Fora dos períodos específicos de representação, como os meses do Orgulho LGBTQIA ou da Consciência Negra, trabalhar como freelancer pode trazer desafios para profissionais que cobrem grupos historicamente marginalizados. Publicações podem não ter recursos para priorizar essas narrativas importantes em outras épocas do ano fora de seus orçamentos para matérias factuais.
Embora editores não tenham a intenção de excluir matérias sobre grupos marginalizados a maior parte do ano, os freelancers podem notar maior abertura a essas questões durante os meses de conscientização. Os veículos podem decidir aumentar essas pautas nos momentos em que esses temas são considerados mais notáveis.
Garantir a produção de reportagens sobre pessoas historicamente marginalizadas ao longo do ano requer uma abordagem multifacetada, que leva em consideração o potencial de engajamento da audiência e as prioridades editoriais dos veículos. Enquanto os veículos no mundo todo se esforçam para oferecer conteúdo que inclua e engaje suas audiências, profissionais de mídia se deparam com a oportunidade e o desafio simultâneos de enquadrar histórias de pessoas marginalizadas de formas únicas.
Se você sente que suas sugestões de pauta sobre o assunto estão sendo rejeitadas ao longo do ano, adotar uma nova abordagem no seu processo de sugestão pode ajudar!
A seguir estão três dicas para ajudar a aumentar suas chances de uma sugestão de pauta sobre pessoas historicamente marginalizadas ser bem-sucedida.
(1) Faça parte de bancos de dados de freelancers para catalogar veículos e suas necessidades
Trabalhar como freelancer muitas vezes pode dar a sensação de isolamento. Encontrar trabalho pode ser desafiador sem uma rede estabelecida e um conjunto regular de oportunidades.
Felizmente, repórteres freelancers criaram redes globais e bases de dados para se empoderarem como uma comunidade. Essas plataformas podem ajudar a divulgar pedidos de editores, oportunidades de trabalho e até fornecer notícias sobre o atual mercado de mídia, incluindo demissões recentes e veículos com práticas antiéticas. Ao manter-se em dia com essas bases de dados, freelancers podem catalogar veículos e suas necessidades específicas, o que inclui aqueles regularmente abertos a textos sobre comunidades marginalizadas. Algumas publicações, por exemplo a Vice e a Mic, podem ter seções inteiras de seus sites dedicadas à representação da diversidade, classificadas sob subtítulos como "Identidade".
Já que a maioria das bases de dados e redes cobram uma assinatura mensal ou anual, pode ser útil se informar se há cobranças em escala variável. Algumas redes oferecem descontos ou assinaturas gratuitas para profissionais de diferentes etnias ou de outros grupos marginalizados.
Uma base de dados popular que também tem uma newsletter é a Opportunities of the Week, de Sonia Weiser, que compartilha oportunidades de trabalho para jornalistas bem como chamadas abertas para envio de pautas. Por US$ 48/ano ou US$ 4/mês, jornalistas recebem alertas de oportunidades, o que inclui chamadas para matérias sobre grupos marginalizados junto com detalhes de contato dos editores. Para quem tiver dificuldade para pagar a assinatura, Weiser explica: "se você não consegue arcar com esse valor, pague o que puder. Se você pode arcar com mais e gostaria de pagar mais, tudo bem também. Não é preciso pedir permissão para pagar mais/menos do que o valor sugerido."
Outra rede usada por profissionais de mídia no mundo todo é a Study Hall. Como ela é repleta de guias para sugerir pautas, tutoriais e oportunidades para sugerir matérias, jornalistas podem ficar sempre em dia com os veículos que estão priorizando reportagens sobre comunidades diversas. Se por um lado o acesso completo à Study Hall pode ficar caro com o passar do tempo devido ao custo da assinatura no valor de US$ 17 por mês ou US$ 170 por ano, por outro há um desconto significativo disponível para profissionais de mídia de etnias diversas, que são encorajados a pagar uma assinatura de US$ 4 por mês.
(2) Use as redes sociais e hashtags
Muitas redes de freelancers, como a newsletter de Weiser, coleta muitas de suas oportunidades no Twitter e em outras redes sociais. Como frequentemente trabalham sob pressão do tempo, muitos editores recorrem às redes sociais para postar pedidos urgentes de sugestões de pauta. Ao digitar na busca palavras como "sugestões de pauta freelancers negros", as redes sociais podem fornecer um conjunto amplo tanto de oportunidades de momento quanto perenes.
As redes sociais também permitem que profissionais de mídia fiquem de olho em assuntos quentes, compartilhem artigos para turbinar o engajamento e se mantenham conectados com outras pessoas da área. É importante que jornalistas sejam profissionais nas redes sociais e prestem atenção aos detalhes de postagens específicas. Alguns editores podem responder a sugestões de pauta somente por email ou pela página de sugestões do veículo, enquanto outros podem estimular os repórteres a mandar uma mensagem direta. Esses protocolos variam conforme a pessoa.
(3) Adote um ângulo de jornalismo de soluções
Os veículos estão sempre em busca de matérias significativas que possam engajar suas audiências, fornecer ideias e fazer os leitores se sentirem incluídos. "Com fadiga de notícias ruins, algumas pessoas não estão acompanhando o noticiário e não têm mais confiança na capacidade da mídia de refletir a realidade de suas vidas ou os interesses de suas comunidades", explica o Solutions Journalism Learning Lab. "O jornalismo de soluções oferece a oportunidade de mudar essa dinâmica."
Ao criar matérias que refletem melhor uma comunidade como um todo, os problemas que ela enfrenta e as respostas aos seus problemas, jornalistas podem estimular discussões construtivas sobre comunidades marginalizadas que despertam o interesse da audiência. Dessa forma, explica o Learning Lab, há uma interação orgânica e poderosa entre reportagem de soluções, audiência e engajamento da comunidade.
Enfatizar para os editores a abordagem do jornalismo de soluções que você planeja adotar em uma pauta sobre um grupo marginalizado pode acrescentar dinamismo à sua matéria de modo a torná-la ainda mais perene e com apelo para o público e os veículos, que anteriormente podem não ter priorizado o engajamento com o grupo em questão.
Essa também é uma ótima ferramenta para ajudar profissionais de mídia a destacarem soluções inovadoras adotadas por pessoas de grupos marginalizados, humanizando-as e empoderando-as na representação, em vez de somente focar nos desafios que elas enfrentam. Consequentemente, adotar a perspectiva do jornalismo de soluções pode ampliar ao mesmo tempo suas chances de ter a pauta aceita e a qualidade da sua representação de pessoas de comunidades historicamente marginalizadas.
Ao ampliar o seu conjunto de recursos, prestar atenção ao seu redor e considerar ângulos únicos, não é uma missão impossível conseguir fechar uma pauta sobre grupos marginalizados. A audiência almeja conteúdo que reflita a diversidade das comunidades que os veículos buscam servir – e eles certamente vão satisfazer essa oferta e demanda daqui para frente.