Na linha de frente: Documentário mostra vida de um freelancer internacional

por Clothilde Goujard
Oct 30, 2018 em Freelance

Durante três anos, o documentarista Santiago Bertolino seguiu os passos do jornalista freelance canadense Jesse Rosenfeld. Ele filmou-o enquanto estava viajando de Toronto para Istambul, Irbil, Iraque e Cairo e cobria as histórias tumultuadas e cruciais que se desenrolavam no Oriente Médio.

Ele também o filmou esperando, lutando para encontrar trabalho, calculando orçamento e às vezes se preocupando.

"[Ser um jornalista freelancer] é um excelente trabalho porque você tem a liberdade de escolher suas histórias, mas ao mesmo tempo, está vivendo constantemente em alguma forma de insegurança", diz Bertolino.

Em um momento do documentário, Rosenfeld envia a cobrança de um colete à prova de balas ao seu editor para suas próximas histórias no Iraque, onde ele planejava seguir combatentes Peshmerga. No entanto, o editor acha a conta muito cara.

"No final, ele comprou [o colete], mas teve que pedir emprestado dinheiro -- mas se tivesse trabalhando para uma publicação, ele teria o equipamento", diz Bertolino. "Trata-se de assumir seus próprios riscos."

Em seu documentário "Freelancer on the front lines" [Freelancer nas linhas de frente], produzido pelo National Film Board do Canadá, Bertolino queria mostrar ao público a vida de um jornalista freelance internacional. O filme destaca a liberdade, aventura e adrenalina emocionante, mas também o estresse contínuo sobre dinheiro, segurança e falta de oportunidades.

Bertolino conheceu Rosenfeld em 2011 em um barco canadense com militantes tentando quebrar o bloqueio israelense em torno de Gaza.

"[Rosenfeld] teve Ramallah como base por sete anos, então ele fazia parte dos poucos jornalistas que podiam cobrir a realidade da Palestina enquanto vivia lá", explica Bertolino.

O documentarista conhecia vários amigos jornalistas que tentaram ir ao exterior para fazer freelance, mas nunca conseguiram viver do seu trabalho. Mas Rosenfeld conseguiu. E Bertolino, que sempre se interessou por mídia em geral, decidiu seguir Rosenfeld como uma maneira de contar a história do jornalista freelance internacional.

Ele planejou filmá-lo por um ano, mas houve longos períodos de tempo em que Rosenfeld não teve muito trabalho, então ficou por três anos observando a emoção e as lutas da vida do freelancer.

Quando Gaza explodiu em violência em 2014, Rosenfeld é visto se preparando para ir, e seu amigo, um jornalista canadense-israelense, adverte-o. Quais são os seus planos? Quais são os seus recursos? Porque, afinal de contas, a CNN e Fox News já estarão lá a um passo à frente.

Rosenfeld é forçado a esperar porque prevê que suas despesas em Gaza seriam substanciais e, portanto, precisaria ter uma publicação apoiando-o antes de ir.

Encontrar uma publicação, com orçamento baixo, interessada em matérias internacionais -- que também são muitas vezes caras -- pode ser difícil, mas Rosenfeld tem um bom relacionamento com o Daily Beast. No entanto, o jornalista canadense quase nunca publica suas matérias internacionais na mídia canadense.

Além disso, a competição com outros jornalistas freelance pode ser difícil.

"Há sempre uma espécie de obsessão de observar artigos de outros jornalistas e ver como pode propor um artigo que fará com que você se destaque", diz Bertolino.

Para ficar no radar de outros jornalistas na mesma região e editores do outro lado do mundo enquanto interage com o público, Rosenfeld carrega seu celular onde quer que vá para ligar, tuitar, publicar fotos e fornecer atualizações no ciclo de notícias de 24 horas por dia, sete dias da semana.

Mas Bertolino também mostra as missões contínuas dos jornalistas freelance para contar histórias pouco reportadas, mas essenciais, através da determinação incondicional de Rosenfeld de propor, vender e reportar sobre matérias caras e valiosas.

Assista ao trailer do filme abaixo:

Freelancer on the Front Lines Trailer do NFB/marketing no Vimeo.

Imagem principal (da esquerda para a direita): Jesse Rosenfeld, dois combatentes curdos Peshmerga e Santiago Bertolino. Segunda imagem de Rosenfeld entrevistando um refugiado sírio. Imagens cortesia do National Film Board do Canadá.