Reportagens sobre questões de segurança nacional podem ser um dos trabalhos mais difíceis para um jornalista, mas há especialistas e um conjunto de dados que podem ser encontrados em várias iniciativas de pesquisa universitária.
Uma delas é um centro de pesquisa da Universidade de Maryland que se concentra no estudo do terrorismo. A iniciativa, conhecida como START (Estudo de Terrorismo e Respostas ao Terrorismo), apresenta um banco de dados pesquisável de artigos de mais de 50 instituições acadêmicas e de pesquisa, bem como agências de segurança doméstica, sobre uma variedade de tópicos relacionados à segurança.
"Este não é o seu projeto acadêmico padrão", disse o diretor do START, Gary LaFree. "Nós tentamos divulgar tudo para o público e torná-lo fácil de usar. Os jornalistas estão entre nossos principais usuários, especialmente para o Global Terrorism Database (GTD)."
O GTD se autodenomina o maior e mais abrangente banco de dados de código aberto sobre eventos terroristas internacionais e nacionais, com informações sobre mais de 150.000 ataques terroristas entre 1970 e 2015.
Os Departamentos de Defesa e Segurança Doméstica dos EUA são os principais usuários do site START, que recebe "milhões de usuários por mês", de acordo com LaFree.
O banco de dados pode revelar-se particularmente útil para os jornalistas que procuram fornecer contexto e estatísticas para matérias sobre terrorismo e política de segurança nacional. Por exemplo, um infográfico publicado pelo START em janeiro identificou 109 planos ligados ao jihad para usar violência contra os Estados Unidos entre janeiro de 1993 e fevereiro de 2016. Destas, apenas 13 foram concluídos com sucesso.
Outros resultados significativos compilados pelo START, que podem ser relevantes para os jornalistas que cobrem a política de segurança nacional, incluem:
- A maioria dos perpetradores desses planos eram cidadãos americanos ou residentes (75 por cento); poucos terroristas estrangeiros de volta ao EUA estavam entre eles (3 por cento); e não houve refugiados.
Pessoas solitárias eram raras: apenas nove planos em mais de 20 anos foram orquestrados por alguém agindo sozinho.
Cerca de 25 por cento dos planos podem ser ligados de forma credível a uma organização terrorista conhecida.
Há também uma página de informação sobre o número de mortes americanas em ataques terroristas entre 1995 e 2015.
Em uma matéria de fevereiro de 2017, o Washington Post usou um estudo do START para negar a noção de que o extremismo islâmico é uma ameaça pior do que os movimentos extremistas de origem nacional.
Citando uma análise do START, o Post informou: "Dos 66 homicídios militares ou de justiça criminal perpetrados pela Al-Qaida e seus movimentos associados e extremistas de extrema-direita de 1990 a 2015, 54 dessas mortes -- mais de 80 por cento -- vieram da extrema direita."
"Um exemplo disso seria um extremista anti-governo que ataca um policial porque suas crenças ideológicas exigem que ele lute contra o governo, particularmente a polícia", observou a reportagem do Post.
Outras publicações apresentadas pelo START examinam o recrutamento e a radicalização de terroristas de extrema-direita nos EUA, questões de terrorismo na Europa e a ajuda a sobreviventes e famílias afetadas pelo terrorismo, entre outros temas.
Os usuários também encontrarão um link para um curso online gratuito, "Entendendo o terrorismo e a ameaça terrorista", que começa no dia 13 de março.
Para aqueles que buscam outros recursos acadêmicos para complementar suas reportagens sobre política de segurança, outro recurso valioso é o Centro de Segurança Nacional (CNS, em inglês) na Faculdade de Direito Fordham. A iniciativa é descrita como "a fonte proeminente de análise jurídica e dados estatísticos sobre os processos de terrorismo nos EUA."
Um dos destaques: um exame caso a caso de processos do ISIS nos Estados Unidos de março de 2014 a junho de 2016. Os jornalistas podem encontrar informações detalhadas sobre esses casos, incluindo cidadania, gênero, história pessoal e redes interpessoais.
O CNS também tem um banco de dados pesquisável sobre os processos de terrorismo nos EUA, que não é público, mas os jornalistas podem entrar em contato com o pessoal do CNS com perguntas específicas de busca. O banco de dados monitora "o progresso dos casos de terrorismo pelo sistema judicial dos EUA e analisa as tendências de radicalização, estratégias legais e sentenças para os acusados de crimes relacionados ao terrorismo", de acordo com o site.
Baseado em informações deste banco de dados, o CNS irá criar fichas de fatos sobre questões como casos de combatentes estrangeiros, casos de informantes do FBI, detalhes biográficos sobre acusados de terrorismo e padrões de condenação. Seu último relatório, "Casos do ISIS nos Estados Unidos", foi publicado em julho de 2016.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via The U.S. Army