Audrey Lebel recentemente se demitiu de sua redação, deixando um emprego em tempo integral para se tornar jornalista freelance em tempo integral. Embora ela soubesse que a posição seria um desafio, ela queria mais liberdade para se concentrar nas histórias que a interessavam. Ela descobriu, no entanto, que a vida de freelancer não era tão isoladora e competitiva quanto esperava.
Ao procurar um espaço de escritório compartilhado, encontrou algo melhor: uma equipe de freelancers que compartilhavam seus valores pessoais e jornalísticos.
Lebel se juntou a Judith Duportail, Cerise Sudry-Le Dé e Pauline Verduzier em seu novo jornalístico coletivo Journalopes, que pode ser traduzido para "Journo-bitches" (em inglês).
O coletivo não compartilha apenas um escritório em Paris, mas também valores de solidariedade, gentileza e comunidade, e trabalha em questões relacionadas aos direitos das mulheres e direitos humanos.
“É um estado mental compartilhado. É gentileza, irmandade, se ajudar, compartilhar contatos, dar conselhos [e] se apoiar quando um editor não respondeu, disse não a uma pauta ou quer mudanças numa matéria”, disse Lebel.
Nos últimos dois anos, novos membros chegaram, e a equipe agora consiste em seis mulheres, que Lebel considera um número prático para uma equipe que quer permanecer coesa e administrável. Duportail e Sudry-Le Dû se mudaram recentemente para Berlim e Istambul, respectivamente, mas a mídia social ajuda o grupo a permanecer intimamente conectado.
As jornalistas discutem o trabalho todos os dias em um grupo privado no Facebook e têm um grupo no WhatsApp onde misturam conversas pessoais e profissionais. Todos os meses, elas realizam uma reunião no Skype, onde conversam sobre seus trabalhos em andamento e ideias para futuros projetos.
Embora todas cubram direitos das mulheres, elas desenvolveram experiência em diferentes assuntos, incluindo mídia social, sexo ou direitos das mulheres em diferentes regiões do mundo.
Lebel diz que raramente há competição, e sempre que surge tensão, elas se comunicam imediatamente. Em vez de criar problemas, a identidade forte do coletivo permitiu que se tornassem mais conhecidas e promovessem o trabalho umas das outras por meio das contas de mídia social do grupo.
"Nós ganhamos visibilidade porque somos claramente identificadas, depois de dois anos, como um coletivo feminista e feminino cobrindo questões sociais relacionadas aos direitos das mulheres na França e no exterior", disse Lebel.
Enquanto as jornalistas se apoiam em meio a decepções e rejeições, elas também celebram os sucessos umas das outras, o que aumenta a confiança das integrantes da equipe. No ano passado, por exemplo, Lebel reportou da Ucrânia.
"Eu não acho que teria ido morar na Ucrânia sem o Journalopes", disse Lebel. "Elas provaram para mim que eu poderia fazer isso."
Enquanto na Ucrânia, Lebel disse que nunca se sentiu sozinha e se sente mais segura como resultado do coletivo. Sempre que uma integrante vai para uma zona de conflito, compartilha seus próprios números locais com o resto do grupo, assim como os de seu fotógrafo e colaborador.
“Compartilhanos nossa agenda [com o grupo], incluindo os dias e lugares onde planejamos estar”, disse Lebel. "É uma vantagem incrível."
Quando o Journalopes começou, suas integrantes tinham claro que não queriam ser amigas, mas sim colegas de trabalho, achando que misturar trabalho e amizade não seria eficiente ou produtivo. No entanto, através de suas experiências compartilhadas, elas se tornaram mais próximas e agora se consideram uma família. Durante a reunião mensal do Skype, elas falam sobre seu trabalho, mas geralmente acabam compartilhando suas notícias pessoais.
“Assim como em qualquer coletivo, redação ou equipe, há tensões, mas sabemos como lidar com elas”, disse Lebel. "Todas descobrimos o que queríamos [com o Journalopes] e foi uma grande força estarmos juntas."
Imagem sob licença CC no Unsplash via Mimi Thian