As redações enfrentam atualmente inúmeros desafios, desde opressão do governo e vigilância digital a fontes relutantes e uma enxurrada de desinformação. Mas muitas também enfrentam obstáculos internos significativos relacionados à administração da organização, gestão do fluxo editorial, medição do alcance online, monitoramento de assinantes e proteção de dados vitais, dentre outros.
Como resultado, a Rede Internacional de Jornalismo Investigativo (GIJN na sigla em inglês) acaba de publicar um guia de ferramentas de negócios focado em ajudar meios de comunicação a resolverem suas demandas administrativas. O guia foi produzido graças ao apoio do Google News Initiative. Ele tem pesquisa e redação por Talya Cooper, edição por Nikolia Apostolou e Reed Richardson, e ilustrações de Sentavio, via Freepik.com, com design por Chafiq Faiz. Ele apresenta softwares e aplicações úteis — a maioria gratuita — para redações pequenas. Outras ferramentas incluídas tratam de administração, gestão, comunicação, compartilhamento de arquivos, contabilidade, SEO, engajamento de audiência, audiovisual, gestão de conteúdo, gestão de assinantes, design e visualização de dados, redes sociais e email marketing, segurança de sites e gerenciamento de senhas.
De maneira introdutória, a GIJN compilou uma lista de ferramentas do guia que ajudam as redações com suas demandas de segurança de dados e criptografia.
Esse tópico é particularmente importante, uma vez que tanto empresas privadas quanto regimes opressores estão ameaçando a imprensa mais do que nunca. Tudo que os jornalistas fazem — do envio de emails e mensagens de texto à digitação de senhas — pode ser monitorado. Pode parecer elaborado e demorado para muitas pessoas, mas escolher as aplicações e os softwares adequados é crucial para proteger fontes e os próprios jornalistas.
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Criptografia de email
O ProtonMail criptografa emails em trânsito e armazenados nos servidores da ferramenta. Ele usa criptografia OpenPGP. Os emails só são criptografados quando enviados entre duas contas ProtonMail. Porém, se você está enviando uma mensagem externamente, pode proteger o conteúdo por meio de senha e enviá-la por meio de outros canais criptografados.
Custo: contas gratuitas individuais têm 500MB de armazenamento.
Idiomas: 26 línguas disponíveis.
Mensagens e comunicação
O Element é uma plataforma de mensagens e colaboração de código aberto e criptografia de ponta-a-ponta.
Custo: gratuito para contas individuais; planos para empresas partem de US$ 2 por mês para até cinco usuários.
Idiomas: 25 línguas.
O Jitsi é um serviço de chamadas de vídeo de código aberto e criptografia de ponta-a-ponta. Os usuários podem fazer uma chamada de vídeo com até 50 participantes direto do navegador, sem necessidade de criar uma conta. Ele também permite agendamento antecipado, compartilhamento de telas, compartilhamento de notas por meio da ferramenta Etherpad e pode ser integrado ao Google e Office 365.
Custo: gratuito.
Idiomas: disponível em 25 línguas.
O Signal é um serviço de mensagens de código aberto e criptografia de ponta-a-ponta disponibilizado como aplicativo para celulares e computadores. Ele inclui chamadas criptografadas, exclusão de mensagens, grupos e arquivos.
Custo: gratuito.
Idiomas: mensagens disponíveis em todas as línguas.
Armazenamento em nuvem e compartilhamento de arquivos
O OnionShare usa o Tor Onion Services para enviar dados diretamente e com segurança do computador do remetente para o destinatário.
Custo: gratuito.
Compartilhamento de arquivos criptografados
O Sync criptografa arquivos mediante upload; a empresa não consegue visualizar o conteúdo de um arquivo. Você pode utilizar e visualizar arquivos a partir de uma interface web, e pode passar os arquivos para uma pasta no seu computador; eles então serão automaticamente sincronizados com o servidor de backup.
Custo: 5GB gratuitos; planos para empresas a partir de US$ 5 dólares por usuário por mês (mais dois usuários adicionais) com armazenamento de 1TB.
Idiomas: apenas em inglês; o armazenamento de dados é baseado no Canadá, mas está disponível em todo o mundo.
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Gerenciadores de senhas
O 1Password acumula ótimas avaliações por conta da transparência de sua criptografia e sua disposição de se submeter regularmente a avaliações de terceiros. Significativamente, o 1Password tem um serviço chamado 1Password For Journalism, que permite a equipes de jornalistas utilizarem o aplicativo sem custo.
Custo: atualmente gratuito para jornalistas.
Idiomas: inglês, espanhol, alemão, francês, italiano, japonês, coreano, português, russo e chinês.
Os recursos do Dashlane são semelhantes aos do 1Password — exceto o modo viagem — mas muitos usuários consideram a interface dele mais fácil e mais intuitiva.
Custo: plano gratuito para até 50 senhas sem compartilhamento em aparelhos; há planos individuais a partir de US$ 3,99 por mês e US$ 5 por usuário para empresas.
Idiomas: inglês, francês, espanhol, português, alemão, italiano, holandês, sueco, chinês, japonês e coreano.
O KeePassXC é um gerenciador de senhas gratuito e de código aberto. Ele é armazenado localmente no computador de um único usuário. A natureza simples e offline da ferramenta reduz significativamente sua conveniência, mas minimiza o risco associado com a transferência de dados na internet.
Custo: gratuito.
Idiomas: vários.
Rede privada virtual (VPN)
Regra essencial de serviços de VPN: não use uma VPN que não oferece planos pagos. Pesquisadores descobriram que serviços 100% gratuitos de VPN fazem logins secretos com os dados dos usuários e estão cheios de malware. Especialistas também recomendam evitar serviços de VPN baseados nos Estados Unidos, devido à Lei Patriótica. Sites como o CNet, SafetyDetectives e Wirecutter mantêm as recomendações atualizadas de serviços de VPN.
Os preços são referentes a 24 de junho de 2021 e em dólares dos EUA, exceto quando indicado o contrário. O idioma listado é aquele no qual a própria ferramenta está disponível. Em casos onde havia informação amplamente disponível, não notamos nenhuma limitação na disponibilidade geográfica das ferramentas.
Foto por Carlos Muza no Unsplash.
Este artigo foi originalmente publicado pela Rede Internacional de Jornalismo Investigativo e foi republicado pela IJNet com permissão.