A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.
A jornalista freelance Beatrice Ngalula Kabutakapua, com base em Roma, está quebrando os estereótipos dos imigrantes africanos, mostrando como eles vivem em 13 cidades em todo o mundo. Ela é co-produtora da série de documentários (IN)VISIBLE CITIES, um projeto autofinanciado que foi apresentado no Festival de Jornalismo Internacional em Perugia, Itália, em maio.
"Com uma sólida formação em jornalismo e comunicação, eu uso o que aprendi... para me aproximar e falar sobre a 'alteridade'", escreve ela em seu blog.
Ela disse que a IJNet tem sido essencial para a sua formação como jornalista freelance, para a qual não há "nenhuma educação formal" disponível.
Seu trabalho já apareceu na Radio France Internationale, o jornal Guardian, o Departmento de Informação da ONU, o blog Green Up da ONU, L’Espresso, The South African e mais. Kabutakapua também é instrutora de mídia e integração para a organização italiana AMU e ensina redação editorial em francês para o World Pulse.
IJNet: Como a IJNet lhe ajudou?
A IJNet é inestimável para eu ficar em dia com as últimas notícias. Na IJNet, eu percorro os artigos mais recentes sobre tecnologia e como pode ajudar os jornalistas, especialmente jornalistas freelance. Lembro-me, em particular, de ler sobre como usar o Twitter para projetos e investigações, o que é particularmente útil para o trabalho atual que estou fazendo, em que eu tenho que usar a mídia social para entrar em contato com as pessoas e procurar informações. Finalmente, eu sempre verifico as últimas bolsas de estudo e oportunidades de financiamento e compartilho com os jornalistas africanos que conheço, já que a informação muitas vezes não chega a eles.
IJNet: Você defende "uma abordagem de mídia mais próxima das pessoas". Pode explicar o que isto significa para você e para o seu jornalismo?
Algumas semanas atrás, eu estava em Istambul entrevistando e filmando imigrantes africanos. Entrei em contato com a comunidade africana, mas estavam muito relutantes em serem filmados. Disseram-me uma vez que foram entrevistados por um jornalista e nunca viram os resultados, nem um vídeo, um link ou um artigo. Assim, eles ficaram desconfiados de jornalistas. Para mim, isso significa, naturalmente, um trabalho psicológico extra, porque é mais fácil emocionalmente considerar uma pessoa apenas como uma fonte de informação e apurar e sair. No meu caso, eu me aproximo das pessoas como se abordasse um conhecido. O resultado é que na série de documentários que eu estou trabalhando, as pessoas falam comigo como se estivessem entre amigos, e eles são autênticos.
IJNet: Qual é a sua melhor matéria ou trabalho até agora?
Anos atrás, eu trabalhei em um artigo para o Guardian sobre o último concerto dos Beatles realizado em Cardiff [no Reino Unido], onde eu morava. Eu amei trabalhar nisso porque havia muitas camadas de histórias: Eu conversei com um homem de 70 anos, que estava lá naquele dia; pesquisei a história urbana do teatro, que é agora um shopping center; conversei com pessoas sobre a sua memorabilia, etc. Isso foi quando eu comecei a me concentrar mais nas muitas camadas da realidade. Isso está me ajudando agora a produzir matérias sobre as quais amo trabalhar, como a história de refugiados que chegam nos EUA, ou imigrantes africanos residentes em Istambul que me perguntaram se a cor de sua pele pode ser lavada.
IJNet: Que conselho daria a aspirantes a jornalista?
Na minha experiência, posso dizer que um jornalista deve ser destemido e pronto para desafiar a si mesmo em qualquer situação. Mas isso não significa que a pessoa deve ser imprudente; tudo deve ser bem pesquisado e pensado. Além disso, busque o conselho de pessoas que têm mais experiência do que você, mas não assume que vão ter todas as respostas --só podem orientá-lo. Mais importante ainda, mantenha seus pés no mundo real e [esteja] com o povo: fale com eles, seja um deles, e ouça, ouça, ouça [o que dizem].
Foto cortesia de Kabutakapua, à esquerda