Seis prós e contras dos documentários interativos

por Margaret Looney
Oct 30, 2018 em Diversos

Os documentários tradicionais estão se tornando plataformas interativas com a ajuda de novas tecnologias e com o apoio de grandes nomes da indústria cinematográfica.

O National Film Board do Canadá está alocando 25 por cento do seu fundo de produções a documentários interativos, disse o produtor Gerry Flahive durante um painel sobre o documentário e novas tecnologias, realizado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Aqui incluímos os pontos principais do painel transmitido online.

Vantagens:

  1. Documentários interativos engajam o público sem perder a visão criativa dos cineastas. Flahive disse que o uso de mais interatividade vem por um impulso criativo, não por uma necessidade de reduzir custos. Produzido pela NFB, o documentário interativo Highrise conta histórias de apartamentos em todo o mundo, mantendo a voz do cineasta enquanto permite o espectador controlar a experiência.

  2. Estes filmes online normalmente deixam para trás uma impressão digital, permitindo fluxos de dados coletados para avaliação. Os cineastas podem controlar por quanto tempo as pessoas veem determinados segmentos e de onde eles vêm... Flahive disse que as pessoas não ficam por muito tempo na página, normalmente, apenas cerca de sete minutos, mas muitas vezes voltam para mais.

  3. Por exigir menos trabalho do que documentários tradicionais, esses projetos interativos são muito mais baratos de fazer e têm um alcance enorme. Também produzido pelo NFB, Waterlife é uma coleção de histórias online sobre o declínio do abastecimento de água nos Grandes Lagos. Ele foi assistido por mais de 1,5 milhões de internautas em todo o mundo, mas custou apenas US$55.000.

Desafios:

  1. Produzido em uma escala muito menor, a qualidade dessas interfaces pode não ser valorizada como merece. Ingrid Kopp, consultora de mídia nova no Tribeca Film Institute (TFI), disse estar preocupada que os documentários interativos podem parecer como um chamativo publicitário. "Talvez eles não tenham o tipo de efeito de um documentário longo e linear apresentado a todos em grandes festivais e ganhem vários prêmios", disse ela. "Eu sinto a necessidade de proteger essas pequenas experiências para que possam crescer e não quero derrubá-las antes de que realmente achem seu espaço". Kopp dirige o TFI New Media Fund, que fornece apoio monetário para os documentários que usam essas novas tecnologias.

  2. Documentários interativos têm de colaborar com outras disciplinas, tornando os projetos mais dinâmicos, mas também mais complexos. Flahive disse que algumas propostas promissoras foram rejeitadas, porque não tinham um conjunto de trabalhos acadêmicos existentes para apoiar a tese do documentário. Para criar cooperação entre as disciplinas, Kopp mencionou o projeto Living Docs, uma nova colaboração entre o Mozilla, TFI e outros, que compartilha códigos, informação e recursos sobre práticas de "open-source" em documentário na Web.

  3. Os documentários precisam ser populares na Web para sobreviver. "Não importa tanto em que edifício ou esquina vamos mostrar este trabalho, mas como podemos promover uma cultura sobre esse trabalho?", disse Shari Frilot, programadora sênior do Festival de Cinema Sundance. Mostrando a necessidade dessa nova cultura, ela mencionou a plataforma New Frontier, parte do festival de Sundance, que pretende ser um espaço para essas novas formas de contar histórias.

A imagem mostra como o espectador pode clicar em cada caixa para ver uma história diferente no documentário de Kevin McMahon Waterlife.