Reflexões de um repórter de iPhone: O que o celular ensinou a um jornalista de rádio

por Neal Augenstein
Oct 30, 2018 em Jornalismo móvel

O Newseum exibiu recentemente um dos telefones do repórter Neal Augenstein, chamado pelo Instituto Poynter de "um artefato da nova era da reportagem capacitada pela [tecnologia] móvel". Aqui, ele reflete sobre seus cinco anos como um "repórter de iPhone" e compartilha seus pensamentos sobre o que vem a seguir para a reportagem no celular.

Cinco anos depois de eu deixar de lado o meu laptop, gravador digital, câmera de vídeo e Comrex codec, e começar a fazer toda a minha reportagem em campo em um iPhone 3GS, o jornalismo móvel continua a transformar a forma como as notícias são cobertas - para melhor ou para pior.

Desde fevereiro de 2010, quando eu comecei a minha experiência #iphonereporting na WTOP-FM -- uma estação de rádio de notícias em Washington -- a tecnologia evoluiu, juntamente com descrições de trabalho dos jornalistas. E o foco da WTOP mudou de ser uma estação de rádio para uma organzação multiplataforma de notícias digital.

Enquanto telefones melhores e mais rápidos, aplicativos inovadores e mídias sociais estão tornando possível reportar notícias mais rapidamente, a indústria de notícias continuou a mudar. Por causa de equipes de notícias menores, alguns se perguntam se a qualidade do jornalismo sofreu.

Os mais novos iPhones, 6 e 6 Plus, têm telas maiores do que os modelos anteriores. Telefones Android, incluindo os modelos populares Samsung, também expandiram os tamanhos de tela. Mais e mais usuários de smartphones consomem vídeo, mais velhos (e mais jovens) estão comprando smartphones, e as empresas têm respondido.

Plataformas emergem

Em 2015, sites de compartilhamento de fotos e vídeo — TwitterFacebook and Instagram — são muitas vezes quem está dando a notícia, geralmente em artigos visualmente orientados e de fácil consumo. O Facebook (que comprou o Instagram) e o Twitter têm alterado seus aplicativos móveis para fornecer recursos semelhantes aos do Instagram, que ostentava mais de 300 milhões de usuários ativos em 2014. Aplicativos de storytelling visual como StellerStorehouse e JamSnap fornecem uma alternativa para pacotes de notícias tradicionais e podem ser usados em conjunto com os pacotes do jornalismo tradicional, para continuar engajando durante o dia com os ouvintes, telespectadores e usuários.

As funções em mudança do repórter

Armada com o poder de um smartphone e mídias sociais, qualquer pessoa é agora capaz de capturar um momento dramático e compartilhá-lo com o mundo, ultrapassando a mídia. Enquanto alguns argumentam que smartphones eliminam a necessidade de a indústria de notícias tradicional, a WTOP e outras organizações de notícias respeitadas estão abraçando os desafios e as possibilidades oferecidas pelo jornalismo móvel. Com as ferramentas de mão, os jornalistas agora frequentemente reportam elementos de uma notícia que vai se desenrolando. A dificuldade de retrair informações incorretas aumenta a importância dos valores jornalísticos tradicionais, incluindo precisão, sensibilidade, perspectiva, contexto e justiça.

Vídeo plataformas de streaming ao vivo como o Bambuser e UStream já existiam desde antes de eu começar o #iphonereporting em 2010. Uma nova onda de aplicativos mais fáceis de usar e compartilhar, incluindo Periscope e Meerkat, está despertando a curiosidade do público e dos jornalistas. Com apenas alguns toques e dentro de cinco segundos, um usuário pode transmitir vídeo ao vivo do smartphone para várias redes sociais. Em situações de notícias ao vivo, o smartphone está muitas vezes no ar, enquanto vans tradicionais com transmissão via satélite e equipes de reportagem correm para a cena.

Telefones por satélite tornaram possível para o vídeo de um repórter ser transmitido a partir de locais remotos sem uma van de satélite. Agora, os aplicativos de bate-papo de voz e vídeo baseados na Internet, incluindo Skype e FaceTime da Apple, permitem a comunicação de duas vias a partir de telefones e tablets. Em locais remotos, a qualidade do vídeo ou áudio é muitas vezes inferior às transmissões de nível profissional, mas no ambiente de notícias digitais cada vez mais competitivo, organizações de notícias muitas vezes optam por expor este conteúdo bruto em situações de notícias urgentes.

Apesar de sinais de que a profissão de jornalista está condenada à extinção, eu diria que jornalistas bem treinados e confiáveis são mais valiosos do que nunca. Com tanto "barulho" online e enquanto modelos de negócios continuam a mudar, eu acredito que haverá sempre a necessidade de contar histórias precisas, de forma ética e criativa.

O jornalismo móvel está vivo e bem, e mal posso esperar para ver o que os próximos cinco anos vão trazer.

Há 18 anos, Neal Augenstein é um repórter premiado do WTOP-FM, e wtop.com, em Washington. Ele é o primeiro repórter de uma rádio grande a fazer toda a sua reportagem em campo em um iPhone.​ Seu site é iphonereporting.com. No Twitter, siga Neal @AugensteinWTOP.

Este post apareceu originalmente no PBS MediaShift e é traduzido e publicado na IJNet com permissão.

Imagem principal de Neal Augenstein por Bill Crandall