O que começou como uma conversa em uma página no Facebook rapidamente se transformou em um movimento nacional contra o assédio sexual na redação. Uma equipe de 13 jornalistas lançou a Press Forward no dia 13 de março em um evento no National Press Club em Washington.
O grupo se conectou no início de setembro, quando o movimento #MeToo se expalhou e as jornalistas foram para as redes sociais para compartilhar suas experiências.
"Algumas pessoas realmente queriam um grupo de apoio", disse Dianna Burgess, profissional de comunicação em Londres e uma das fundadoras da organização. "Nós 13 achamos que era realmente importante fazer algo, fazer algo positivo sair de algo que não era uma experiência positiva.”
Embora o grupo de fundadores tenha idades, raças, sexualidades e geografias diversas, sua formação na mídia e desejo de criar mudanças foram os denominadores comuns, disse Burgess.
Outro membro do grupo, Eleanor McManus, passou mais de 10 anos trabalhando para a CNN, desde 22 anos de idade. Quando a história de Mark Halperin apareceu, ela compartilhou sua própria experiência publicamente, mas queria fazer mais.
"Percebemos que tínhamos um grupo de atuais e ex repórteres e produtoras talentosas que foram a campo para fazer diferença, para ajudar a contar uma história", disse McManus. "Unidas, podemos fazer a diferença e ajudar futuras aspirantes a jornalistas."
As fundadoras rapidamente migraram do grupo no Facebook, discutindo formas de implementar mudanças tangíveis. Usaram e-mail, mídia social e teleconferência para fazer a maior parte do planejamento.
A organização anunciou sua formação no mesmo dia em que a Time Magazine anunciou “as quebradoras de silêncio” como "personalidade do ano", o que inspirou muito interesse e apoio para o Press Forward.
No entanto, foi importante que as fundadoras da organização definissem metas e estratégias claras antes que outras pessoas se envolvessem. "Nós realmente queríamos organizar as coisas de uma maneira que fizesse sentido", disse Burgess.
Em março, elas tinham uma declaração de missão claramente definida: “Criar um ambiente de trabalho seguro e elevar a posição das mulheres no local de trabalho, começando na redação.”
Muitas das mulheres se encontraram pela primeira vez no evento de lançamento, que contou com palestrantes, comunicados e painéis de discussão. Membros do painel incluíram fundadores e membros de seu conselho consultivo, incluindo Ted Koppel, Jake Tapper e Sara Just.
Embora alguns dos comentários dos painelistas fossem provocadores, Burgess achou que foram bem tratados e demonstraram que as pessoas podem discordar sobre questões enquanto ainda trabalham para o mesmo objetivo.
A estratégia do Press Forward divide-se em quatro componentes principais: criação de treinamentos inovadores sobre agressão sexual, realização de avaliações de cultura de redação, criação de um plano de indústria para promulgar mudanças e definir padrões de melhores práticas.
Por meio de uma série de painéis de discussão, eventos educacionais e divulgação em escolas de jornalismo, o Press Forward também espera educar e treinar funcionários (de gerentes a estagiários) sobre como lidar com problemas nas redações à medida que surgem. Elas trabalharão ao lado do Instituto Poynter para desenvolver novas diretrizes de treinamento para as redações.
"A maioria das organizações de mídia nem faz treinamentos de assédio sexual", disse Kelly McBride, vice-presidente do Instituto Poynter. “Dos treinos que existem, a maioria parece ineficaz. Queremos desenvolver um treinamento que esteja enraizado nos valores centrais do jornalismo. Em vez de dizer às pessoas para se comportarem, queremos ensinar os líderes a construir uma redação mais equitativa.”
Burgess disse que sua maior iniciativa será realizar um grande estudo de seis meses nas redações de todo o país, a fim de entender melhor a cultura e fazer recomendações baseadas em dados.
"Mais pesquisas sobre a situação das mulheres jornalistas e as condições sob as quais trabalham são necessárias", disse Elisa Lees Muñoz, diretora executiva da Fundação Internacional da Mulher para a Mídia (IWMF, em inglês), que faz parceria com o Press Forward na iniciativa. “Sem fatos e números para respaldar a evidência anedótica que ouvimos ao longo dos anos, torna-se difícil transmitir o impacto do problema e propor soluções.”
O Press Forward atualmente aceita doações, mas ainda está em busca de mais recursos. Até agora, todo o trabalho foi voluntário e projetos futuros (como a contratação de especialistas para conduzir um estudo) exigem uma renda estável.
McManus disse que está preocupada que o movimento contra o assédio no local de trabalho perca força, mas elas continuam a programar eventos para manter a conversa na mente das pessoas.
O grupo vai participar de painel de debates em Washington e Nova York, fez aparições em universidades e compartilha recursos através de seu site e mídia social.
"Realmente só está mudando o ponto de partida", disse Burgess. "Eu sei que isso soa tão simples e básico, mas e se o ponto de partida fosse que uma mulher com um problema possa ir a alguém em quem ela pode confiar e que irá acreditar nela?"
Imagem sob licença CC no Pixabay via surdumihail