Onde estão os trabalhos para quem é formado em jornalismo e comunicação? Os resultados de uma pesquisa com jornalistas na Espanha oferecem algumas pistas. A demanda urgente é para pessoas com habilidades de mídia digital, mas contarei mais sobre isso em um minuto.
A pesquisa de 2017 da Asociación de la Prensa de Madrid (APM) foi enviada a 13.500 profissionais, e o índice total de resposta foi de um respeitável 13 por cento. Um pouco mais de um terço estava trabalhando em jornalismo, enquanto outro terceiro trabalhava em outras profissões ou era aposentado ou semi-aposentado. Os restantes 30 por cento trabalhavam em comunicações, principalmente publicidade e relações públicas. (Novos artigos sobre a pesquisa estão aqui, aqui e aqui em espanhol.)
Carreiras desconectadas da demanda
Os resultados da pesquisa mostram que os entrevistados não são quem estão preenchendo os novos trabalhos de mídia digital em suas redações. Por exemplo, 56 por cento dos entrevistados disseram que suas publicações tinham gerentes de comunidades digitais (responsáveis pela interação com os usuários nas redes sociais e outros canais) enquanto apenas 13 por cento dos entrevistados disseram que trabalhavam nessas funções. (Versão em espanhol).
Isso pode sugerir que as organizações de mídia estão preenchendo essas posições com pessoas que vêm de fora de suas redações. Outra explicação possível é que as pessoas que estão sendo contratadas para esses novos trabalhos de mídia digital são os recém-chegados à profissão e, portanto, não são membros das organizações profissionais contatadas para a pesquisa.
Em todo caso, a mesma discrepância aparece em várias outras especialidades digitais: 35 por cento das salas de redação dos entrevistados têm especialistas em visualização de dados, mas apenas 3 por cento deles ocupam esses trabalhos. Existem discrepâncias semelhantes para os jornalistas de dados (32 por cento vs. 19 por cento) e analistas de tráfego e dados (31 por cento vs. 5 por cento).
A discrepância sobre analista de trânsito é um ponto crítico. Parece indicar que as salas de redação não têm pessoas a bordo que sabem como interpretar os dados sobre como o público está interagindo com seu conteúdo. A incapacidade de entender a audiência no ambiente altamente competitivo de hoje tem consequências fatais.
Uma carreira popular apesar de tudo
O relatório da APM, que tem mais de 100 páginas, observou que existem 22.000 alunos matriculados em programas universitários de jornalismo e comunicação no país.
Em 2016, as universidades da Espanha concederam diplomas de jornalismo a 3.400 estudantes. Onde eles encontrarão trabalho? Havia apenas 27.000 pessoas trabalhando em rádio, televisão, jornais e revistas, e muitas dessas organizações têm cortado implacavelmente funcionários e salários.
Essa é a má notícia. A boa notícia é que as salas de redação tradicionais estão contratando mais pessoas com habilidades de mídia digital e o número de pessoas trabalhando para a mídia digital não para de crescer. Mais de um terço (36 por cento) dos entrevistados trabalham na mídia digital ou em funções de redes sociais.
Para os jovens que entram nas profissões de comunicação, existem vários caminhos de carreira:
Nas mídias principais, eles podem substituir veteranos demitidos que não podem ou não querem assumir novos papéis digitais.
Eles podem se juntar às mídias digitais nativas, que, infelizmente, têm redações pequenas e salários e benefícios mais baixos.
Eles podem responder a uma demanda crescente de pequenas empresas por especialistas em marketing e publicidade para criar campanhas na mídia digital.
Nem tudo isso é uma ótima notícia, mas as tendências estão trabalhando em favor daqueles que podem preencher as mudanças nas descrições de cargos.
Para professores de jornalismo e diretores de organizações de mídia, a mensagem é a mesma ou similar em todos os países. Temos que nos perguntar se estamos fazendo tudo o que podemos para preparar a próxima geração de profissionais de comunicação. Precisamos de uma geração de profissionais com habilidades para fornecer informações e notícias de alta qualidade necessárias para uma democracia saudável.
Em um momento de mudanças rápidas e redução de recursos, precisamos encontrar formas de colaborar (mídia, universidades e todas as organizações e instituições que lhes proporcionem apoio financeiro) para garantir um futuro promissor para esses comunicadores e para o público que eles servem.
Este artigo foi publicado originalmente no News Entrepreneurs de James Breiner e é reproduzido na IJNet com permisssão. James Breiner é ex-bolsista Knight do ICFJ, tendo lançado e dirigido o Centro para o Jornalismo Digital na Universidade de Guadalajara. Visite seus sites News Entrepreneurs e Periodismo Emprendedor en Iberoamérica.
Imagem principal sob licença CC no White House Archives