Lições aprendidas com o novo design dos principais sites de notícias

por Ashley Nguyen
Oct 30, 2018 em Jornalismo digital

Se você é um jornalista interessado na evolução da notícia digital, já deve ter lido um monte de mensagens de organizações explicando por que reformularam seus sites. (A propósito, a IJNet também escreveu uma mensagem deste tipo.) Cada artigo oferece uma introdução à "novidade" do site e garante a seu público uma coisa: Todas as coisas que você gostava ainda estão disponíveis. 

Designs reformulados podem ser imprevisíveis, prematuros e gigantescos, mas há certamente coisas para se ter em mente quando você ou sua agência de notícias tentar reformular um site. Abaixo estão algumas lições que aprendemos com grandes organizações de notícias que passaram por grandes transições na Web:

Não demore muito tempo para mudar. 

Um tema comum que surge nos comunicados sobre o lançamento do novo design é: "A quantidade de conteúdo em nosso site cresceu, mas a infraestrutura não." 

Em uma mensagem aos usuários do Slate.com em setembro de 2013, o editor-geral David Plotz disse que a reformulação do site foi a mais "completa remodelação em quase uma década". Anos atrás, Slate tinha menos conteúdo simplesmente. Agora, Plotz disse, eles produzem 14 blogs, além de uma maior quantidade de conteúdo diário. 

Apesar de o New York Times ter feito ajustes no seu site, a última reformulação visual ocorreu em 2006 - e, como é importante notar, o projeto é focado na aparência do "front-end". Mas em janeiro de 2013, o Times estreou um site diferente. 

Reed Emmons, o diretor de desenvolvimento Web para o Times, explicou no Open Blog  como a equipe teve que reformular extensivamente o NYTimes.com.

"É raro ter a oportunidade de começar do zero em um site como o NYTimes.com, e quando eu digo do nada, eu não quero dizer apenas uma atualização do design, mas uma reinvenção completa de toda a plataforma digital", escreveu Reed. "Decidimos reprojetar o lado do cliente e do servidor, a fim de acomodar os novos requisitos de produto, design e redação, como desempenho mais rápido e layouts responsivos." 

Todo mundo está no celular ou tablet, então pense num design responsivo. 

Hard Candy Shell, a empresa de design e estratégia digital que renovou sites como os do Wall Street Journal, Newsweek e Slate, afirma sem rodeios: "Estar em dispositivos móveis não é o futuro, é apostas da mesa neste momento." 

Quando a Atlantic Media reinventou The Wire (anteriormente conhecido como The Atlantic Wire) como um site independente, o ex-editor-chefe Gabriel Snyder observou que 40 por cento do público do site usava dispositivos móveis para acessá-lo. 

"A mudança no site que eu me deixou mais animado é o nosso design totalmente responsivo que permite uma experiência perfeita, não importa o dispositivo - desktop, tablet ou celular", Snyder escreveu em seu post para os leitores. (The Wire irá ser incorporado de volta ao TheAtlantic.com.) 

Não chame de reformulação. 

Ou, pelo menos, não pense no trabalho como um redesign.

"No meio do processo [de redesign], tentamos evitar de nos referir ao projeto como um redesign", escreveu Bob Cohn, em novembro de 2012, quando atuou como editor digital da Atlantic. "Isso parecia banalizá-lo, como se fosse uma plástica ou uma nova camada de tinta. O objetivo, percebemos, era mais estratégico do que estético."

A Atlantic não necessariamente levou muito tempo para mudar sua aparência - a empresa refez página TheAtlantic.com em 2010 - mas precisava lidar com a funcionalidade e o papel das redes sociais em seus artigos.

A lição que Cohn aprendeu? Certifique-se de que [o site] está bom, mas certifique-se que pode dar conta do seu conteúdo em crescimento e as expectativas dos seus leitores online. 

Esteja aberto a facilidade de feedback. 

Enquanto as principais agências de notícias costumam fazer testes beta com grupos seletos, ainda pode haver erros e usuários confusos. 

Depois de uma grande reformulação do Washingtonpost.com ser lançada online em 2011, o ex-editor-chefe Raju Narisetti fez uma seção de perguntas ao vivo para os usuários que quisessem oferecer elogios, perguntas e queixas. Narisetti ouviu um monte de reclamações. Ninguém conseguia encontrar o seu blog favorito, o menu dropdown que estavam familiarizados ou links dos chats. Apesar de todas as frustrações, Narisetti respondeu a todas as perguntas dos participantes com instruções passo-a-passo sobre como navegar no site. (Enquanto isso, o Post - como muitos outros sites de notícias - tinha uma página especial dedicada a explicar todas as alterações feitas no site e onde os usuários poderiam encontrar o que queriam.) 

Através do Public Editor Journal na seção de opinião do NYTimes.com, o New York Times lidou com bastante problemas de usuários também. 

"Eu raramente tinha tanta resposta a qualquer artigo como no início deste mês - a partir do primeiro dia do redesign do site do Times", escreveu a editora pública Margaret Sullivan em janeiro de 2014, "cerca de 1.000 comentários neste blog, além de centenas de e-mails para o meu escritório."

Sullivan prosseguiu explicando aos usuários como corrigir os problemas que tinham encontrado e forneceu imagens do site, juntamente com setas apontando para onde a pessoa deveria clicar.

Imagem principal sob licença CC no Flickr via European Parliament