A Organização Mundial da Saúde não considera mais a pandemia de COVID-19 uma emergência global de saúde, mas isso não significa que ela não seja uma ameaça global de saúde. O número de mortes no mundo está próximo de sete milhões e nova variantes continuam surgindo.
"A COVID-19 ainda é um assunto importante nas conversas globais, e é por isso que você, como jornalista, deve se esforçar para encontrar formas criativas de escrever sobre essa pandemia", diz Paul Adepoju, gerente de comunidade do Fórum de Reportagem de Crises Globais do ICFJ.
Em um webinar recente, Adepoju discutiu o impacto atual da COVID-19 e compartilhou formas pelas quais jornalistas do mundo todo podem continuar informando suas audiências sobre o vírus.
A seguir estão algumas sugestões para você começar e seguir no caminho certo:
Olhe para os dados
A análise de bases de dados pode fornecer aos jornalistas mais do que simplesmente o número de infecções ou vítimas. Além de casos e mortes, eles podem revisitar esforços de vacinação ou restrições de viagem e o que resultou disso.
Bases de dados abertas, como Our World in Data, podem ser úteis para encontrar vários dados diferentes, disse Adepoju. Ao procurar por "coronavírus", repórteres podem acessar dados customizáveis para download e análise posterior.
Os dados podem ajudar jornalistas a identificarem tendências, contextualizar e apontar lacunas na cobertura, principalmente quando se busca por dados em uma região ou país específico. "As melhores pautas não são aquelas que olham para estimativas nacionais", disse Adepoju, mas "pautas que focam em uma região em particular, e que de fato focam em algo e contam uma história a partir de uma perspectiva local."
Foque em campanhas de vacinação, tendências e mudanças de políticas
Pesquisar como as campanhas de vacinação estão progredindo no mundo também pode dar ideias de pautas importantes sobre igualdade na saúde.
A ferramenta Gavi, por exemplo, permite que você foque em países ou regiões específicas e identifique se as taxas de vacinação aumentaram, diminuíram ou permaneceram estáveis ao longo do tempo. Pense também em fatores, como a desinformação, que evitaram que as pessoas se vacinassem, disse Adepoju.
Aprofundar em quais medidas se provaram ser mais ou menos efetivas na contenção da pandemia também traz oportunidades de pauta. Ficar de olho no que governos e autoridades públicas prometeram e de fato cumpriram contribui para a prestação de contas, acrescentou Adepoju.
Tendências atuais e desmascarando desinformação
A gestão da pandemia e de outras crises de saúde foi um tópico importante no último encontro da Assembleia Geral da ONU, em que líderes discutiram por que países precisam priorizar o investimento em saúde. Monitorar o que organizações internacionais envolvidas no combate à COVID-19 estão fazendo no momento pode gerar ideias de pauta, sugeriu Adepoju.
Fazer buscas nas redes sociais pode dar aos jornalistas uma ideia de onde reside o interesse público em relação à COVID-19. Mas jornalistas devem sempre olhar para as redes sociais de forma crítica e se certificar de confirmar as informações com fontes confiáveis, incluindo profissionais de saúde, autoridades de saúde pública e governos, disse Adepoju.
Vá além da COVID-19
Tenha em mente outros impactos importantes que a COVID-19 teve na saúde global. Enquanto os países priorizaram suas respostas à pandemia, outros problemas de saúde podem ter surgido.
Por exemplo, há países em que outros programas e iniciativas de saúde podem ter sido suspensos para que eles pudessem focar mais na reação à pandemia, disse Adepoju.
Identificar questões específicas que foram exacerbadas durante a COVID-19, como violência doméstica e desemprego, é outro caminho para fazer reportagens.
Siga o dinheiro
Não são poucas as pautas de COVID-19 focadas em dinheiro, observou Adepoju: há muita informação financeira pública, incluindo empréstimos que alguns países fizeram durante a pandemia.
O Banco Mundial é uma fonte de informação sobre empréstimos obtidos por países. A base de dados da instituições permite limitar a busca e focar em projetos que financiaram iniciativas relacionadas à COVID. Adepoju sugeriu que jornalistas identifiquem de onde e para quê os países pegaram dinheiro emprestado. Essa informação pode gerar pautas fortes de prestação de contas.
"Você não precisa saber cada detalhe sobre o dinheiro que foi emprestado", disse Adepoju. "Você só precisa olhar mais de perto um desses compromissos financeiros, e isso já rende uma pauta muito boa."
Foto por Napendra Singh via Unsplash.
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