"Fazendo freelance no exterior" é uma série da IJNet que examina a vida de jornalistas que se mudaram para o exterior para fazer reportagem freelance. Leia a primeira parte sobre a mudança de Pesha Magid para Istambul e a segunda parte sobre a mudança de Laura Dixon.
Qian Sun saiu da China para a Alemanha em 2010. Ela inicialmente se mudou para estudar relações internacionais e aprender alemão, mas depois de se formar, a jornalista chinesa decidiu ficar e trabalhar no país.
Depois de vários estágios, ela veio para Berlim, onde trabalhou para a agência de vídeos Ruptly. Ela decidiu começar a trabalhar como freelancer no verão passado, quando viu um boom no mercado de notícias de vídeo na China e queria fazer menos planejamento de mídia e mais reportagens.
“Berlim é uma ótima cidade para ser freelancer”, disse ela. “Mesmo se você é novo, há diferentes espaços de trabalho, muitos cafés onde trabalhar e é possível fazer muito networking.”
Vários meses depois de começar a fazer freelance, Sun trabalha como correspondente da Phoenix TV, uma estação de televisão chinesa baseada em Hong Kong, produz vídeos para a plataforma de vídeo chinesa Pear Video e escreve matérias sobre tecnologia, refugiados e terrorismo na Europa para publicações chinesas e alemães.
Ela disse que, como há muito poucos jornalistas chineses na Alemanha, sua transição do trabalho regular para o freelancer foi tranquila, já que ela sempre encontra trabalho suficiente.
“Na maior parte do tempo, a mídia chinesa vem até mim me pedindo algo porque não tem jornalistas suficientes baseados fora da China”, disse ela.
Ela gerencia seu trabalho freelance com base em suas necessidades financeiras. Embora adore escrever, muitas vezes recebe menos para escrever do que para reportagens de TV e produção de vídeos. Como resultado, ela combina alguns artigos sobre tópicos que deseja explorar e envia a maioria de suas propostas para redes de televisão ou vídeo.
Ela cobre principalmente política europeia e políticas de migração para a televisão e produz matérias sociais ou culturais sobre a Alemanha para vídeos online.
Para Sun, manter-se conectada é fundamental para uma reportagem bem-sucedida. Ela assina boletins informativos de diferentes departamentos estaduais, incluindo o Ministério das Relações Exteriores e o gabinete do chanceler, bem como os de think tanks locais e da VAP, uma organização de jornalistas estrangeiros que organiza conferências de imprensa e briefings para seus membros.
Sun disse que jornalistas novos devem ser bem organizados e planejar suas entrevistas antes do tempo.
"O planejamento é muito importante aqui na Alemanha", alertou ela. “É muito difícil conseguir uma entrevista no mesmo dia, é relativamente raro. [Em vez disso] eles sempre lhe oferecerão uma consulta em uma semana e, se for uma emergência, ainda dirão amanhã ou depois de amanhã.”
Embora Sun fale alemão, ela disse que não é necessário quando se trata de relações internacionais, um campo no qual a maioria dos especialistas fala inglês.
"Quando uso o alemão, não recebo um e-mail muito mais rápido, então não acho que o idioma seja tão importante, a menos que você fale com pessoas que não falam inglês", disse ela.
Sun recomenda ir a eventos organizados pela Host Writer e HackPack, que são organizações de jornalismo baseadas em Berlim que podem ajudá-lo a se conectar e conhecer outros jornalistas freelancers.
Ela também notou que o custo de vida em Berlim aumentou nos últimos três anos e que encontrar um apartamento se tornou mais desafiador do que costumava ser. No entanto, os preços ainda são mais baixos do que em Paris, Londres, Frankfurt e até Munique, segundo ela.
Para cidadãos não europeus, ela aconselha a pesquisar a iniciativa de visto freelance da Alemanha.