Quando a mídia tradicional define as melhores práticas para novas mídias, é controvérsia na certa. A Sociedade Americana de Editores de Notícias (ASNE, em inglês) escreveu recentemente diretrizes para mídia social que agitou os jornalistas no Twitter.
A ASNE foi fundada em 1922, em uma época quando obter notícias significava ler jornal ou ouvir rádio. Talvez percebendo isso, eles alistaram James Hohmann do renomado site Politico para escrever o relatório, juntamente com uma comissão interna.
O Guia do ASNE visa proporcionar um base para os editores formarem políticas sobre a mídia social.
"Houve três reações distintas sobre o guia:.. Os nossos membros e aqueles para os quais que o guia foi destinado a ajudar foram positivos. Diversas pessoas no mundo das novas mídias acharam que foi um passo bom, mas criticaram alguns dos enfoques. E uns poucos triunfalistas da nova mídia no Twitter riram e distorceram os resultados", disse à IJNet, o diretor executivo da ASNE, Richard Karpel.
Desde o seu lançamento no início deste mês, o guia foi baixado mais de 800 vezes. Em um cenário de mídia pontuado por vídeos virais no YouTube que ganham milhões de visualizações em apenas alguns dias, isso não parece muito. No entanto, considerando que há apenas 1.400 jornais diários nos Estados Unidos, não é ruim. Mas qualquer um pode fazer o download do guia no site. Karpel, cuja organização conta com 450 membros, diz que "a taxa de download é bastante grande em nosso mundo."
A IJNet fez um resumo de alguns dos pontos a mais contestados.
Quem você acha que está com a razão?
Guia do ASNE: As regras da ética tradicional também valem: "Os repórteres devem agir da mesma forma online como o fariam em pessoa. Isto parece ser bom senso, mas não é óbvio para muitos jornalistas."
Perspectiva do Jornalista: "Sim, mas não existem contradições inerentes aqui? Será que todos agem o tempo todo em pessoa da mesma maneira que gostariam de ver na primeira página? Ser profissional online é ainda mais importante do que em pessoa, porque sempre se pode encontrar e citar o que dizemos online", escreveu Joy Mayer, bolsista do Donald W. Reynolds Journalism Institute.
Guia do ASNE: Presuma que tudo que você escreve online irá se tornar público: "Manter esferas separadas não é mais possível... muita informação pessoal atrapalha e desvaloriza a marca."
Perspectiva do Jornalista: "Isto é exagerado, como se as organizações noticiosas tivessem o direito de ditar o comportamento dos jornalistas na mídia social ... tolice absoluta. As organizações de notícias não têm que dizer nada sobre o que os jornalistas publicam pessoalmente,"escreveu Jeff Elder, que estudou a mídia social enquanto bolsista Knight.
Guia do ASNE: Publique notícias novas no seu site, não no Twitter: "Em um clima noticioso que valoriza a velocidade, há uma grande tentação e incentivo para dar a notícia no Twitter ou Facebook... isto enfraquece um dos principais valores da mídia social para as organizações de notícias, que é dirigir o tráfego."
Perspectiva do Jornalista: "Minha recomendação seria para que os repórteres rapidamente avisassem suas redações primeiramente e em seguida tuitarem sem esperar que a notícia apareça no site. Ser o primeiro a dar a notícia está em primeiro lugar, independentemente de onde é publicada. Então, prossiga com um tuite com um link quando a notícia for publicado. (E publique rapidamente. Apenas tecle algumas linhas e atualize a notícia à medida que dê.) Jornalismo é um processo, não um produto acabado," escreveu Cory Bergman, diretor da BreakingNews.com.
Guia do ASNE: Tenha cuidado com as percepções: "Não se junte somente a grupos ou páginas do Facebook que tendem a uma direção ideológica. Tente controlar as configurações de privacidade, quando possível. "
Perspectiva do Jornalista: “As pessoas se expressam nas redes sociais? Claro que sim. Deveriam evitar ser idiotas ou ofensivos? Sim. Mas esperar que não tenham opinião e, em seguida, demiti-los ou puni-los quando o fazem, é ingenuidade extrema", escreveu Mathew Ingram do GigaOM.
Guia do ASNE: Verifique tudo o que encontrar em sites de rede social, antes de apresentar em outro lugar.
Perspectiva do Jornalista: "A base do conselho é boa ... mas a estrela do jornalismo de mídia social da NPR agora é Andy Carvin, que faz um excelente trabalho compartilhando conteúdo de mídia social que ainda não verificou. O sucesso de Andy mostra que você pode usar a mídia social para ajudar a autenticar (a notícia) mais rápido do que poderia por conta própria", escreveu Steve Buttry, diretor da comunidade e mídia social para o Journal Register Company.
Guia do ASNE: Mantenha confidencial deliberações internas: "As redes de mídia social podem ameaçar a integridade da política editorial... alguns jornalistas buscam transparência em detrimento da responsabilidade profissional."
Perspectiva do Jornalista: "Pode ser. Eu odiaria ver regras rígidas sobre o assunto. Sim, seja profissional. Não lave roupa suja em público. Mas não devemos ser a favor de compartilhar nossos processos com os leitores? Levantando o véu do nosso processo de decisão?", escreveu Joy Mayer, bolsista Donald W. Reynolds Journalism Institute.
Guia do ASNE: As redes sociais são ferramentas, não brinquedos: "Em uma brincadeira do tipo 'dia da mentira', alguns jornalistas relataram informações falsas em sites de mídia social."
Perspectiva do Jornalista: "Por favor. A mídia social pode ser divertida. O exemplo citado, _quando Mike Wise do Washington Post plantou uma notícia falsa, foi simplesmente mau jornalismo, como seria publicar informações falsas em qualquer formato... a reprimenda tão grave sobre estas serem ferramentas faz parecer que estamos empunhando martelos aqui", escreveu Steve Buttry, diretor da comunidade e mídia social para o Journal Register Company.
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