Uma rede crescente de mulheres jornalistas africanas está liderando projetos orientados a dados que estão elevando as vozes femininas e lançando luz sobre histórias pouco reportadas. A rede pan-africana WanaData África está mudando o cenário de mídia digital do continente, transformando as carreiras de seus membros, redefinindo-os como inovadores da redação.
A WanaData, que significa “Filhas dos Dados” em suaíli, cresceu em apenas três anos para cerca de 100 jornalistas e especialistas em dados em seis países. Os membros da rede -- lançada em 2017 na Nigéria sob a orientação de um bolsista Knight do ICFJ -- publicaram coletivamente mais de 100 matérias, incluindo projetos transfronteiriços.
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A rede lançou recentemente o Trafficking Africa, um projeto de reportagem transnacional que explorará as dimensões nacionais e internacionais do tráfico de pessoas. Outros projetos internacionais incluem o BornPerfect, que destaca histórias das pessoas afetadas pela mutilação genital feminina; e GenderGap, um projeto que enfoca a desigualdade de gênero em renda, direitos de propriedade e educação.
A WanaData é liderada atualmente por Catherine Gicheru, uma editora veterana do Quênia e atual bolsista Knight do ICFJ. Gicheru, que trabalha com a pioneira digital Code for Africa durante sua bolsa, supervisiona nove grupos em seis países. Desde que o primeiro grupo foi lançado na Nigéria pelo Code for Africa e pelo ICFJ, novos grupos foram estabelecidos na África do Sul, Tanzânia, Uganda e Senegal.
“A WanaData se transformou em um poderoso veículo de colaboração e aprendizado para mulheres jornalistas que às vezes têm pouco acesso a essas oportunidades na redação”, disse Gicheru.
Fortalecidas com valiosas habilidades em dados, as mulheres estão produzindo uma cobertura que está atraindo atenção generalizada e impulsionando suas carreiras.
Vanessa Offiong, membro da WanaData na Nigéria, foi promovida a editora-assistente em seu jornal, Daily Trust. “As histórias em que trabalhei, financiadas pela WanaData Nigéria, me deram um impulso nesse sentido, pois trouxeram algo completamente novo à nossa redação”, disse ela. "Aprendi a incorporar mapas e outros elementos visuais nas minhas reportagens."
Wakini Njogu, membro do WanaData no Quênia, também reconheceu que o treinamento e a orientação recebidos através da rede ajudaram sua carreira. "Antes de ingressar na WanaData, eu nunca havia trabalhado com dados", disse ela. "Em apenas um ano, adquiri habilidades de visualização e raspagem de dados, que abriram várias portas para mim profissionalmente."
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A rede oferece treinamento, subsídios de reportagem e orientação. As reuniões da WanaData são realizadas mensalmente por cada grupo. Os membros recebem apoio editorial e acesso a uma ampla gama de especialistas e ferramentas, como câmeras de 360°, drones e plataformas de publicação digital. Além disso, os especialistas do Code for Africa também ajudam os membros a acessar recursos de dados e adquirir habilidades técnicas para produzir suas matérias.
A WanaData espera ampliar a voz das mulheres na mídia, apresentando mais especialistas do sexo feminino, líderes de pensamento e profissionais que se concentram em histórias pouco reportadas que afetam as mulheres, afirmou Gicheru.
"Em última análise, a ideia é criar um coletivo de jornalistas de dados mulheres que produzirão conteúdo robusto que mudará a história da África", disse ela.
Este artigo foi publicado originalmente pelo Centro Internacional para Jornalistas — organização matriz da IJNet — e é reproduzido aqui com permissão.
Imagens cortesia do Code for Africa.