Jornalista do mês: Ethar El-Katatney

por Samantha Berkhead
Oct 30, 2018 em Jornalista do mês

A cada mês, a IJNet apresenta um jornalista internacional que exemplifica a profissão e usa o site para promover sua carreira. Se você gostaria de ser apresentado, envie um e-mail com uma curta biografia e um parágrafo sobre como usa os recursos da IJNet, aqui.

A premiada jornalista, blogueira e autora Ethar El-Katatney se lembra de amar contar histórias desde criança.

"Sempre gostei de escrever; quando pequena, eu dizia às pessoas que ia ser escritora", disse ela. "Mas eu sou egípcia, então o jornalismo nunca foi realmente uma carreira que muitas mulheres aspiram ou que as famílias querem que seus filhos tenham, por causa da política, do perigo, etc."

Como graduação, El-Katatney estudou administração de empresas na Universidade Americana no Cairo. Após um evento fortuito, no entanto, ela se envolveu cada vez mais com o jornal estudantil, eventualmente se tornando a editora-chefe.

"Kofi Annan estava chegando ao campus [para falar], e eu estava lá", disse ela. "Eu liguei para uma boa amiga minha que trabalhava no jornal e ela entrou em pânico: o jornalista que deveria ir estava atrasado e eles não o deixaram entrar. Eu disse 'Ah, não se preocupe, vou escrever algo para você'. Lembro de voltar e ver todo mundo segurando o jornal com a minha matéria na primeira página, e foi assim."

Ela passou a trabalhar para o Egypt Today e sites internacionais como CNN e MSNBC, alcançando reconhecimentos como o Prêmio Samir Kassir pela Liberdade de Imprensa.

Usando a IJNet, ela encontrou bolsas de estudo do World Press Institute e East-West Center, além de várias conferências. A bolsa do WPI lhe deu a oportunidade de aparecer no programa de entrevistas do Charlie Rose em 2011, onde ela falou sobre o Egito depois da Primavera. Árabe.

Agora, produtora executiva do AJ+ em São Francisco, El-Katatney falou com a IJNet sobre a elaboração de reportagens cativantes, sua matéria favorita e mais:

IJNet: Você trabalhou em vários meios e plataformas diferentes ao longo de sua carreira. O que se manteve consistente nesta trajetória?

El-Katatney: A parte de storytelling. Eu voltei para a faculdade para fazer mestrado em televisão e jornalismo digital, e a maioria das habilidades técnicas que aprendi são obsoletas, porque as câmeras e o software de edição que usamos estão mudando rapidamente. Trata-se realmente de como você conta sua história, seja em artigos de 5.000 palavras, documentários, posts de blog de 500 palavras, vídeos de oito frases, Vines... É sobre boas histórias e como você faz as pessoas se preocuparem com essas histórias. Isso é algo que realmente não mudou, seja no meu artigo para a universidade e tentando pensar em histórias interessantes no campus ou agora quando penso: "Como eu falo sobre a plataforma de imigração de Trump e como está afetando as pessoas e os personagens?'

O AJ+ sempre foi realmente bom em atrair instantaneamente a atenção do espectador com seus vídeos, e não sei como vocês fazem isso, mas é realmente bem feito.

Costumamos ter algo chamado de regra de cinco segundos, que significa que em cinco segundos você teve que chamar a atenção do espectador. Agora é literalmente três segundos. Então, em três segundos, você deve ter contado a história a alguém ou conseguido que alguém assista -- e assuma que todos estão assistindo sem som e ninguém está vendo mais de 20 por cento da história.

Qual das suas matérias lhe deu mais orgulho?

Acho que minha matéria favorita é, na verdade, uma das minhas primeiras reportagens para o Egypt Today. Eu fiz uma matéria em uma aldeia de lepra no Egito. Era basicamente uma comunidade da década de 60, quando a lepra ainda era uma doença contagiosa. Todo mundo que tinha lepra era reunido e colocado nessa prisão por toda a vida.

Lembro de falar com um homem, e ele agarrou minha mão e disse: 'Eu realmente quero que você conte a todos o que aconteceu conosco; não nos deixe apenas morrer aqui'. Eu acho que para mim foi uma das minhas reportagens favoritas. Tudo o que faço sobre pessoas mais velhas que analisa o impacto de suas vidas sempre é meu favorito.

No AJ+, eu diria que é o que fizemos sobre a crise dos refugiados sírios no ano passado. Eu acho que o que fizemos para humanizar e fazer com que as pessoas se preocupem com essa tragédia tão grande, todas as diferentes facetas e o que é preciso - foi uma de minhas histórias favoritas.

Qual é o melhor conselho que você daria a um aspirante a jornalista?

Ter algo pelo qual você é particularmente apaixonado realmente ajuda a se distinguir. Quando vejo currículos, já estou assumindo que essa pessoa pode filmar, editar, produzir um vídeo e escrever. O que realmente faz com que as pessoas se destacam para mim é um interesse particular, uma paixão ou experiência especial. Todos aqueles que contratei no ano passado, estão muito envolvidos em questões indígenas, meio ambiente, tecnologia, ciência, justiça social... Acho que encontrar e nutrir isso dá a sua reportagem a paixão e a singularidade que a faz se destacar nesta enxurrada de conteúdo.

Eu também sou geralmente uma pessoa que sempre busca oportunidades e coisas novas, porque você nunca sabe o que você pode aprender ou quem pode conhecer. Definitivamente, acho que você sempre deve se inscrever para alguma coisa. Você sempre pode aprender mais e ser exposto a mais.

Imagem cortesia de Ethar El-Katatney