Esta é a segunda parte da nossa série "Perspectivas no fotojornalismo". Para ler a parte 1, clique aqui.
Há poucas semanas, a fotojornalista freelance internacional Allison Shelley estava cobrindo uma manifestação para a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, em inglês) quando se viu fazendo uma coisa cada vez mais comum: ela fez uma "foto rápida com seu iPhone" para a redes sociais da organização.
É apenas um exemplo de como os editores de fotos estão cada vez mais buscando outras habilidades visuais e técnicas além da fotografia tradicional.
Paul Moakley, sub-editor de fotos da revista TIME, passou vários anos pensando sobre a evolução da fotografia, particularmente na convergência de câmeras e telefones.
De seu lado da indústria, ele disse que é preciso muito trabalho para realmente modernizar e integrar completamente os departamentos de fotos. Em seu trabalho anterior na Newsweek, os departamentos de fotos online e impresso eram muito separados.
"Quando eu sai em 2009... os editores ainda estavam trabalhando na revista e talvez dessem algumas fotos aos editores online... ainda era uma etapa chata", disse ele.
Ele e sua nova colega, Kira Pollack, decidiram dedicar muito esforço para integrar os departamentos da TIME.
"Começamos a publicar mais histórias visuais online e realmente tentamos criar um lugar onde as apresentações de slides poderiam estar em um ambiente diferente e ter uma presença fotográfica real", afirmou.
Muita audiência da TIME agora está vendo as fotos da revista primeiro em seu feed no Facebook ou Instagram e só mais tarde na revista impressa. Moakley escolhe quais fotos funcionam para diferentes plataformas e públicos.
Devido a essas mudanças, eles buscam novas habilidades, como vídeos narrativos e criativos, incluindo filmagens horizontais, de seus fotojornalistas.
"Eu incentivaria os fotógrafos a ficarem confortáveis com o vídeo, porque eles podem estar em uma situação de emergência onde nós [editores] precisamos disso. Mas há pessoas que fazem isso e pessoas que não, e não esperamos que todos façam isso", disse ele, acrescentando que fazer vídeo significa muito trabalho extra.
Ele disse que os fotógrafos só devem aceitar trabalhos de vídeo se forem capazes de fornecer imagens e áudio de alta qualidade.
"É importante que os fotógrafos pensem sobre esse meio [vídeo] e como seu trabalho se traduz e também no seu nível de conforto", aconselhou. "Você deve se certificar de que pode oferecer a melhor qualidade para que não crie um relacionamento ruim com os clientes com quem você trabalha."
Tom Hundley, editor sênior de fotos do Centro Pulitzer, trabalha em projetos com iPhones e fotografia, mas também disse que estão usando tecnologias antigas, incluindo técnicas de filmes e infravermelhos, para reproduzir os primeiros dias da fotografia para alguns projetos criativos.
Na França, Marie-Pierre Subtil, editora-chefe da 6 Mois Magazine, foca em produzir jornalismo visual e de texto de qualidade para uma revista impressa, deixando de lado a espontaneidade dos visuais das mídias sociais para matérias de fotos mais detalhadas.
A revista obteve um desempenho positivo desde o lançamento de 2011, com 2.879 assinantes e 27.000 cópias de cada edição distribuídas para livrarias em toda a França.
Embora ela use a internet para encontrar histórias e se comunicar com outros, ela disse que ainda acredita que as revistas impressas são relevantes para contar grandes histórias através de imagens e texto. Ela ama que essas pessoas --famílias inteiras e grupos de amigos-- podem segurar a revista impressa em suas mãos, falar sobre ela e compartilhá-la.
Imagem sob licença CC do Creative Commons Zero - CC0 via Max Pixel