A jornalista María Julia Arana, nascida na Bolívia e residente na Argentina há mais de uma década, não esperava passar os últimos meses de 2016, em Nova York, cobrindo a Assembleia Geral das Nações Unidas. Mas lá estava ela, tendo sido nomeada e selecionada para a bolsa Dag Hammarskjöld, que ficou sabendo pela IJNet. Especializada em desenvolvimento sustentável, María Julia está usando seu tempo na ONU para escrever para ComunicarSE, uma mídia orientada para o setor privado, onde ela trabalha como coordenadora de conteúdo.
Ela também está aproveitando sua estadia para escrever para a revista Jallalla!, produzida por imigrantes bolivianos em Buenos Aires, Argentina. Em meados de outubro, ela entrevistou um professor de Quechua na Universidade de Nova Iorque. Ela está explorando a enorme diversidade cultural da cidade num momento em que o tema central da Assembleia da ONU é o movimento massivo de migrantes e refugiados.
María Julia falou com a IJNet sobre suas experiências, como é reportar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para o setor privado e por que ela acredita que os jornalistas precisam se especializar em alguma coisa.
IJNet: Você está cobrindo as Nações Unidas em Nova York há pouco mais de um mês e ainda tem várias semanas pela frente. Como tem sido a experiência?
María Julia: Estou participando através de uma bolsa exclusiva para jornalistas de países em desenvolvimento. É atribuída a cada ano para quatro jornalistas: este ano selecionaram um do Irã, outro do Tadjiquistão, um jornalista da Indonésia e eu, representando a Argentina. As primeiras semanas foram as mais intensas, porque foi quando a maioria das discussões de alto nível aconteceram, e, ao mesmo tempo pudemos conhecer a cidade. Nós também tínhamos que conhecer a dinâmica da ONU. Tudo foi muito emocionante e interessante. Cada um de nós cobriu o que estávamos interessados. Eu cubri questões de desenvolvimento sustentável para o site ComunicarSE, então tudo o que tinha a ver com as metas de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e o acordo de Paris foi o mais importante para mim, bem como igualdade de gênero e questões de migração.
Quais são os desafios específicos que surgem ao reportar para o setor privado?
Eu escrevo para o setor privado há seis anos. A verdade é que na América Latina, e em particular na Argentina, este setor está muito interessado em tudo o que tem a ver com a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, então discutir estas questões é simples. Eu acho que escrever sobre metas de desenvolvimento sustentável para as empresas é realmente mais fácil do que fazê-lo para o público em geral. O setor privado entende que as soluções de hoje não vêm apenas do setor privado, mas é um trabalho conjunto entre os setores, incluindo a sociedade civil. Em termos de trabalho diário, parte do desafio é encontrar o interesse que as empresas poderão ter em relação a essas questões, como poderiam influenciar as suas decisões futuras, etc.
Que conselho você daria para aqueles que estão começando suas carreiras de jornalismo?
Em primeiro lugar você precisa trabalhar. O jornalismo significa investir tempo em pesquisa, dedicação, leitura, consistência. Você não pode deixar-se ficar desapontado ou se sentir sobrecarregado pelas inseguranças que todos sentem em algum ponto. Eu também acho que é importante se especializar. Às vezes, quando você quer fazer uma cobertura ampla, não consegue realmente olhar para qualquer coisa profundamente. Mas se você se especializar em algo realmente específico, pode fornecer bastante contexto. Também gostaria de aconselhar as pessoas a usar a IJNet: abre um mundo de possibilidades.
Imagem cortesia de María Julia Arana