Que preocupações devem ter jornalistas interessados em reportagem com drones?

por Babatunde Akpeji
Oct 30, 2018 em Diversos

Drones estão entre as inovações tecnológicas emergentes que estão revolucionando a coleta de notícias. Mas estes veículos aéreos não tripulados (UAVs, em inglês), inicialmente desenvolvidos para uso militar, estão cercados de controvérsia para a utilização por jornalistas.

Os governos de alguns países já proibiram o uso civil de drones, uma ação geral que às vezes é destinada a impedir a respectiva utilização em reportagens. Muitos países, no entanto, não tomaram uma posição definitiva sobre o uso de drones para fins civis, o que deixa a porta aberta para jornalistas desses países por agora.

Embora seja o mais discutido, o potencial para ações do governo proibindo o uso civil de drones não é a única preocupação quando se trata de jornalismo drone. Um encontro de jornalistas, técnicos e programadores na Nigéria explorou recentemente outras questões em torno do uso de drones para reportagem e ofereceu sugestões sobre como lidar com os possíveis desafios nesta nova frente. Aqui estão algumas das nossas outras preocupações:

Custo de aquisição do equipamento e apoio organizacional 

Caso os governos permitam que os jornalistas usem drones, o custo de aquisição do hardware se tornará a próxima preocupação uma vez que muitas organizações de mídia já estão lutando para manter a rentabilidade e não podem estar preparadas para fazer gastos financeiros adicionais para a compra de UAVs.

A opção de BYOD [ em inglês, comprar o seu próprio robô] não vai dar certo aqui, considerando o custo relativo aos rendimentos dos jornalistas em economias em desenvolvimento. A solução sugerida é organizações de mídia considerarem a aquisição em conjunto de drones de alta qualidade e compartilharem as fotos e vídeo das missões. Por outro lado, as organizações que trabalharem sozinhas têm a oportunidade de vender conteúdo atraente que outros veículos de comunicação sem drones não têm.

Técnicas de pilotagem 

Os jornalistas que queiram cobrir notícias com drones vão precisar de técinas de pilotagem para voar os drones e, ao mesmo tempo, capturar fotos e vídeo. Há grupos amadores que poderiam preencher essa necessidade, bem como algumas startups que oferecem aulas de voo mediante a pagamento. Jornalistas interessados ​​em usar drones para reportagem podem ter aulas antes de suas organizações de mídia obterem o hardware. Desta forma, eles podem praticar e se acostumar a voar antes da implantação real para cobertura de notícias.

Decidindo que notícias cobrir 

Essa emoção infantil de conseguir um novo brinquedo pode tomar conta quando os jornalistas têm drones e as habilidades para fazê-los voar. Cada história agora deve ser coberta com o novo hardware? Não. As organizações de mídia têm que desenvolver políticas internas sobre quando UAVs devem ser implantados em reportagens.

Por exemplo, drones são ótimas ferramentas quando é perigoso para o jornalista estar fisicamente presente para cobrir uma história, como um protesto que está fora de controle ou um desastre ambiental onde gases tóxicos estão sendo lançados. No entanto, é importante pesar o risco de voar um drone sobre uma multidão inquieta durante um protesto; existe o perigo de um acidente ou de manifestantes ou polícia atirar no drone e causar prejuízo. A decisão de usar ou não usar drones para cobrir uma história deve ser feita com base em cada caso. 

Respondendo a restrições 

Nos países que proibiram o uso de drones ou restringiram a sua utilização, os repórteres só podem voltar a usá-los se as proibições são levantadas ou a legislação alterada. Outros países que ainda não baniram ou restringiram drones podem considerar tal ação. Um dos possíveis cursos de jornalistas é a de se alinhar com outros entusiastas de drones como uma rede que pode apresentar posições comuns e oferecer sugestões sobre as leis ou sobre a legislação proposta.

Considerações éticas

Uma questão importante para os jornalistas é se os novos recursos oferecidos por drones estão em conformidade com a ética do jornalismo tradicional. A Sociedade Profissional dos Jornalistas de Drone tem um código de ética útil. O uso de drones não remove os requisitos éticos testados pelo tempo do jornalismo, mas sim exige considerações adicionais.

A privacidade dos outros cidadãos deve ser considerada, pois drones podem voar sobre áreas em que o repórter não seria capaz de acessar. Há também a considerar a segurança envolvendo aeroportos, aeronaves e instalações militares. A segurança pública é igualmente importante; leva apenas um instante para que um drone se transforme de uma ferramenta de trabalho a um objeto perigoso se deixa de funcionar em uma área cheia de gente.

É evidente que mais problemas virão à tona à medida que mais drones irem ao ar. Os jornalistas e organizações de notícias devem estar preparados para lidar com essas questões à medida que surgem para assegurar que os drones sejam um instrumento útil e responsável para a coleta de notícias.

Imagem principal é uma tomada aérea do lixão Dandora de Nairóbi em outubro de 2014, usada com permissão. Imagem cortesia de Ben Kreimer, conselheiro de tecnologia da skyCAM