No Haiti, uma plataforma de crowdsourcing agregou 45.000 mensagens de texto durante o terremoto. No YouTube, um vídeo com abuso dos direitos humanos na Chechênia acumulou 500.000 visualizações. Através do Facebook, milhares de tunisianos organizaram uma revolução.
Ao redor do mundo, a mídia social tem dado poderes a cidadãos comuns para contarem estórias através das suas perspectivas, humanizando eventos que a imprensa tradicional pode espalhar, disse um panelista do grupo de empresários e ativistas durante uma sessão na conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Mas todos ainda enfrentam os desafios de verificarem a informação e efetivamente apresentar o volume de material.
“As pessoas são capazes de criar as suas próprias narrativas sobre um evento específico,” disse David Kobia, co-fundador da plataforma de crowdsourcing e mapeamento interativo Ushahidi. “As pessoas agora sabem que essa é a versão real da estória, de acordo com uma pessoa específica. Este ponto vermelho em particular que alguém possa ver, esse é um evento real, acontecendo a alguém em algum lugar.”
Usuários e organizações de imprensa utilizaram o Ushahidi para monitorar eleições na Índia, divulgar violências sexuais no Egito e coordenar ações de respostas a desastres após o terremoto no Haiti e no Japão, inundações em Queensland, Austrália, tempestades de neve em Washington, D.C., e o derramamento de óleo no Golfo do México, disse Kobia.
Kobia enfatizou que a mídia social oferece ferramentas, mas não soluções. A plataforma em si não verifica os votos durante as eleições, por exemplo. Situações diferentes necessitam de técnicas diferenciadas, disse ele.
Cidadãos tunisianos usavam primeiramente o Facebook para conteúdos e organizarem protestos, disse a ativista tunisiana Sami Ben Gharbia. Mas as restrições à privacidade e limitação dos mecanismos de pesquisa e armazenamento significaram que a imprensa tradicional não poderia acessar facilmente às informações.
Um ecossistema surgiu, onde usuários podiam colocar conteúdos na Internet. Curadores como Global Voices e Nawaat traduziam e agregavam informações para compartilhar com a imprensa tradicional como a Al Jazeera, que transmitia as notícias ao redor do mundo.
Isso “criou certa cascata de informação que convenceu as pessoas a se unirem às demonstrações e juntarem-se à revolução,” disse Ben Gharbia. “Sem informação e sem o conhecimento por parte das pessoas do que está acontecendo em suas cidades e vizinhanças, elas não podem se unir às manifestações.“
O conteúdo gerado por usuários pode ser mais forte do que a cobertura tradicional em espalhar o conhecimento sobre um assunto, disse Gregory Shvedov, editor chefe do Caucasian Knot. Um leitor que não sabe nada sobre o conflito no Cáucaso pode assistir a um vídeo de um minuto e colocar um comentário. Isso constrói um diálogo e mais diálogos aumentam a chance da cobertura pela imprensa tradicional.
“Há várias vozes e isso é o que importa,” disse Shvedov, adicionando que a cobertura não precisa atingir o nível internacional para fazer a diferença. Pessoas em áreas remotas que vêem uma mensagem de texto ou um vídeo através de uma conexão ruim de telefone celular lembram-se das estórias que viram há anos, disse ele.
Seis bilhões de telefones celulares circulam pelo globo, disse Katrin Verclas, co-fundadora do MobileActive.org, uma rede que conecta ativistas através da tecnologia móvel. Isso democratizou dramaticamente a disseminação da informação, mas os smart fones ainda são relativamente caros e as redes inerentemente inseguras, disse ela.
Verclas descreveu a necessidade de garantir conversas e mensagens de texto criptografadas e transferência de arquivos. Por exemplo, a tecnologia do telefone celular não ajuda jornalistas ou cidadãos que trabalham em países repressores como Mianmar ou Coréia do Norte.
De qualquer forma, crowdsourcing permanece sendo uma ferramenta “de todos para todos; para o benefício de todos”, disse Kobia.
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A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) organiza as comemorações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa para celebrar os princípios fundamentais da liberdade de imprensa; defender a imprensa dos ataques à sua independência e pagar tributo aos jornalistas que perderam suas vidas no cumprimento do dever. Para maiores informações sobre a conferência global de 2011 do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Washington, D.C., acesse www.wpfd2011.org (em inglês).