os resultados.
Através de seu site, Twitter e Facebook, a Africa Check apela ao público para ajudar a investigar os fatos "fornecendo a evidência que confirma ou desmente uma reivindicação sendo investigada, como uma declaração de uma testemunha ocular, um link para um site, uma foto, um vídeo, um documento ou o nome de um especialista. "[O site] planeja contratar um investigador e tem um pequeno orçamento para pagar trabalho freelance. Eventualmente, pretende expandir em todo o continente.
Para ajudar os jornalistas a melhorarem suas próprias capacidades de verificação de fato, o site fornece dicas para verificação de fato e uma lista de recursos online. Também dá sugestões para quem quer entrar em contato com os meios de comunicação com uma queixa.
Jessica Weiss, ex-editora-chefe da IJNet, é uma jornalista com base em Buenos Aires.
O conteúdo de inovação de mídia global relacionado com os projetos e parceiros dos bolsistas do Knight International Journalism Fellowsship na IJNet é apoiado pela John S. and James L. Knight Foundation e editado por Jennifer Dorroh.
Imagem de site do logo da Africa Check