Se a crise que os veículos de comunicação atravessam ao definir um modelo de negócios sustentável na era digital junta-se à crise econômica dos países desenvolvidos, o resultado é uma situação complexa em que muitos jornalistas trabalham por esmolas.
Isso foi o que a jornalista espanhola Azahara Cano descobriu quando recebeu uma oferta de escrever artigos de 800 caracteres a €0.75 (US$0.95) cada.
Indignada, Cano denunciou a situação nas redes sociali e criou o hashtag #gratisnotrabajo (ou "eu não trabalho de graça), que culminou em um movimento contra “ofertas porcarias.”
Recentemente a Asociación de la Prensa de Madrid concedeu uma “Menção Especial” ao hashtag “em reconhecimento a todos os jovens jornalistas que tantas dificultades estão encontrando para exercer o jornalismo de uma maneira digna e decentemente remunerada”, segundo o site da organização.
O movimento cresceu e pode ser acompanhado no Facebook, além do Twitter.
Renomados jornalistas e importantes meios de comunicação da Espanha, como os jornais ABC o El Mundo também cobriram o fenômeno.
Quase dois meses depois, o movimento não só ganhou o prêmio de jornalismo, mas também conseguiu que várias empresas eliminassem ofertas indignas, que foram denunciadas através do site por diversos jornalistas.
Em entrevista ao jornal ABC, Carmen del Riego, presidente da Asociación de la Prensa de Madrid, disse que o grupo estuda a criação de um observatório para analisar as propostas trabalhistas deste tipo.
“Quando eu comecei na profissão, me disseram que o importante era meter a cabeça, mas o certo é que se aceitamos estas condições o que fazemos é ir contra o que os jornalistas trabalham e cobram, e também contra nós mesmos (…) O ofício do jornalsta leva tempo demais, esforço e prestígio em jogo para fazer de graça”, ela refletiu.