Notícias reais sobre notícias falsas: Britânicos e europeus são menos propensos a compartilhar histórias falsas do que americanos

por Laura Hazard Owen
Oct 30, 2018 em Combate à desinformação

O fluxo crescente de reportagens e dados sobre notícias falsas, desinformação, conteúdo partidário e literacia de notícias é difícil de acompanhar. Este resumo semanal oferece os destaques que você pode ter perdido.

França>Reino Unido>Estados Unidos.……pelo menos quando se trata de não compartilhar notícias-lixo, de acordo com um memorando do Project on Computational Propaganda do Instituto Internet da Universidade de Oxford. Os pesquisadores mediram "atividade de bot e junk news" no Twitter na última semana da campanha antes das eleições gerais do Reino Unido (de 27 de maio a 2 de junho) e descobriram que junk news (definidos como "informações enganosas, erradas ou incorretas que passam por notícias reais sobre política, economia ou cultura") representaram 11,4 por cento do conteúdo compartilhado…

em comparação com 12 por cento durante o primeiro período de amostragem no Reino Unido, 12,5 por cento na Alemanha e 5,1 por cento e 7,6 por cento, respectivamente, nas duas rodadas eleitorais na França. Nós também descobrimos que os usuários do Reino Unido não estavam compartilhando tanta notícia em suas conversas políticas quanto os usuários dos EUA na campanha das eleições de 2016, onde o nível de junk news compartilhado foi significativamente maior. Nos dias que antecederam as eleições dos EUA, fizemos um estudo minucioso sobre o consumo de informações de junk news entre os eleitores de Michigan [anteriormente cobertos nesta coluna] e descobrimos que os usuários compartilhavam tanto junk news quanto conteúdo de notícias profissionais em torno de 33 por cento do total de conteúdo cada.

As diferenças substantivas entre as qualidades das conversas políticas são evidentes de outras formas. Na amostra dos EUA, 33,5 por cento dos links relevantes compartilhados levaram a conteúdo de notícias profissionais. Na Alemanha, isso foi de 55,3 por cento, e na França, isso foi entre 49,4 e 57 por cento dos links relevantes em ambas as eleições. Da mesma forma, no atual estudo baseado no Reino Unido, mostramos que 53,6 por cento dos links relevantes compartilhados levaram a conteúdo de notícias profissionais.

Então, talvez esses países europeus estejam aprendendo com os erros dos americanos? Para piorar a situação dos americanos, "também podemos mostrar que os indivíduos que discutem política nas mídias sociais nos países europeus pesquisados tendem a compartilhar fontes de informação de maior qualidade do que os usuários nos EUA", escrevem os pesquisadores.

"Os contextos sociais podem impedir a verificação de fatos". Pobre verificação de fatos, nunca há boas notícias. Tom Jacobs, do Pacific Standard, escreveu um artigo sobre um estudo de pesquisadores da Universidade Princeton: "A presença social percebida reduz a verificação de fato". Do artigo:

Oito experimentos sugerem que as pessoas são menos propensas a verificar afirmações quando percebem a presença de outras pessoas, mesmo ausentes de interação social direta ou feedback. A noção de presença social percebida vem da literatura sobre Teoria do Impacto Social e facilitação social que examinou a influência de outros não interativos -- cuja "mera presença" pode ser real, implícita ou de outra forma imaginada -- no comportamento individual.

Por que isso acontece? Não parece ser "difusão de responsabilidade" ou "negligência social" (ou seja, todos estão esperando para que alguém se manifeste: em um experimento, as pessoas foram efetivamente pagas por cada declaração que verificaram, e ainda assim "os participantes sinalizaram, ou checaram menos os fatos [quando estavam] em grupo do que sozinhos". Os pesquisadores também não encontraram "um efeito consistente da presença social no número de declarações identificadas como verdadeiras". Mas:

Nossos dados fornecem algumas evidências para a terceira via -- a vigilância reduzida -- e sugerem que contextos sociais podem impedir a verificação de fato, pelo menos em parte, diminuindo a guarda das pessoas de forma quase instintiva. Esses contextos podem assumir a forma de plataformas que são inerentemente sociais (por exemplo, Facebook) ou podem ser abordados por recursos de ambientes online, como "curtidas" ou "compartilhamentos", que uma mensagem recebe.

De "regiões longínquas da internet" para o FoxNews.com. Neil MacFarquhar e Andrew Rossback, do New York Times, rastrearam como uma história falsa sobre um ataque russo a um navio dos Estados Unidos se espalhou a partir de uma "coluna de opinião" russa, aparentemente satírica, para o FoxNews.com. A coluna falsa original foi escrita em 2014 e viajou pelo Facebook, a TV russa, os tablóides britânicos The Sun e The Daily Star, e finalmente chegou no FoxNews.com (a notícia foi removida depois que o Times publicou esta história).

Este artigo foi publicado originalmente no Nieman Lab e é republicado com permissão. 

Imagem principal sob licença CC no Flickr via Live4Soccer(L4S)