Jornalistas de dados africanas estão transformando suas redações

por Irene Wangui
Feb 7, 2020 em Jornalismo de dados
Mulheres do WanaData trabalhando juntas

Uma rede crescente de mulheres jornalistas africanas está liderando projetos orientados a dados que estão elevando as vozes femininas e lançando luz sobre histórias pouco reportadas. A rede pan-africana WanaData África está mudando o cenário de mídia digital do continente, transformando as carreiras de seus membros, redefinindo-os como inovadores da redação.

A WanaData, que significa “Filhas dos Dados” em suaíli, cresceu em apenas três anos para cerca de 100 jornalistas e especialistas em dados em seis países. Os membros da rede -- lançada em 2017 na Nigéria sob a orientação de um bolsista Knight do ICFJ -- publicaram coletivamente mais de 100 matérias, incluindo projetos transfronteiriços.

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A rede lançou recentemente o Trafficking Africa, um projeto de reportagem transnacional que explorará as dimensões nacionais e internacionais do tráfico de pessoas. Outros projetos internacionais incluem o BornPerfect, que destaca histórias das pessoas afetadas pela mutilação genital feminina; e GenderGap, um projeto que enfoca a desigualdade de gênero em renda, direitos de propriedade e educação.

A WanaData é liderada atualmente por Catherine Gicheru, uma editora veterana do Quênia e atual bolsista Knight do ICFJ. Gicheru, que trabalha com a pioneira digital Code for Africa durante sua bolsa, supervisiona nove grupos em seis países. Desde que o primeiro grupo foi lançado na Nigéria pelo Code for Africa e pelo ICFJ, novos grupos foram estabelecidos na África do Sul, Tanzânia, Uganda e Senegal.

“A WanaData se transformou em um poderoso veículo de colaboração e aprendizado para mulheres jornalistas que às vezes têm pouco acesso a essas oportunidades na redação”, disse Gicheru.

 

WanaData

Fortalecidas com valiosas habilidades em dados, as mulheres estão produzindo uma cobertura que está atraindo atenção generalizada e impulsionando suas carreiras.

Vanessa Offiong, membro da WanaData na Nigéria, foi promovida a editora-assistente em seu jornal, Daily Trust. “As histórias em que trabalhei, financiadas pela WanaData Nigéria, me deram um impulso nesse sentido, pois trouxeram algo completamente novo à nossa redação”, disse ela. "Aprendi a incorporar mapas e outros elementos visuais nas minhas reportagens."

Wakini Njogu, membro do WanaData no Quênia, também reconheceu que o treinamento e a orientação recebidos através da rede ajudaram sua carreira. "Antes de ingressar na WanaData, eu nunca havia trabalhado com dados", disse ela. "Em apenas um ano, adquiri habilidades de visualização e raspagem de dados, que abriram várias portas para mim profissionalmente."

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A rede oferece treinamento, subsídios de reportagem e orientação. As reuniões da WanaData são realizadas mensalmente por cada grupo. Os membros recebem apoio editorial e acesso a uma ampla gama de especialistas e ferramentas, como câmeras de 360°, drones e plataformas de publicação digital. Além disso, os especialistas do Code for Africa também ajudam os membros a acessar recursos de dados e adquirir habilidades técnicas para produzir suas matérias.

A WanaData espera ampliar a voz das mulheres na mídia, apresentando mais especialistas do sexo feminino, líderes de pensamento e profissionais que se concentram em histórias pouco reportadas que afetam as mulheres, afirmou Gicheru.

"Em última análise, a ideia é criar um coletivo de jornalistas de dados mulheres que produzirão conteúdo robusto que mudará a história da África", disse ela.


Este artigo foi publicado originalmente pelo Centro Internacional para Jornalistas — organização matriz da IJNet —  e é reproduzido aqui com permissão.

Imagens cortesia do Code for Africa.