Bukunmi Ayo-Ariyo começou sua carreira como muitos aspirantes a jornalistas -- voluntariando para emissoras de televisão locais e fazendo todas as tarefas que pediam a ela na redação.
Hoje em dia, Bukunmi é uma personalidade da televisão, muitas vezes reconhecida fora do seu país, a Nigéria, por seu trabalho como produtora e apresentadora da série On The Street da TVC News.
A série, que conta histórias de jovens na África trabalhando para fazer uma diferença positiva, transmitiu 96 episódios desde o seu início em 2012. É o programa televisivo mais assistido da Nigéria, segundo Bukunmi, e ganhou um prêmio ao mérito nigeriano na categoria melhor programa de acesso da comunidade em 2016.
"Antes disso, não havia nada parecido na televisão nigeriana", disse ela. "Nós esquecemos que há jovens que fazem coisas para melhorar o continente. Eu decidi dizer ao mundo que temos pessoas que estão realmente fazendo diferença."
Em outubro de 2015, Bukunmi foi a Londres para participar de um curso de reportagem de negócios na era digital da Thomson Reuters, uma oportunidade que ela descobriu na IJNet.
"O curso mudou a minha perspectiva sobre a reportagem, especialmente sobre negócios", explicou ela. "Através da mentoria de uma das minhas treinadoras, Rose Skelton, eu pude produzir uma matéria sobre a loteria nigeriana."
Nós conversamos com Bukunmi sobre encontrar e contar histórias pouco reportadas, buscar novas oportunidades e mais:
IJNet: Como você acha ideias de pauta para o programa 'On The Street'?
Bukunmi: Eu olho as notícias e busco as questões mais fortes sobre as quais pessoas estão falando. Na maioria das vezes, eu escolho o meu tema de forma que possa ensinar alguma coisa. Eu acredito que como uma pessoa da mídia, você pode influenciar as pessoas, e a maioria das coisas que vemos no mundo hoje é porque as pessoas têm a informação errada. Eu tento no final do dia ter certeza de que eu estou passando algo que pode ensinar alguma coisa e mudar a maneira de pensar e olhar para a sociedade.
Qual foi a matéria mais desafiadora que você fez até agora?
Eu tive uma matéria assim quando eu fiz uma reportagem sobre a homossexualidade na África. Na Nigéria, é um tema muito sensível, por causa da nossa formação religiosa e tudo isso. Eu queria dizer isso de uma maneira diferente. Eu realmente queria contar uma história que fosse equilibrada, então fui a três países -- África do Sul, Nigéria e Quênia, para fazer a matéria. Foi muito difícil conseguir um nigeriano que realmente acreditasse que as pessoas devem ter o direito de escolher o que quer que seja a orientação sexual que queiram. Finalmente, achei um, mas tive que convencê-lo de que iria protegê-lo se alguma coisa acontecesse. Tive que esconder a identidade de algumas de minhas fontes.
Que conselho você daria a quem quer ser jornalista?
Meu conselho é que você deve ser destemido em tudo o que faz. Como jornalista, o público realmente olha para você, para dar a notícia como é, sem tender para um lado ou o outro. Algumas pessoas olham para o jornalismo como uma forma de obter fama, para ser popular, ser conhecido. Isso não deve ser seu objetivo. É um processo gradual, e é o trabalho de um jornalista servir o público e fornecer informações.
Imagens cortesia de Bukunmi Ayo-Ariyo