A jornalista investigativa Julia Angwin e o cientista de dados Jeff Larson da ProPublica estão saindo da empresa para iniciar uma redação que vai investigar tecnologia e algoritmos, os dois anunciaram nesta semana.
Depois de quase uma década, estou saindo do @ProPublica para começar uma nova coisa com @JuliaAngwin. Estou super orgulhoso do trabalho que fizemos e do grande trabalho que a @ProPublica faz.
Planejamos expandir nossas investigações em tecnologia e algoritmos. Nos desejem sorte!
— Jeff Larson (@thejefflarson) 9 de abril de 2018
Algumas notícias pessoais: hoje é meu último dia na ProPublica. Eu amei o meu tempo aqui, mas estou começando uma aventura louca. Eu quero ver se posso ampliar meu estilo de investigações conduzidas por tecnologia construindo uma redação em torno do tema. / 1
— Julia Angwin (@JuliaAngwin) 9 de abril de 2018
Se existe um momento em que os jornalistas precisavam trabalhar mais para analisar os impactos da tecnologia na sociedade, é agora. Então @thejefflarson e eu vamos tentar. / 2
— Julia Angwin (@JuliaAngwin) 9 de abril de 2018
O anúncio desse novo empreendimento chegou em boa hora: na mesma semana em que Mark Zuckerberg testemunhou perante o Congresso sobre o fracasso do Facebook em proteger os dados dos usuários. Mas, segundo Julia, já fazia muito tempo que a ideia estava sendo formada . Ela trabalhou no Wall Street Journal por 13 anos e em 2010 montou uma equipe de investigação que reuniu programadores e jornalistas e produziu uma série de três anos chamada “What They Know,”, olhando para a ascensão da economia de vigilância. Seu livro Dragnet Nation: A Quest for Privacy, Security and Freedom in a World of Relentless Surveillance (sem tradução ao português) foi publicado em 2014.
Em 2014, ela se juntou à ProPublica e construiu uma equipe semelhante de programadores e jornalistas. Essa equipe produziu uma série chamada "Machine Bias", que explora a injustiça algorítmica.
"Há muito tempo queria criar uma redação em torno desse conceito de juntar especialistas técnicos e jornalistas", disse Julia em um e-mail. “É sobre isso que será esta redação”. Seu cofundador, Jeff Larson, esteve na ProPublica por mais de 10 anos como desenvolvedor e cientista de dados e trabalhou no lado da programação de grande parte do trabalho que Jullia fez lá.
O novo empreendimento, que será uma organização sem fins lucrativos financiada por doações e filantropia, terá sede na cidade de Nova York, com um representante na região de San Francisco também. "Vamos cobrir o impacto da tecnologia na sociedade", disse Julia. “Isso inclui cobrir as grandes empresas de plataforma, mas também a tecnologia usada em outros aspectos da vida --através de investigações como as que fizemos do viés racial em software usado na justiça criminal e os algoritmos que geram preços injustificadamente mais altos de seguro de carro em bairros de minorias raciais. Também planejamos construir ferramentas, semelhantes ao Facebook Political Ad Collector, que construímos na ProPublica, que permitem ao público entender questões tecnológicas.”
Julia e Jeff esperam começar a contratar funcionários em alguns meses, com o lançamento previsto para o início de 2019. "Esperamos construir uma redação substancial com o objetivo de publicar diariamente", disse Julia.
Este artigo foi publicado originalmente no Nieman Lab e reproduzido na IJNet com permissão.