Lições da tecnologia móvel do Facebook para organizações de notícias

por Jessica Weiss
Oct 30, 2018 em Jornalismo móvel

O recente anúncio que o Facebook fez grandes progressos na melhoria da experiência móvel para seus usuários pode servir de lição para o jornalismo.

Os números mostram que no segundo trimestre deste ano, 41 por cento do total da receita de anúncios, ou U$656 milhões, veio do celular. Em julho, o Facebook teve 819 milhões de usuários móveis ativos mensais, 219 milhões dos quais nunca visitam o Facebook.com de um desktop.

"Em breve teremos mais receita no celular do que de desktop," disse o CEO Mark Zuckerberg .

A experiência do Facebook deve ser "um alerta para as empresas de mídia e organizações de notícias," o especialista em tecnologia móvel Cory Bergman escreveu no Poynter. A mídia precisa "re-construir-se agressivamente para uma nova realidade" que está "migrando dos desktops aos dispositivos móveis."

A experiência do Facebook está "repleta de informações valiosas para as organizações de notícias", Bergman escreve. Aqui está um resumo dos pontos principais, segundo a IJNet:

Reconheça a necessidade de ser 'primeiro móvel' agora

Executivos de organizações de notícias nutrem uma dúvida contínua que o celular vai dar dinheiro, adotando uma abordagem do tipo "esperar para ver" ao fazer investimentos significativos. Mas Bergman diz que as organizações noticiosas precisa parar de ser céticas, reconhecendo a necessidade da tecnologia móvel e "mover-se rapidamente e decisivamente". Afinal, a tecnologia móvel está prestes a mexer com o jornalismo assim como a Internet fez há mais de uma década.

Na verdade, a onda móvel já está chegando, Bergman diz. Google, Facebook e Twitter controlam 70 por cento da publicidade móvel. Portanto, o desafio não é mais a falta de dólares móveis, mas a criação de uma cultura que dá prioridade ao celular para descobrir como competir com eles.

No caso do Facebook, Zuckerberg decidiu fazer com que a tecnologia móvel fosse não apenas um produto, e sim uma missão. E ele não esperou fazer isso até saber exatamente como o Facebook iria rentabilizar essa mudança. "Em vez disso, ele reconheceu que tinha que criar as condições e a cultura para que a empresa descobrisse isso antes que fosse tarde demais." Só então a inovação pode acontecer.

Inicie uma transformação organizacional

A tecnologia móvel não é apenas um novo projeto ou meio de distribuição, mas uma transformação organizacional. Você tem que ir de cabeça.

Na Breaking News, uma startup da NBC News Digital, onde Bergman trabalha, a equipe decidiu priorizar a tecnologia móvel e, em seguida, reformulou seus objetivos de desempenho, plano de produto, processo de design, estratégia editorial e produtos de receita para se concentrarem principalmente no celular.

No Facebook, Zuckerberg incluiu engenheiros móveis em cada equipe do produto, mantendo os líderes responsáveis pelo desempenho móvel. Ele reformulou recrutamento da empresa para contratar agressivamente talento móvel, e criou programas de treinamento móvel para centenas de seus engenheiros.

A tecnologia móvel requer transformação pessoal

Você não pode iniciar uma transformação para o celular, se não usar ou compreender o produto por si próprio, ou se está preso em um estilo de vida baseado no desktop.

O próprio comportamento de Zuckerberg mostrou uma vontade de mergulhar profundamente na tecnologia móvel, Bergman explica. Zuckerberg tirou o monitor de desktop de sua mesa, sempre que alguém dava uma ideia, ele perguntava: "Como isso parece no celular?" Ele bloqueou o acesso interno ao Facebook.com por uma semana, obrigando os funcionários a utilizarem dispositivos móveis, e pediu para a equipe trocar seus iPhones por telefones Android para espelhar melhor a população de usuários móveis do Facebook.

Compartilhe as métricas com a redação

Uma das melhores maneiras de promover uma mudança para móvel é compartilhando as métricas com a redação, Bergman diz.

Na CNN, por exemplo, editores discutem sobre os últimos números de celulares em reuniões editoriais diárias, comparando e contrastando como as matérias se saem em desktops e dispositivos.

Leia o artigo completo do Poynter (em inglês), clique aqui

Jessica Weiss, ex-editora-chefe da IJNet, é uma jornalista americana com base na Argentina.

Imagem cortesia de TARO MATSUMURA via Flickr sob licença Creative Commons