Jornalistas precisam de mais treinamento em diversidade para ir além da reportagem de dois lados

por Margaret Looney
Oct 30, 2018 em Diversidade e Inclusão
Preto e branco

No ciclo de notícias acelerado que pode recomensar a rapidez em vez da precisão, nem sempre é a principal prioridade do jornalista ter suas fontes diversificadas quando está atrás de um furo jornalístico.

"Este é o problema do 'jornalismo rápido" em comparação ao "jornalismo lento' - você só busca o contra e a favor, sim e não", disse Milica Pesic do  Media Diversity Institute em um painel recente junto com o Center for International Media Assistance  sobre a liberdade de expressão em um mundo multicultural. "Se você está praticando um bom jornalismo, deve ser inclusivo... para incluir pessoas de diferentes origens."

Dra. Verica Rupar da Universidade Auckland de Tecnologia e Dra. Courtney Radsch do Comitê para a Proteção de Jornalistas se juntaram à Pesic no painel, com Razia Iqbal da BBC Notícias como moderadora.

Radsch concordou com o ponto de Pesic, dizendo que não só é jornalismo rápido, mas também jornalismo preguiçoso. Jornalistas podem escolher suas fontes. Não vá somente atrás de grandes nomes, Radsch sugere, ou da fonte autorizada de costume. Inclua outras fontes que refletem toda o escopo da história.

"Essa responsabilidade de não só criar uma situação polarizada, binária ou preta ou branca é realmente importante para jornalistas", disse Radsch.

"O jornalismo não existe fora das sociedades em que vivemos", disse Pesic. "Existem diferentes formas de gerir a diversidade em diferentes sociedades ... Jornalismo deve refletir o tipo de maneiras como a diversidade é gerida em cada sociedade."

Então, como vamos ir além de reportagens polarizadas? Rupar sugere um foco mais forte em diversidade no ensino de jornalismo.

"Tem que ser uma parte do currículo e é parte do currículo de diferentes maneiras em diferentes países", disse Rupar. Por exemplo, como parte do Inclusive Journalism Institute, ela está dirigindo um curso com foco em reportagens na Europa e na região Ásia-Pacífico. Universidades da Nova Zelândia, Dinamarca e Finlândia fazem intercâmbio de estudantes, pois todos eles estudam tópicos que ensinam jornalistas como reportar a partir desses países.

"Nós dissemos que é a responsabilidade dos jornalistas trazer diversidade de vozes no domínio público e isso é verdade", disse Rupar. "Mas há partes da sociedade que podem ajudar com isso". Ela aponta para organizações da sociedade civil, sugerindo que estas organizações locais deveriam enviar listas de fontes para jornalistas de editorias em determinados temas, de modo que os repórteres estejam preparados para encontrar fontes diversas, mesmo na correria do fechamento da matéria.

Diversidade pode ser incluída em jornalismo no ecossistema de mídia mais amplo, assegurando pluralidade de organizações de mídia com diferentes modelos de negócios, além de incorporar as vozes dos jornalistas cidadãos, disse Radsch.

Você pode assistir ao painel abaixo (na íntegra, em inglês), ou ver um resumo neste Storify.

Imagem sob licença CC no Flickr via gullevek