Media Party na Argentina: Futuro do jornalismo será igualitário

por Ana Prieto
Sep 11, 2019 em Jornalismo digital
Chicas programando

A Media Party conseguiu de novo: mais de 2.500 estudantes, jornalistas, designers, programadores, ativistas e interessados ​​no futuro da informação e inovação se reuniram por três dias no final de agosto, no centro da cidade de Buenos Aires, para discutir, descobrir e intervir nos novos formatos do ecossistema da mídia.

Com foco especial na desinformação, empreendedorismo e disparidade de gênero, o evento — fundado pelo ex-bolsista do ICFJ Mariano Blejman e organizado pelo Hacks/Hackers local — demonstrou pelo oitavo ano que não são poucos os desafios que permeiam o futuro do jornalismo, mas que há muitas razões para ser otimista.

Como nas edições anteriores, a Media Party teve convidados que lideram projetos inovadores em diferentes partes do mundo: Andrew Losowski, do Vox Media Coral Project, Andrew Fishman, do The Intercept, James Dooley, do BBC News Labs, Elomar Souza, do Facebook Journalism Project, Derek Willis, da ProPublica, Diana Iris Peredo Morales, da Pictoline, Carlos Amilcar, do El Estornudo, David Maas, da IJNet e mais. Houve palestras, workshops, uma feira de mídia que exibiu dezenas de empreendimentos e uma hackatona que envolveu cerca de 250 pessoas, com financiamento para quatro projetos vencedores: Nerd Api, ScrapEle, LID Elecciones e Yo lo chequeo.

Os lighting talks ou apresentações relâmpago da Media Party já são um clássico que reúne centenas de participantes na maior sala do evento. Aqueles que sobem ao palco têm cinco minutos para divulgar seu projeto, objetivos e resultados e encontrar parceiros, apoio, leitores ou usuários, conforme apropriado. Nesta edição, se destacaram os projetos que buscam superar as disparidades de gênero. Mostramos aqui para você.

O semáforo da desigualdade

Em média, as mulheres passam três horas por dia a mais do que os homens nas tarefas domésticas. Com a intenção de dar visibilidade a esse trabalho não remunerado e não reconhecido, a organização de fact-checking argentina, Chequeado, liderou o projeto Semáforo de la desigualdad, que combinou elementos analógicos (colocar um semáforo real em uma rua central da cidade de Buenos Aires e pedir a homens e mulheres que parem diante dele), entrevistas clássicas e coleta de dados para mostrar como a desigualdade de gênero – e o tempo que consome – interfere no progresso das mulheres.

Programação para meninas 

Desde a sua criação, há mais de 70 anos, o campo da programação tem sido predominantemente masculino. Mas isso está mudando. Chicas programando é uma comunidade de programadoras que busca capacitar mulheres que iniciam uma carreira e incentivar uma maior diversidade em projetos tecnológicos. Elas organizam treinamentos, como Escolha sua própria aventura em tecnologia, bate-papos para ajudar colegas novas a se preparar para uma entrevista de emprego e reúnem ofertas de emprego em Buenos Aires e arredores.

#EnResistencia

Chicas Poderosas Argentina organizou a mediatona #EnResistencia para gerar espaços de colaboração entre mulheres jornalistas. Com o apoio da Google News Initiative e a participação de organizações sociais, 100 mulheres trabalharam em colaboração (muitas pela primeira vez) em diferentes projetos de multimídia para dar visibilidade a histórias sub-representadas. O resultado? Treze publicações na mídia nacional e regional sobre órgãos dissidentes, mulheres indígenas, gravidez infantil, voto jovem e mais.

Metis

SembraMedia, uma comunidade de mídia digital nativa em espanhol, perguntou às mulheres empreendedoras em sua rede quais são os principais desafios que enfrentam. A falta de mulheres nos espaços de liderança, diferença salarial e segurança na cobertura foram respostas recorrentes. Com o apoio da Google News Initiative, a SembraMedia lançou o Metis: um programa de mentoria de negócios para ajudar a sustentabilidade da mídia liderada por mulheres na América Latina. A chamada foi encerrada em 5 de setembro e recebeu inscrições de mais de 80 mulheres fundadoras.

Bônus: um emoji para o sexo seguro

Fundação Huésped, uma organização argentina reconhecida que desenvolve ações para prevenir e promover direitos para garantir o acesso à saúde e reduzir o impacto de doenças como o HIV/AIDS, aproveitou a plataforma da Media Party para anunciar seu projeto de desenvolver o emoji de preservativo para promover o sexo seguro. Os interessados ​​podem participar da iniciativa enviando um email para lab@huesped.org.ar.


Imagem: Lightning talk das Chicas Programando na Hacks/Hackers Media Party 2019