Jornalistas iniciantes podem ter um bom diploma de jornalismo, determinação e habilidades - mas, mesmo com todas essas coisas, a curva de aprendizado para se tornar um grande repórter pode ser íngreme. Através de tentativas e erros e, ocasionalmente, erros bobos, eles podem melhorar seu ofício.
A IJNet perguntou a jornalistas experientes de diferentes campos sobre os erros que os ajudaram a melhorar. Aqui estão as respostas deles:
Matthieu Akins é um jornalista premiado de revistas que trabalhou no sul da Ásia e Oriente Médio para a Harper’s, Rolling Stone, New York Magazine e The New Yorker.
Akins não pensava que as matérias que fazia no início de sua carreira eram mais do que apenas artigos únicos.
"Eu realmente não entendia o quanto a reportagem é um processo cumulativo", diz ele. "Eu realmente não sabia quando eu estava começando que talvez o que eu estava fazendo naquele momento pudesse realmente ser também muito útil no futuro, que na verdade algumas das minhas matérias mais bem sucedidas tiveram suas raízes em histórias anteriores."
Ele também acha que aprender a lidar com o estresse é necessário, dependendo do tipo de reportagem que você faz.
"Quando você está lidando com matérias que podem resultar na morte de pessoas e está lidando com pessoas que estão sob pressão, precisa aprender a trabalhar nesse ambiente e lidar com o estresse alto", diz ele. "Um erro que cometi no começo foi perder meu temperamento. Nunca houve uma situação em que eu não me arrependi de perder minha calma trabalhando no exterior. E sim a frequência que isso aconteceu é surpreendente... [resulta em] este tipo de arquétipo do estrangeiro ocidental gritando no exterior. Eu era aquele cara em algum momento, e sempre me arrependo, mesmo que às vezes produza resultados a curto prazo. Parece estranho, mas aprender a manter algumas habilidades básicas de vida nesses ambientes muito difíceis é essencial e não tão fácil quanto parece."
Björn Staschen é repórter da emissora alemã NDR/ARD, jornalista de vídeo e móvel e chefe de inovação do NDR NextNewsLab.
Ele lembra sua primeira vez trabalhando como jornalista freelancer para um jornal local enquanto ainda era estudante e não conseguiu permanecer neutro. Ele cobriu duas estreias de teatro em duas escolas diferentes, oferecendo uma crítica positiva de uma peça e uma crítica negativa da outra.
"A [segunda] escola reclamou em uma carta ao meu jornal", diz ele. "Aprendi que não é importante reportar independentemente, o que eu fiz aos meus olhos. O que é importante é a impressão que você dá: você parece independente ou não? [...] Não se trata só do que você faz, também é sobre como as pessoas veem."
Allison Shelley é uma fotógrafa de documentários e jornalista multimídia. Ela também é diretora da Women Photojournalists of Washington e ensina na Medill School of Journalism e no Corcoran College of Art and Design na Universidade de Washington.
Ela diz que um erro que cometeu como estagiária de comunicações na National Geographic foi uma vergonha, mas ensinou muito. Ela convidou o diretor de fotografia para almoçar -- e quando chegou, ele trouxe toda a equipe de editores de fotos da National Geographic com ele.
"Ele se sentou e disse: 'Tudo bem, que perguntas você tem?' E eu não tinha perguntas, não fazia ideia, fiquei completamente chocada", diz ela à IJNet. "Eu estava completamente despreparada mesmo para o almoço com ele e muito menos para a equipe de editores de fotos da National Geographic. Então, se preparar e saber quais as perguntas a fazer é uma parte muito importante [do trabalho]. No final, me empurrou para ir além da minha zona de conforto e me ensinou a resolver problemas como situações embaraçosas como essa."
Neal Augenstein é repórter de rádio no WTOP-FM em Washington, DC. Em 2010, ele se tornou o primeiro repórter do mercado tradicional de rádio usando um iPhone como seu principal dispositivo de produção de campo.
"Todos cometem erros como repórter. Nem todos admitem e nem todos aprendem com eles", diz ele.
Seu maior medo, ele diz, é fazer erros factuais. Ele diz que ele tende a verificar seus fatos muitas vezes para se certificar de que são exatos. Mas ele também se lembra de cometer alguns erros técnicos.
"Não há muito pior para um repórter de rádio do que voltar de uma entrevista e perceber que na verdade não gravou o entrevistado. Andar até o editor para tentar explicar o que aconteceu é o meu "caminho da vergonha", diz ele. "O caso mais recente foi há alguns anos. Eu viajei para Michigan para cobrir uma coletiva de imprensa. Apesar de eu prefirir usar uma caixa mult, ocasionalmente, coloco meu iPhone no pódio para gravar uma pessoa falando."
No final da conferência de imprensa de 30 minutos, ele pegou seu iPhone para começar a editar sua gravação.
"Infelizmente, eu só tinha cerca de sete minutos de áudio gravado", diz ele. "Eu tinha esquecido de colocar meu telefone no modo de avião e recebi um telefonema durante a conferência de imprensa. Quando o telefone toca, a gravação para automaticamente. Eu tive que me virar e convencer um repórter de TV local para me deixar copiar a conferência de imprensa de sua câmera. Desde então, me asseguro de ir para configurações e ligar o modo de avião."
Imagem principal sob licença CC Flickr via zenjazzygeek