Como jornalista política na Ucrânia, Marianna Prysiazhniuk se deparou com algumas situações estressantes. A polícia não oficial do país uma vez a deteve enquanto ela trabalhava, e ela cobriu protestos onde as forças armadas estavam presentes.
Essas experiências foram todas muito educacionais, Prysiazhniuk disse à IJNet.
"Situações como essas me ensinaram muito", disse ela. "Estou mais preparada para lidar com situações [semelhantes] no futuro."
Prysiazhniuk nem sempre foi jornalista. Ela estudou pedagogia e psicologia na universidade e começou a trabalhar como professora depois de se formar. "Eu tinha cerca de 23 ou 24 anos quando decidi tentar [jornalismo]", disse ela. “Percebi que precisava mudar algo na minha vida. Foi difícil, porque eu tive que estudar muito sozinha, sem nenhum apoio.”
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Apesar das dificuldades, Prysiazhniuk está confiante de que a mudança de carreira foi a decisão certa para ela. Hoje, ela trabalha como correspondente da RBC-Ucrânia, uma agência de notícias em Kiev, onde cobre principalmente política e relações internacionais.
Prysiazhniuk disse que acessa a IJNet para acompanhar os últimos desenvolvimentos do jornalismo, como o impacto da COVID-19, por exemplo. Ela também usa regularmente a IJNet para expandir sua rede profissional.
Prysiazhniuk conversou com a IJNet sobre sua experiência como repórter, jornalismo político na Ucrânia e seus conselhos para iniciantes no jornalismo político de hoje.
IJNet: Como foi seu início no jornalismo?
Prysiazhniuk: Quando comecei, trabalhei vários anos em Kiev para estúdios de produção online de várias agências. Em 2017, mudei-me para a Romênia, estudei e trabalhei lá. Também trabalhei na Rádio Romênia Internacional. Após essa experiência, me mudei para a Alemanha e fiz um estágio na Deutsche Welle. Depois voltei a Kiev e, nessa época, a crise do coronavírus começou.
No momento, trabalho com uma agência de informações local, a RBC-Ucrânia. É uma das maiores agências de notícias aqui. Atualmente, cubro relações internacionais, política e questões internas.
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No que você está trabalhando agora?
Eu terminei um artigo [recentemente] sobre a escalada militar entre a Armênia e o Azerbaijão. Eu moro em uma região onde esse é um tópico muito atual, porque também temos agressão russa na Ucrânia.
A Moldávia tem o mesmo problema, que remonta aos anos 90. Na região sul do Cáucaso, surgiu um aumento de tensão. É importante para nós saber como esses conflitos se desenvolvem porque envolve negociações e chantagem. Para mim, é importante seguir países com os quais temos laços econômicos e políticos.
Quais são alguns dos desafios que você encontrou como repórter?
Eu tive alguns [desafios] quando estava reportando na Transnístria ocupada, na Moldávia. Havia uma história em que eu estava trabalhando, onde fui capturada por proxies russos locais. Eles fazem parte de uma quase república; ninguém os aceita porque é contra o direito internacional.
Nessa república, algumas dessas assim chamadas autoridades estão funcionando e fornecem algum tipo de ordem pública. Eles também chamam a si mesmas de polícia, mas não fazem parte da força policial oficial. Não fiquei detida por muito tempo, apenas por várias horas. Eles fizeram perguntas sobre o que estava fazendo aqui e por que não usava seus credenciamentos ilegais.
Em outra situação, fiquei assustada, porque havia forças armadas com maquinaria militar tentando forçar as pessoas a voltarem para casa durante um protesto, que contou com milhares de participantes.
Que conselho você daria para jornalistas iniciantes?
Tento separar meus sentimentos -- meus sentimentos pessoais -- dos meus sentimentos profissionais. Eu tento deixá-los em casa. Não levo minhas emoções comigo, porque preciso entender e seguir as regras jornalísticas.
Eu também preciso lembrar que minhas reportagens podem destruir vidas. É importante lembrar: sua missão é fornecer a verdade. É muito importante lembrar como isso afeta outras vidas.
Donethe Cyprien é estagiária da IJNet.
Imagens cortesia de Marianna Prysiazhniuk