Enquanto muitas editoras estão investindo fortemente no vídeo online, usuários de sites são mais propensos a assistir clipes emocionais curtos em vez de notícias, revelou um estudo recente do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo. De fato, 75 por cento dos entrevistados disseram que apenas ocasionalmente (ou nunca) assistem a vídeos de notícias online.
Dos 26 países incluídos na pesquisa, os Estados Unidos (33 por cento) tiveram o maior número de pessoas que disseram que assistiram a vídeos de notícias online durante a semana anterior, seguido pelo Canadá (32 por cento) e o Brasil (30 por cento).
Porcentagem de respondentes da pesquisa que assistem a vídeos de notícias online
Os entrevistados responderam a seguinte pergunta: você assistiu a um vídeo de notícias online na semana passada?
Entrevistados com base nos EUA (USA), Canadá (CAN), Brasil (BRA), Grécia (GRE), Turquia (TUR), Irlanda (IRE), Polônia (POL), Áustria (AUS), Espanha (SPA), Coreia (KOR), Hungria (HUN), Tchecoslováquia (CZ), Itália (ITA), Suécia (SWE), Reino Unido (UK), França (FRA), Bélgica (BEL), Suíça (SWI), Finlândia (FIN) , Portugal (POR), Alemanha (GER), Austrália (AUT), Holanda (NL), Japão (JPN) e Dinamarca (DK).
Quando perguntados por que não viam as notícias online, 41 por cento dos entrevistados responderam que acham a leitura mais rápida e conveniente. Outros 35 por cento disseram que era porque não gostavam de ser forçados a assistir um anúncio publicitário antes de poder ver o vídeo -- uma prática conhecida como "pre-roll".
Isso poderia sem dúvida ser interpretado como um sinal de alerta para a indústria global de notícias, pois muitos editores focam em anúncios de vídeo de notícias como forma de financiar redações que precisam de dinheiro.
Líderes de redações entrevistados pelo Instituto Reuters disseram que parte da razão pela qual eles se tornaram dependentes de pre-roll é porque os anunciantes não criaram uma melhor forma de alcançar uma audiência. "O que sabemos agora é que os anunciantes estão satisfeitos com pre-rolls. É o que eles querem", disse aos pesquisadores, Alison Gow, chefe de inovação digital em um jornal britânico local.
"O negócio da publicidade ainda não alcançou a natureza mutável da interação com o público", acrescentou Jason Mills da ITV News. "Onde estão os pre-rolls de cinco segundos?"
Sites de notícias vs. redes sociais
O foco do Facebook em vídeo também levou algumas organizações de notícias a investir fortemente na produção de vídeo. Atualmente, as redações não estão gerando muita receita ao fazê-lo -- embora não haja esperança de que algum dia ganharão.
A pesquisa do Instituto Reuters constatou que em alguns países -- particularmente o Brasil -- a maioria dos entrevistados está assistindo principalmente a vídeos de notícias em plataformas sociais como o Facebook. A tendência ainda não se espalhou para países como o Reino Unido e Japão, no entanto.
Qual é o tamanho da sua equipe de vídeo?
Embora ainda não esteja claro como redações receberão dinheiro ao publicar vídeos no Facebook e outras plataformas, isso não impediu que alguns órgãos de comunicação social invistam pesadamente em suas equipes de vídeo, como pode ser visto no gráfico abaixo. Dos líderes da redação entrevistados, 79 por cento disseram que pretendem continuar investindo em vídeo ao longo de 2016.
Organização de notícias | Número de pessoas trabalhando em vídeo de notícias online | Número de vídeos produzidos diariamente |
The Telegraph | 7-8 produtores e editores, além de uma equipe de marca/recursos | 30 vídeos de notícias video + uma séria especial |
The Guardian | 30 | 20 |
The Wall Street Journal | 40-50, mas varia de acordo com a época do ano | 30-40 |
The Washington Post | 40 | 50 |
Die Welt + N24 | 20 | 70 |
Apesar desse investimento em vídeo, redações ainda estão lutando para descobrir a melhor forma de ganhar dinheiro com isso. Além do uso de anúncios pre-roll -- que a pesquisa do Instituto Reuters descobriu que pode realmente desencorajar as pessoas de assistir a vídeos de notícias online -- empresas de mídia estão experimentando com conteúdo patrocinado. O BuzzFeed, em particular, fez esta uma parte central de sua estratégia, produzindo vídeos para empresas de ração para gatos e cadeias de fast food.
No entanto, como concluiu o relatório, isso pode não ser possível para redações com menos recursos. O investimento adicional na criação de conteúdo de vídeo para os anunciantes também pode ser uma razão pela qual o BuzzFeed não cumpriu as suas metas de receita no ano passado, acrescentou o relatório.
Quantos segundos de vídeo contam como uma "visualização"?
Outro problema para os anunciantes e empresas de mídia é medir o impacto dos anúncios de vídeo, pois plataformas de mídia social diferentes têm maneiras diferentes de contar uma única "visualização". O Facebook, por exemplo, conta 3 segundos como uma exibição de vídeo, em comparação a 30 segundos para o YouTube.
O relatório conclui que a explosão do vídeo de notícias online não está sendo impulsionada tanto pela procura dos consumidores mas por editores ansiosos em fornecer vídeos, na esperança de que isso um dia será uma importante fonte de recursos para as redações. No entanto, atualmente não é o caso. Mais pessoas devem continuar a ver mais vídeos, já que as conexões de internet estão se tornando mais rápidas e mais baratas, e as telas de smartphones estão aumentando. Ainda assim, é pouco provável que o vídeo substitua o texto ou resolva o problema da indústria da notícia quando se trata de fazer dinheiro, declarou o relatório.
Imagem principal sob licença CC no Flickr via Roberto Ferrari