Um novo site inglês expõe o "churnalism" -- histórias que são publicadas ou difundidas como notícias originais, mas que, em grande parte, são comunicados de assessoria de imprensa.
Em seu primeiro mês, churnalism.com recebeu mais de 60.000 visitantes únicos. O site é uma criação do Media Standards Trust, uma organização independente, sem fins lucrativos, que visa promover a transparência jornalística. O termo "churnalism" (que significar 'agitar' ou 'fazer espumar)' tem sido usado desde o início dos anos noventa para descrever jornalistas que criam matérias como uma pessoa que do leite faz manteiga.
A premissa do Churnalism é simples: usuários colam um comunicado de imprensa em uma caixa de texto online que o compara a mais de três milhões de artigos publicados no Reino Unido desde 2007. O software do Churnalism reduz ambos os artigos e releases a uma série de números, utilizando uma função 'hash'. Quando o artigo corresponde a pelo menos 20 por cento do release, o programa sugere que o artigo é 'churn'. Os desenvolvedores pretendem tornar este software fonte aberta, assim que receberem um subsídio adicional.
Meios de notícia onde 'churns' foram encontrados, de acordo com o site, incluem a BBC, The Telegraph, The Independent, The Guardian e outros.
A IJNet conversou com Martin Moore, diretor do Media Standards Trust sobre o site.
IJNet: Qual é o objetivo do churnalism.com?
Martin Moore: O objetigo a curto prazo aqui é aumentar a conscientização sobre a relação entre jornalismo e relações públicas. Da nossa perspectiva, isso não é muito falado, porque não é do interesse dos jornalistas ou assessores de imprensa falar sobre isso.
Atualmente, a relação é frequentemente muito íntima --você pode ter 50-60 por cento de um artigo colado de um comunicado de imprensa. Ao longo prazo, esperamos que vai ser uma prática muito mais comum colocar um link ao comunicado de imprensa e o processo ser muito mais transparente. Nós ficamos espantados pela quantidade de debate o projeto já gerou.
IJNet: Como vocês dão seguimento às organizações de notícias citadas pelo Churnalism?
MM: Bem, isso que faz a gente parecer um pouco com uma organização policial. Agimos, principalmente, como um recurso para o público e contamos muito com o público.
Nós publicamos tweets sobre artigos e lançamos também uma página nova no site, literalmente, duas horas atrás, que permite que as pessoas olhem para determinados meios de comunicação e fontes de releases para ver quem está usando mais os comunicados de imprensa.
Algumas pessoas nos perguntam: "Quem são os churnalists?" Mas não é realmente fácil de dizer, porque comunicados de imprensa nem sempre são lançados publicamente. Tentamos oferecer uma perspectiva ampla.
IJNet: Que efeito o senhor acha que o site tem para os jornalistas?
MM: Eu realmente espero que isso seja positivo para os jornalistas. Alguém escreveu um post no blog após o lançamento do nosso site, dizendo: "Eu não decidir ser jornalista para produzir comunicados de imprensa, eu fui para o jornalismo para fazer reportagem original".
Esperamos que isto irá impedir as agências de notícias de pressionar jornalistas para escrever comunicados de imprensa, e assim liberar o tempo dos jornalistas para fazerem o que querem fazer-- o que aprenderam na faculdade de jornalismo.
Acreditamos que os veículos noticiosos podem divulgar os releases de maneira mais rápida, simplesmente colocando um link para eles, e não tentando sugerir que o trabalho é seu.
IJNet: Qual é a próxima para o projeto?
MM: Embora o nosso site especificamente concentre-se no Reino Unido, gostaríamos de expandí-lo e levá-lo ao exterior. Pessoas de outros países mantêm contato com a gente, dizendo que realmente querem algo parecido com isto em seus países.
Foto por Musphot, Creative Commons Attribution Licence