Site cobre condições do sistema penitenciário na Rússia

por Ashley Nguyen
Oct 30, 2018 em Segurança Digital e Física

Depois de passar um ano e meio na prisão, duas jovens do grupo Pussy Riott criaram um site de notícias que cobre o sistema penitenciário russo.

Nadya Tolokonnikova e Maria Alekhina lançaram a MediaZona em setembro de 2014, seis meses após serem libertadas em dezembro de 2013. O site abrange histórias de corrupção, processos judiciais e problemas nas prisões.

Esta é o segundo empreendimento de Nadya e Maria destacando as condições das prisões no seu país. Elas criaram a ONG Zona Prava --que significa "zona de justiça" em russo - logo após sua libertação. Zona Prava trabalha para a melhoria do sistema penitenciário russo e oferece apoio aos prisioneiros que buscam representação legal e segurança.

Nadya e Maria uniram-se ao editor-chefe Sergey Smirnov, um jornalista político muito respeitado, para o lançamento do site.

"Na Rússia, há motivação política no tribunal quase todos os dias", disse Smirnov em e-mail para a IJNet. "É por isso que decidimos criar um recurso que vai dar atenção máxima às questões judiciais que maioria das pessoas não conhecem. [Um dos nossos objetivos] é ter o máximo de transparência no sistema penitenciário para que os presos sejam tratados um pouco melhor."

MediaZona entra na briga num momento turbulento para os meios de comunicação independentes na Rússia.

A repressão do Kremlin contra meios independentes gerou um mercado saturado de mídia estatal ou pró-estatal. Editores do Echo de Moscou, uma estação de rádio independente, muitas vezes enfrentam ameaças e Galina Timchenko, ex-editora-chefe do Lenta.ru, foi demitida depois de publicar pontos de vista pró-Ucrânia no popular site de notícias russa.

Mas Smirnov disse que a MediaZona não enfrentou nenhuma censura na internet até o momento.

"Não houve problemas com o acesso aos nossos dados mesmo na Rússia ou em outros países --ainda", Smirnov disse, acrescentando que se o fizerem, eles prepararam meios para que os leitores acessem os artigos da MediaZona. Facebook ainda é uma plataforma que podem usar, Smirnov observou, e o governo russo ainda não começou a bloquear aplicativos.

No entanto, antes da MediaZona ir ao ar, houve algumas preocupações sobre a longevidade do site. Quando perguntado o que a equipe imaginou como os piores cenários, Smirnov disse que havia dois: Se a polícia viesse e fechasse o site imediatamente ou se ninguém se importasse com o conteúdo.

"O melhor cenário é que o nosso site gere atenção e gradualmente se torne a fonte de maior autoridade em matéria de direitos humanos nas prisões", disse Smirnov. "Espero que ficaremos mais próximos do cenário mais positivo."

Enquanto a MediaZona progride, continua a crescer em presença, mas não necessariamente no tamanho da equipe. Existem apenas quatro jornalistas, um designer e um editor de mídias sociais que trabalham para Smirnov. O editor concentra-se fortemente no Twitter, porque permite a MediaZona se conectar melhor com seu público. (O site fechou os comentários porque havia muitos ativistas pró-governo inundando as seções de comentários dae MediaZona.)

"A comunicação via mídia social é muito importante, especialmente no Twitter", disse Smirnov. "O Twitter é a rede de mídia social mais política na Rússia."

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Thomas Hawk. Imagem secundária de Nadya Tolokonnikova (centro) e Maria Alekhina (direita) no evento RiseUp da Fusion cortesia de Margaret Looney